Mesmo com toda a correria da vida agitada, uma amizade verdadeira consegue se manter viva no coração de cada uma.
Porém, um amor escondido cercado de medos e arrependimentos não permite que possam viver da maneira que gostariam: pular as barreiras...
A discussão com Anahí deixou uma tensão no ar. As palavras trocadas ecoavam em minha mente, e a raiva ainda pulsava em ambos os lados.
O estrondo da porta fez Lia chorar e, antes de qualquer coisa, eu precisava acalmá-la.
— Está tudo bem, meu amor. Vai ficar tudo bem. — Eu sussurrava para Lia, segurando-a nos braços, enquanto tentava afastar as lágrimas que começavam a se acumular em seus olhinhos.
Enquanto isso, do lado de fora do banheiro, o silêncio pesado pairava, ecoando a intensidade da discussão. Respirando fundo, tentei reunir a paciência necessária para lidar com a situação, sabendo que nossa situação era muito delicada.
Respirei fundo antes de falar com Anahí, consciente de que precisávamos esclarecer as coisas. Batendo levemente na porta do banheiro, escolhi minhas palavras com cuidado.
— Any, posso entrar?
Junto a mim, Lia ainda soluçava suavemente. O silêncio de Anahí persistiu por um momento antes de ela finalmente responder.
— Entre.
Ao entrar, deparei-me com Anahí encarando o reflexo no espelho, as expressões raivosas da discussão ainda estampadas em seu rosto.
— Temos que conversar. Eu sei que as coisas ficaram intensas, mas precisamos entender uma a outra. Essas discussões não fazem bem para nenhum de nós, muito menos para a Lia. Ela não merece isso.
Anahí desviou o olhar para mim, seus olhos refletindo uma mistura de frustração e arrependimento.
— Eu sei, Mai. Não era minha intenção assustar a Lia. Só... às vezes as coisas ficam fora de controle.
Eu me aproximei dela e segurei a sua mão.
— Entendo, Any. Todos nós temos nossos momentos difíceis. Mas precisamos encontrar uma maneira de lidar com eles sem que nos afete, especialmente a Lia. E você sabe, tudo é novo para todos nós.
— Sim, — ela suspirou. — desculpa, Mai. problema é que eu não soube lidar com o ciúmes. Quando acordei e não te vi na cama, eu tive a certeza de que você foi procurar o Andrés. Isso me doeu muito.
— E você pode imaginar que está doendo para ele também saber que eu passei a noite inteira ao seu lado.
— Sim, eu vi no rosto dele que ele estava chateado com a situação. E, Mai, eu quero que você acredite em mim, eu não disse absolutamente nada de forma irônica. Eu só quis justificar para ele que eu havia ido no seu lugar simplesmente porque você estava cansada. Mas cansada porque você é mãe, acabou de ter uma bebê. Não quis insinuar outra coisa. Ele que interpretou desse jeito.
Dei um sorriso fraco por também compartilhar do mesmo erro.
— Eu também te peço desculpas.
Anahí olhou para Lia que a observava e segurou o seu rostinho para beijá-la.
— Desculpa, amor. Sua mãe Any estava nervosa. Nunca mais eu assusto o meu bebê, tá bom? — disse em tom carinhoso.
— Tá bom, mamãe! — falei com voz infantilizada.
Anahí sorriu e me admirou por alguns instantes.
—Eu te amo. Desculpa por eu ser tão boba!
— Lógico que eu te desculpo meu amor. — disse com a voz normal. — E lembre-se, o Andrés é o meu marido, mas você é a minha namorada. Não esquece disso!
— Pode deixar! — Anahí riu.
— Agora, só vou dar a mamadeira da Lia e fazê-la dormir.
— Vamos. — Anahí respondeu.
Depois de Lía dormir, nós também dormimos novamente, abraçadas com nossa bebê. No outro dia, Anahí prometeu que iria se esforçar para não entrar mais em nenhum conflito com Andrés e muito menos comigo.
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Naquela noite, ao encerrarmos o show, Anahí ficou abraçada comigo, até que Andrés chegou e nos encontrou juntas.
— Vamos, Mai? — Andrés disse um pouco sem graça.
— Sim, sim. Vamos.
Dei um selinho rápido em Anahí e a soltei, porém ela não se soltou de mim.
— Andrés, vamos formar um trisal? Dormimos nós três juntos essa noite.
Não pude deixar de ir e dar um "tapinha carinhoso" na cabeça de Anahí.
— Claro que não, amor.
— Prometo que não encosto no Andrés! — Anahí disse com urgência.
— Não. Eu não faria isso. — Andrés disse sério. — Também em respeito ao Velasco.
— Ah... — Anahí suspirou desanimada. — Então posso pelo menos cuidar da Lia? Para vocês ficarem mais a vontade...
Eu olhei para Anahí e entendi o que ela queria fazer. Queria apenas arrumar uma desculpa para que eu fosse buscar a Lía no meio da noite.
— Tudo bem. — Andrés respondeu. — É melhor a Lia não ficar junto...
Anahí engoliu seco só de imaginar nós dois juntos naquela noite.
