vinte e quatro.

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— Sua transferência vai ser amanhã... Aproveite e conheça pessoas novas. — Escola nova com menos de duas semanas para as aulas acabarem. Será que Isabela conseguiu manipular minha mãe de uma forma que deixou ela tão cega assim? Não faz sentido. Essa escola que eu vou não tem nenhum tipo de universidade embutida nela. E depois desse ano, eu tenho que procurar fazer ENEM e simplesmente começar a me formar.

— Para que eu saia depois de uma semana e pouco? — Falei rodando a colher na xícara de chá que eu havia feito.

,— Em menos de uma semana você vai conseguir esquecer o Vitor e...Você e sua irmã vou voltar a ser como antes.

— Antes? O que você quer dizer? — Perguntei tentando me lembrar do que ela de referia, porque até então, minha irmã só me olha com desdém e nunca quer falar comigo como irmãs que se amam. Se é que ela me ama.

— Sim, voltarem a ter uma relação boa! — Dei uma risada. — Rindo de que?

Rodeei meus olhos pela casa sem acreditar no que ela diz. De repente, ela estava sempre do meu lado e agora ela faz de tudo para não machucar Isabela. Eu acho que aquilo foi só um surto para fazer que talvez me ama igual ama a Isabela.

— Tá falando sério? Eu e Isabela só tínhamos uma relação boa quando criança, depois que ela fez seus dez anos ela já se tornou soberba, ignorante e foi assim até hoje. E só piorou quando começou a ter namorados. Sempre me diminuiu na frente de todos eles.

— Eu... — Ela sabe que é verdade, por isso não sabe o que responder.

— A senhora sabe que é verdade. Mas tá, os preferidos sempre ganham.

— Eu não tenho filha preferida. Esquece isso! — Ela me repreendeu e preferi não alongar esse assunto chato.

— Imagine se tivesse... — Murmurei, deixei escapar sem querer.

— E então, os materiais novos do colégio você pega lá mesmo. Se comporte e não vire uma badgirl, como os jovens dizem.

Não respondi ela, continuei bebendo o chá. Não dava para acreditar que ela está me fazendo mudar de escola simplesmente porque eu gosto de alguém. Era melhor se eu e Vitor não tivéssemos nos conhecidos e ele nunca tivesse visto algo de legal em mim. Porque sentir essa dor psicólogica mata aos poucos.

Amanhã começa meu primeiro dia de aula na nova escola e sinceramente, eu tenho vontade de fazer de tudo para ser expulsa lá. Talvez a personalidade de garotas ruins de livros de romance tenham me encontrado. E essas nem são as minhas favoritas dos livros.

Demorei um tanto para pegar no sono, até porque eu só conseguia pensar em como iria me sair na escola nova. Meus amigos...Pessoas novas...Não sei se irão me julgar ou me acolher. Eu espero que seja a segunda opção. Pela manhã, me arrumei rápido e nem fiz questão de esperar minha mãe acordar. Embarquei no ônibus e parei no ponto correto, a escola era gigante e bonita, eu não poderia negar, até melhor que a minha antiga...Mas eu faria de tudo para ficar com meus amigos na pior escola que existisse. A solidão é horrível. Eu gosto somente da solitude. Quão diferentes são.

Entro na escola apertando as alças da minha mochila e olho em volta, me perguntando o porque dos alunos estarem tão...Agitados. O uniforme é até que...Legal mas ao mesmo tempo estranho. Parece um colégio internacional, saia curta — não tão vulgar —, uma gravata que combina com meninas, uniforme branco e azul... E... Meias longas. O pior de tudo, eu só uso calça cumprida, não é meu forte deixar minhas pernas sem algum tipo de tecido tampando-as.

Me sinto desconfortável, mas tenho que experimentar outras coisas...São só cinco horas nessa escola, relaxa Leonor! Passo meus olhos por todos os corredores e sinto que reconheci alguém, procuro novamente por essa tal pessoa e vejo quem era.

Com amor, Vitor Guttiz.Onde histórias criam vida. Descubra agora