vinte e oito.

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Isabela, meu pai e eu conversamos muito, como se fossemos um trio que se conheceu agora. Tudo foi explicado, mas até agora não sabemos o porquê disso tudo acontecer e onde nossa mãe estaria. Meu pai mesmo assim parecia feliz. Ele observa tudo que pode aqui no Brasil, até porque um ano fora do país que ele ama é demais. Ele havia feito uma surpresa, ele não iria voltar talvez hoje, mas sim há minutos atrás. Ele estava perto de casa e quis nos impressionar.

— Pai, e sobre a mãe? Sabe onde ela está? — Perguntei com a curiosidade invadindo meu peito.

— Não filha...Cheguei agora.

— A nossa mãe...Traiu o senhor e mandou-o para o EUA por causa da empresa.

— Empresa? Como assim...? — ele riu — Não estávamos planejando crescer ela? A viagem não foi verdade? Não é possível.

— Ela obteve a empresa e tirou você da jogada...Pai, o senhor perdeu aquela empresa.

— O que?

Passar a tarde falando sobre isso me faz ficar mal, mas precisávamos esclarecer mais coisas. O tempo se passava e eu tentava explicar tudo ao meu pai. Falei e falei, até chegar ao fim do assunto.

— Esquecer tudo isso não vai ser fácil, pai.

— Eu sei Leonor, parece tudo irreal. Mas... é melhor falar de outra coizam — Ele só queria fingir que não estava abalado, mas ele finge muito bem. Porém, conheço meu pai. — Agora eu quero saber de vocês. Como está a relação de vocês?

Eu não quero dizer nada, pois, Isabela sabe como tudo vai. Sabe de tudo que aconteceu, eu não sei se Isabela abaixou a guarda ou talvez tenha só fingindo esse pequeno tempo que teve onde ela não estava tão insuportável.

Ela estava um pouco diferente, não estava sendo grossa o tempo todo e isso me fez estranhar, mas eu tinha gostado disso. Será que ela percebeu que se o pai não estivesse vivo seríamos só nós duas no mundo? É estranho pensar nisso, mas é verdade.

Analisei Isabela e ela abaixo o rosto, porque ela sabe que fez muita ruindade por motivo nenhum. Não em questão do Vitor, mas na nossa relação antes de qualquer garoto. Nosso pai sabe disso, mas sempre achou que fosse apenas brincadeira de irmãs.

— Eu acho que...Está melhor. — Isabela tem a coragem de levantar a cabeça e encarar nosso pai para dizer isso. Se for deduzir as últimas horas juntas, ela tem razão, mas durante a minha vida toda, não.

— Hm, eu conheço bem essa expressão. Expressão de quem tem dúvida no que diz. — Meu pai conhecia bem Isabela, assim como me conhece.

— Ah, você sabe que às vezes a gente brigava e então...

— Vocês brigaram mais durante esses anos todos?

Não pude conter a risada. "Às vezes" chega ser uma expressão estranha.

— Leonor, conte sobre seu namorado. — Ela disse sorrindo, mas não foi um sorriso irônico ou provocativo. Parecia ingênuo.

— Namorado? — Meu pai me olhou e eu fiquei receosa de dizer sobre, afinal, Isabela surtaria? Falaria que eu roubei o namorado dela?

— É pai, bom... Ela namora um garoto incrível. Não me leve a mal, ele é meu ex. Mas relaxa, eu nunca gostei dele de verdade pai e no final...Bom, é melhor a Leonor contar.  — Ela sorriu e fez um sinal com a cabeça. Isabela definitivamente mudou, será que alguém entrou no corpo dela?

— Conte-me, Leonor. — Meu pai virou-se para mim e parecia disposto a me ouvir.

— Tem...Tem um garoto que se chama Vitor, mas não somos namorados.

Com amor, Vitor Guttiz.Onde histórias criam vida. Descubra agora