nove

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Eu realmente queria não existir nesse momento. Como as coisas podem ter uma reviravolta assim? Vitor está simplesmente dizendo que gosta de mim?

— Vitor! — Me levantei no impulso — Nunca mais fala comigo, simplesmente finge que eu não existo, por favor. — Falei mostrando firmeza no que eu queria, mas eu acho que só saiu desespero. Eu estou desesperada, o que todos iriam pensar? E eu? Eu nem sei o que eu sinto.

— Nunca mais falar com você? — Ele também se levantou, falando sem acreditar.

— É! Eu tenho certeza que é uma fase...Tem que ser. Vitor, finge que nunca me conheceu. — Analisei o rosto dele pela última vez, porque eu realmente iria cortar contato com ele.

— Leonor... — Tentou me falar algo, mas eu acho que meu olhar já dizia tudo — Leonor a gente estuda na mesma escola!

— E? Já evitei muitas pessoas estudando na mesma sala que eu. Não é impossível para você. Nada é impossível.

— Você sabe que eu estou...Sentindo algo...Muito intenso, e que isso não é simples? — Pensei bem e eu sei o que é gostar de alguém, sei muito bem, senti a mesma dor que ele uns anos atrás, mas para evitar outro tipo de decepção, prefiro me afastar.

— Eu sei. Mas antes que piore, vamos cortar nossos laços aqui. — Ele me olhou com angústia nos olhos. — Vitor... Não me olha assim.

— Você quer o que? Que eu sorria? Você não sabe como é difícil te olhar e...

— Não termina. Vai embora, desculpa, eu acho que vou surtar!
— Olhei fixamente para o chão, que vontade de chorar.

—  Não. Você não tá nada bem.

— Eu vou ficar mal se você continuar aqui...

Ele cabisbaixo me analisou pela última vez e abriu a boca para dizer algo.

— Tchau Leonor, boa noite. — Abriu a porta e foi embora.

Me sentei na cama e deitei pensando no que aconteceu. Como eu queria que fosse um pesadelo...E como! Agora, eu só preciso dormir e esperar a bomba que vai vir no próximo dia.

Sem dúvidas meu sono demorou, eu só pensava em sumir de tudo para fingir que nunca ouvi algo assim de Vitor, mas era verdade, a mais pura verdade. Quando amanheceu, eu apenas agradeci a Deus e fui me arrumar rápido, precisava esquecer de certas coisas.

Sai do meu quarto e encontrei Isabela no meio do caminho.

— Pode ficar com Vitor, não vai me doer, me sinto até mais livre. Ele era muito grudento. — O que ela quis dizer com isso?

— O que?

— Eu sei que o Vitor gosta de você. Sempre soube, Leonor. Só gostava de prender ele a mim porque eu sei que ele é desejado e é simplesmente taxado como um príncipe, justamente por ser assim, carinhoso demais, por fazer loucuras pela amada dele. Só que no fundo eu não me encontrei nas loucuras dele, por isso achei Lorenzo no meio de tudo.

— Esquece isso, Isabela.

— Só saiba que eu não ligo mais para vocês, não é atoa que solto uma bomba a cada dia. — Cantalorou.

Isabela não ligava. Já era de se imaginar. Ela parece gostar mais de Lorenzo, mas e minha mãe? E todo mundo? Vão me taxar de garota que roubou namorado da irmã. Eu não quero isso. Eu poderia até sofrer bullying. Isabela já foi a popular da minha escola e eu já fui a sombra dela.

— Bom dia. — Minha mãe disse mas eu nem consegui processar, estava ocupada pensando em tudo o que ocorreu. — Leonor? Leonor? O que houve? — Finalmente consegui ouvir e olhei para ela no susto.

Com amor, Vitor Guttiz.Onde histórias criam vida. Descubra agora