Solitude

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Após deixar Connor em casa, decido que é hora de ir também. Ava parece muito feliz com hoje, ela não parou de falar o caminho todo. Chegamos às 20h00, e a minha mãe estava na sala com um livro na mão. Assim que ela percebe a nossa presença, ela coloca o marcador de páginas e fecha o livro, se vira para uma Ava saltitante e a abraça. Esse abraço deve ser muito quentinho e acolhedor. Eu queria um abraço desses, quando eu era pequena.

__ Como foi o dia de vocês? A Chloe foi gentil com você? __ ela fala, como se a garota tivesse quatro anos. Pelor amor de Deus, Amelia.

__ Sim, a gente se divertiu muito! E o Connor é um garoto muito gentil! __ ela fala, em um tom bem animado e descontraído. Minha mãe sorri para mim. Ava continua a falar sobre o nosso dia.

Não quero ficar aqui olhando essa interação de mãe e filha. Levanto do sofá e subo para o meu quarto. Preciso decorar isso aqui. Após um banho bem relaxante, decido ligar para a minha tia. Tenho que saber se ela não colocou fogo na nossa casa. Após chamar várias vezes, ela atende o telefone.

__ Oi querida, como vão às coisas aí? Desculpe não te ligado antes, queria dar espaço para você. __ ela me conhece mesmo. Acho que ela está dirigindo, eu posso ouvir o vento forte enquanto ela fala.

__ Tudo tranquilo, tia. Eu fiz um novo amigo, um inimigo e uma possível crush. Bate o meu recorde de merdas feitas __ ela respira fundo e tenta se controlar. __ Você bateu em quem, Chloe? __ ela me conhece tão bem! Amo isso nela.

__ Só no filho do prefeito. __ ela vai surtar, posso ver ela vermelha enquanto grita comigo.

__ VOCÊ O QUÊ? QUAL É O SEU PROBLEMA? ESTÁ TENTADO FICAR PRESA PARA O RESTO DA VIDA, CHLOE? __ não exagere, tia. Tá tudo sobre controle.

__ Eu te amo e estou com saudades, mas agora eu tenho que descer para o jantar. Não surte, a vida é muito curta para isso. __ antes que ela pudesse gritar mais um pouco, eu desligo a ligação.

Assim que chego a sala de jantar, Taylor vem me servir. É estranho, não tenho costume de ninguém ficar colocando o que eu vou comer. Isso é para gente rica.

__ Vamos a um jantar amanhã, na casa dos Campbel. Você vai pedir desculpas ao Logan. __ acho que ela tá bêbada, não, ela tá louca.

__ Vamos uma ova. Não vou pedir desculpas para ele. Quero que ele vá para o inferno. __ ela para de cortar a carne e levanta os olhos para mim. Droga, acho que deu ruim. Oliver tenta pegar na mão dela, mas ela não deixa.

__ E quem disse que isso foi um convite? Você vai colocar um vestido, se é que você tem um, e vamos lá. Você vai colocar um sorriso nesse rostinho perfeito, que eu fiz e vai ser gentil. Fim da conversa. __ dito isso, ela volta a cortar a carne e comer. Ela falou tudo isso em um tom autoritário. Acho que não tenho escolha.

Após o jantar, Oliver nos chama para assistir alguma coisa. Não quero bancar a família perfeita com vocês. Dou as costas e subo para o meu quarto, me jogo na cama e pego o celular. Resolvo olhar as minhas redes sociais, talvez tenha algo de interessante lá. Após curtir, compartilhar e rir com video-os de gatinhos, eu sem querer acho o perfil da ruivinha. Resolvo dar uma olhada. Descubro várias coisas, ela gosta de fotografias de paisagens, gosta de gatos, é nerd, gosta de filmes de heróis e romances. E é namorada do imbecil do Logan. Que maravilha não? Um clichê e tanto. Ou foi o destino, ou o universo que conspira contra mim. Mas sem querer eu curti uma foto antiga dela. Descurto muito rápido, mas não importa, a merda já foi feita.

Tá cada dia melhor a minha vida. Tem como piorar? Claro que tem! Eu sempre fui um desastre, uma pessoa deslocada, uma pessoa que alto se sabota. Que sempre reclama da solidão, mas não procura resolver isso. Quando eu era pequena, eu sempre sentava sozinha no almoço, a garota que sofria bullying, a garota que não tinha uma mãe, a garota com problemas em controlar a raiva. Sempre um vazio, um espaço em branco, nada preenchia, nenhuma bebida, nenhuma droga, nem garotos ou garotas. Nada! Sinto a falta dele, queria que ele não tivesse feito isso, ou que deixasse uma carta, um áudio, qualquer coisa que pode-se fazer sentido. Após chorar muito, deixo o sono me levar, talvez eu tenha um sonho bom.

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