Capítulo 21

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***MAITE***

     De mãos dadas com Anahí em volta de Lia, dormimos admirando Lia que dormia tranquilamente entre a gente.  Anahí nos olhava com tanto amor que naquele momento não tive dúvidas de que realmente éramos uma família. 

      Porém acordei no meio da noite em um susto.  Olhei para a Lia e me dei conta que Anahí só trouxe a minha filha, mas ela não pegou a bolsa com todos os pertences dela. Engoli seco em pensar que logo precisaria da mamadeira, fórmula, fraldas e tudo mais que a minha filha precisava. Tudo isso estava no quarto de Andrés. 

     Uma sensação de urgência me impulsionou a sair do quarto silenciosamente, tentando não fazer barulho que pudesse acordar nem ela e nem a Anahí. Pisquei várias vezes até conseguir me situar no quarto escuro e me  levantei com cuidado para não acordar ninguém.

      Ao chegar à porta de Andrés, com mãos cuidadosas, abri a porta lentamente, tentando minimizar o rangido. O quarto estava em silêncio, e ele estava deitado, de olhos fechados.

    Avistei a bolsa no canto do quarto e me aproximou com cautela.Comecei a procurar silenciosamente pela mamadeira e a fórmula, só para conferir se estava lá dentro assim como os outros itens. 

    — Maite?

     A voz de Andrés soou, quebrando o silêncio da noite. Ele já estava de pé, indo em minha direção a ela. 

    — Desculpa. Eu te acordei? — perguntei em tom de desculpas em minha voz.

   — Eu nem dormi. Não consegui dormir sem vocês aqui no quarto. — Andrés respondeu, revelando um toque de vulnerabilidade em seus olhos.

   Mesmo na penumbra, pude perceber o olhar abatido de Andrés. Um suspiro escapou de meus lábios enquanto eu me dirigia até ele, minha mão encontrando seu rosto. Era como se pudesse sentir o peso das preocupações em seu olhar.

     Suavemente, ele segurou minha cintura, seus dedos apertando levemente, e então nos aproximamos para um beijo que foi inevitável não corresponder. Seus lábios encontraram os meus em um gesto que transcendia palavras, carregado de emoções que não precisavam ser ditas naquele momento.

    O beijo parecia um refúgio, uma fuga temporária de tudo que estava acontecendo entre nós. Pude perceber que seu coração estava acelerado, porém o toque suave de seus lábios nos meus mostrava ser  reconfortante e, aos poucos, ele se acalmava.  como se dissolvesse as preocupações e criasse uma conexão única entre nós. 

   Nós nos separamos do beijo, e Andrés olhou para mim com uma expressão sincera.

 — Dormir sem você já era muito difícil, mas a ideia de a Lia estar junto comigo me acalmava de alguma maneira. Assim que a Anahí veio aqui e levou a nossa filha, eu me senti muito mal — ele confessou, revelando uma vulnerabilidade que raramente deixava transparecer.

     Compreendi a angústia em seu olhar e apertei suavemente sua mão, transmitindo meu apoio silencioso. Era evidente que tudo isso mexia profundamente com ele.

   — Eu sei, amor. Eu entendo porque também não consegui dormir sem a nossa filha. Por isso...  — eu ia continuar explicando que eu que ia buscá-la, mas talvez fosse pior. — pedi para a Any vir aqui buscar. — Tentei reconfortá-lo, enquanto acariciava seu rosto.

   Andrés assentiu, mas a preocupação persistia em seus olhos. 

  — É... você estava cansada...  — ele disse com pesar e eu entendi exatamente o que ele quis dizer. 

     Fiquei chateada com a Any nesse momento, não queria que ela provocasse o Andrés, já que já era uma situação muito delicada.    

     — Quando a gente tem filha pequena, quando vê uma cama já fica louca para dormir.  — dei uma leve risada e consegui que ele esboçasse um sorriso.

    Dei mais um beijo em seus lábios e acariciei seu rosto.

