Capítulo 39

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MARIA EDUARDA.

Saímos da casa de praia na madrugada do dia 2, pois a pista estaria livre. Rafael dirigia tranquilo,  ouvíamos música baixinho e eu cheguei a cochilar uma vez.

- Chegamos, amor. - ouvi Rafael falar perto do meu ouvido quando meus olhos estavam fechados e eu queria ser acordada assim todos os dias. Me levantei e espreguicei no banco. - Vou tirar as coisas da mala, pode ir entrando. Eu vou precisar sair dois minutos pra ver como estão as coisas com Cauê. Mas daqui a pouco eu volto.

- Tudo bem, eu vou dormir mais um pouco. - ele assentiu e eu entrei e fui direto pro quarto.

Mas parei assim que vi a porta entreaberta, eu tinha certeza que tinha deixado tudo fechado porque conferi antes de sair. Ninguém poderia ter entrado porque a porta tava fechada.

- Rafael? - chamei ele mas percebi que ele deixou as malas na sala e já tinha saído pra encontrar Cauê.

Tomei coragem e entrei no quarto devagar, morrendo de medo.

- Oi, Eduarda. - me assustei com a voz grossa e desconhecida, vindo da direção da poltrona no canto do quarto. - Eu tava te esperando desde ontem aqui. A casa do seu namorado é muito bonita.

O quarto ainda estava escuro, por isso só conseguia ver a silhueta do homem alto sentado na poltrona. Vi que ele levantou e ouvi o barulho dele engatilhando uma arma. Arregalei os olhos e fui andando pra trás em passos lentos, conforme ele andava na minha direção.

- Se você tentar correr, eu atiro sem dó. - ele andou mais rápido e parou na minha frente. - E se tentar alguma gracinha, a cabeça do teu namorado tá em jogo também. Então se eu fosse você, eu ouvia e obedecia cada palavra que eu disser. Tá entendendo? - assenti rápido com medo e ele chegou ainda mais perto de mim e passou a mão pelo meu rosto.

Consegui ver seu rosto e ele tinha a pele parda, os cabelos escuros e olhos escuros também, tinham algumas cicatrizes pequenas pelo seu rosto. E seu pescoço era preenchido por tatuagens. Ele era medonho, qualquer pessoa que o visse sentiria medo.

- O que você quer? Quem é você? - perguntei e ele riu sarcástico.

- Quem eu sou é irrelevante, você não precisa saber. Mas eu quero acabar com a vida do teu namorado e você é o meio pro fim que eu quero. - eu neguei com a cabeça. - Você vai comigo pro meu carro, caladinha. Vai colocar essa roupa aqui. - ele me estendeu um casaco de moletom com capuz. - E se eu souber que você fez qualquer gracinha, você já sabe o que vai acontecer.

- Eu não vou com voc...

- Maria, Maria... - ele me rondou e negou com a cabeça. - Você não sabe quem eu sou, mas deveria ter medo do que eu posso fazer. Para de relutar e vem logo, coloca essa porra.

Ele jogou o moletom e eu me segurava pra não chorar. Fiz o que ele mandou e ele começou a caminhar pela casa em direção á saída, discretamente mandei uma mensagem pra Rafa rápido e guardei o celular de novo.

- Bota o capuz e sai na calada. A rua tá deserta então você vai sair e vai direto pro carro do meu lado, sem dar um piu. - ele pegou no meu braço e saímos de casa. Por ser muito cedo, a rua não tinha uma viva alma. Nem os comércios estavam abertos.

- Pra onde você tá me levando? - perguntei vendo que ele tava me puxando pro final da rua onde tinha uma área de mata.

- Cala a boca, porra. - ele falou baixo. E eu obedeci ainda andando rápido enquanto ele olhava tudo ao redor.

De longe vi um carro preto com insulfilme escuro, ele destravou o as portas e abriu a de trás me dando espaço pra entrar. Logo ele entrou também no banco do motorista.

- Por favor, não faz nada comigo. - choraminguei.

- Já mandei ficar quieta, tô te levando pra alguém que tá doido pra te ver. Temos novidades pra você.

Fiquei quieta memorizando os locais que passávamos e ao mesmo tempo tentando pensar quem quer me ver.

Cerca de meia hora depois, ele estacionou na frente de uma casa grande, tinha muitas árvores em volta e dois seguranças na frente da porta, já estava amanhecendo, e esse foi o máximo que eu consegui. Observei bem o local antes de ele abrir a porta e puxar meu braço pra que eu saísse.

- Bora, porra. Sai logo do carro.

Ele foi me puxando enquanto eu somente deixava que ele me levasse, não adiantaria relutar, seria pior e ele deixou isso bem claro.

- Fala, chefe. - um dos seguranças cumprimentou ele e ele só balançou a cabeça. A porta se abriu e nós entramos dando de cara com meu pai sentado num sofá branco e grande de frente pra porta.

- Finalmente, Rei. Achei que ia ficar mais uma semana pra lá. - meu pai falou e eu estava com meus olhos arregalados. Eu só queria sair daqui, só queria distância dele e de qualquer um desses outros homens. - Era a peça que faltava pra nossa reunião.

- Você é doente. - olhei bem no olho do meu pai e falei cheia de ódio. - Porque tá fazendo isso? Você é louco!

- É bom te ver também, filha. Vem pra reunião com a gente, você vai se interessar na conversa. - ele sorriu irônico, se levantou e me deu as costas.

Neguei com a cabeça sem entender o que estava acontecendo, mas por medo eu fui atrás deles que andavam pra uma outra parte da casa.

- Essa reunião alguns já sabem o motivo, mas como a Maria Eduarda é nova aqui eu vou explicar novamente. - meu pai começou a falar quando eu cheguei numa sala de reuniões improvisada e eles já estavam ao redor da mesa. - Essa é Maria Eduarda, minha filha, e começou a se envolver com Rafael Dias, um inimigo em comum de todos nós. Nossa intenção é atingir Rafael de todas as formas possíveis, a gente precisa fazer ele sofrer de pouco em pouco, parcelado até morrer.

Dei uma risada tentando me convencer de que aquilo não era sério.

- Do que está rindo. - meu pai perguntou.

- De você fingindo que se importa quando na verdade quer que eu me foda também, qual é seu plano pra atingir Rafael? Me bater? Por que isso você já fazia e nunca funcionou.

- Não vou te bater, vou fazer pior, como prometi há meses atrás. Quero que Rafael veja você sofrendo, morrendo e pedindo ajuda, sem ele poder fazer nada, quero que ele se sinta pequeno, impotente e incapaz. E depois eu vou atrás daqueles dois amigos dele, faço a mesma coisa, até ele não aguentar mais, até ele perceber que toda desgraça que acontece na vida dele é culpa somente dele e de mais ninguém. - ele falou carregado de ódio.

O CHEFE DO TRÁFICO [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora