treze

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Depois de ontem, eu só fiquei pensando em como eu vou me sentir quando terminar o ensino médio. É bem chato às vezes por causa dos estudos que são puxados, mas as amizades são tão incríveis que irão fazer falta.

Agora eu estou me arrumando para ir para a escola. Nada animada, mas eu não tenho escolha. Termino de arrumar meu cabelo e fecho a porta do meu quarto, descendo a escada. Encontro minha mãe terminando de se arrumar também.

— Bom dia mãe... — Digo pegando alguns morangos para comer.

— Bom dia, Leonor. — Ela pega sua bolsa e parece procurar algo.

— E a Isabela? — Dou uma mordida no morango e procuro ela com os olhos.

— Não sei. Ainda está dormindo? — Ela bufa — Sua irmã precisa começar a correr atrás da própria carreira!

— Eu sei mãe... Mas ela não quer agora. — Me sento em um dos banquinhos e me apoio na arquibancada.

— Ela nem se quer fez o ENEM. Apenas para se esforçar e começar quando quiser. Fico preocupada.

— Talvez ela...Esteja se preparando? Ah, não sei. — Explico tentando acalma-lá. Mas eu sei que Isabela deve nem se quer lembrar do nome "ENEM".

— Esquece. Não quero ir para o trabalho de cabeça quente. — Se aproximou de mim me dando um beijo na testa — Tchau, até mais tarde filha e vá para escola, pelo amor de Deus! — dei uma risada e acenei para ela enquanto a mesma fechava a porta.

Terminei de comer alguns morangos e fui arrumar minha mochila. E só depois de alguns minutos vejo Isabela descer a escada, ainda com seu pijama. É, eu acho que ela não está se preparando não...

— Bom dia Isabela. — Digo enquanto dou um sorriso pequeno. Mas logo lembro que é a minha irmã e não alguém como Morgan ou meus amigos. E de manhã, o humor ruim sempre predomina.

— Só se for para você. — Se espreguiçou.

— Só estou lhe desejando um bom dia. — Coloco minha mochila nas costas.

— Mas eu não pedi seu "bom dia". Já está enchendo meu saco em plena manhã? — Eu simplesmente tinha dito algumas palavras. Ela está fora do normal.

— Eu só disse duas palavras! — Falei sem entender o porque de eu ter deixado ela assim.

— E já consegue irritar alguém. Você é irritante. — Ela anda até a cozinha. Eu sigo ela também. Me coloco ao lado dela.

— Eu não fiz nada! Você não acha que você que é insuportável? — Cruzei meus braços encarando-a.

— Garota não enche! Você que é sem noção mesmo.

Fui mais ousada.

— Diferente de você, eu tenho educação, nossa mãe deu essa educação para as duas, mas você não coloca em prática!

— Lembre-se que a mamãe não está aqui para te defender, garota! — Ela aumentou o tom de voz — Muito menos o papai. — Riu. Ela parece nem se importar, o meu pai é também o pai dela!

— Não fala do nosso pai! — E aí eu já começo a me sentir indefesa. O assunto sobre a morte do meu pai é extremamente sensível para mim. Mas ela faz isso de propósito.

— Ah, falo sim! Não adianta começar com seus choros, tá? O papai não vai estar aqui para te abraçar, nem te responder e muito menos te defender! Ele morreu! — Sempre que ela fala isso as palavras ecoam na cabeça, meu coração acelera e meus olhos começam a ficar marejados.

— Cala a boca! — Digo tentando não demonstrar nada. Porque ela parece sastifeita quando eu demonstro.

— Não. Você não manda em mim e nunca vai conseguir se impor diante de mim.l. — Cruzou os braços rindo. — Vai, chora e começa a ficar com falta de ar, mamãe e papai...Ops, o morto, não estão aqui. O papai nunca iria se orgulhar de você, além disso, suas notas caíram muito, só agora que você está melhorzinha, certo? Ele não ficaria muito feliz. — Ela é muito ruim. Uma pessoa ruim. Porque ela sabe que quando tocam nesse assunto, eu fico mal.

Com amor, Vitor Guttiz.Onde histórias criam vida. Descubra agora