    — Com o tempo a gente se acostuma. E pode ficar tranquilo que essa noite eu venho dormir aqui... Eu e a Lia.

    Ele sorriu e me deu mais um beijo, me apertando em seu abraço.

   — Eu te amo!  — ele disse.

    — eu também te amo!  — sorri.

       Dei mais um beijo em seus lábios antes de sair dos seus braços com a bolsa da Lia. Esperava que assim ele pelo menos pudesse dormir bem.   

      Voltei para o quarto, mergulhada em pensamentos sobre as palavras de Anahí para Andrés. Uma sensação de raiva começou a borbulhar dentro de mim, alimentada pela confusão sobre o motivo de ela ter dito algo que claramente afetou Andrés.

      Quando cheguei ao quarto que eu estava com Anahí, deparei-me com uma cena que instantaneamente desfez a raiva que pulsava em mim. Ela estava sentada com Lia nos braços, enquanto minha bebê estava chorando. A preocupação e ternura se misturavam em seu olhar enquanto tentava acalmar nossa filha.

     — O que aconteceu? Por que Lia está chorando? — perguntei, minha voz ecoando uma mistura de preocupação e curiosidade.

     Anahí ergueu os olhos para mim sem sorrir. Lia, por sua vez, olhou para mim com seus olhinhos lacrimejantes, como se buscasse conforto.

    — Ela estava com saudades de você. Tentei distraí-la, mas parece que queria a mamãe. — Anahí me explicou.

    Sem hesitar, aproximei-me e peguei Lia nos braços, sentando-me do lado de Anahí. Instantaneamente, ela se acalmou ao sentir a familiaridade da minha presença. Troquei um olhar de gratidão com Anahí, reconhecendo o esforço dela em acalmar nossa filha.

    — Obrigada, Any. Pensei que ela estivesse com fome ou que fosse a fralda que precisava ser trocada. 

    — Pelo visto era só saudades da mamãe... Assim como eu.

    Anahí me encarou com aqueles olhos azuis que eu era tão apaixonada. Segurei seu rosto e dei um beijo em seus lábios.

    — Fui buscar a bolsa da Lia que tem justamente a mamadeira e as fraldas. Eu esqueci de pedir que você pegasse. Acordei em um susto e achei melhor ir lá pegar antes que ela realmente precisasse. 

    — Pensei que tinha ido procurar o Andrés.

    Dei um suspiro e olhei para ela.

    — Any... O que você disse para ele?

    — Eu?  Eu não disse nada! — Anahí franziu a testa me olhando. — Ele insinuou que eu disse alguma coisa? 

    — Só que você foi buscar a Lia porque eu estava cansada e eu entendi o que ele quis dizer com isso. Você falou em tom de ironia para provocá-lo?  — perguntei porque conhecia bem o seu jeito.

  — Claro que não, Mai! — ela disse irritada. 

  Continuei olhando para ela, esperando uma resposta. Porém, ela fechou a cara mais ainda. 

   — Mai, eu não falei absolutamente nada para ele. E, olha, era essa era a nossa noite juntas. Você não tinha nada que ir lá no quarto do Andrés pegar a bolsa. Você podia muito bem me acordar que eu ia lá pra você! — falava em tom raivoso. — Eu acordei com o choro da Lia e me assustei quando vi que você não estava. Eu só não fui atrás de você porque eu tinha que acalmar a Lia. Porque minha vontade era ir lá e pegar vocês no flagra. Porque eu tenho certeza que iria encontrar vocês se beijando.

    Protegi a Lia em meus braços como se quisesse evitar a raiva que a Anahí depositava em sua palavras. 

  — Any... Ele é meu marido!

 — Mas essa é a nossa noite juntas! — ela disse com mais raiva ainda e seus olhos encheram de lágrimas. 

   Ela se levantou e foi para o banheiro, batendo a porta. O barulho fez a Lia chorar novamente.  

   

O casamento da minha melhor Amiga - PortirroniOnde histórias criam vida. Descubra agora