vinte e dois

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Meu celular estava tocando, vi que era Morgan, então logo atendi.

Oi?

Leonor, me desculpa, na escola eu estava muito abalada com sua notícia, eu conversava comigo mesma, mas Peter acabou ouvindo e provavelmente contou para os meninos. Me desculpa mesmo, perdão, eu me sinto muito mal...

Morgan, calma... Tudo bem, não queria isso, mas te entendo. Pelo menos eu não tive que contar...

Desculpa.

Esquece isso...

Você tá melhor?

Tô tentando melhorar, obrigada, amiga.

Certo...Meu celular vai descarregar, preciso ir, mas me liga se precisar de mim, por favor!

Tudo bem Morgan, obrigada. Tchau...

Tchau, amiga.

Larguei o celular e foquei em estudar. É melhor do que chorar. Eu me sinto extremamente sozinha aqui em casa, ainda mais quando eu sei que vou mudar de escola e que meus amigos não vão ficar mais próximos.

Eu sinto a falta do meu pai. O único que me entendia.

Era um dos meus últimos dias de aula na escola

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Era um dos meus últimos dias de aula na escola. Eu não sei quando vou embora, mas tinha isso em mente.

— Leonor! — Peter se aproximou — Você vai embora?

— Vou...

— Não acredito. Mas por que Leonor? Eu...Eu nem sei, mas vou sentir sua falta.

— Que vacilo...Também vou sentir sua...Falta. — Lorran diz baixo, não querendo admitir muito.

— Lorran...Eu amo sua amizade e nunca vou te esquecer. Digo o mesmo para você, Peter. Não me esqueçam, por favor. — Pedi e os dois vieram me abraçar, num longo abraço.

— O Vitor não veio. — Peter diz se afastando de mim.

— Não veio? De verdade?

— É...

— Ele já sabe que eu vou sair da escola? — Perguntei preocupada.

— Já...Desculpa.

— Ah...Mas sabe porque ele faltou?

— Não. Talvez seja apenas cansaço ou...Preguiça. — Lorran respondeu.

— Para qual escola você vai? — Peter perguntou com sua curiosidade, mas dessa vez não muito feliz.

— Não sei, não faço a minima ideia. Eu queria tanto ficar aqui.

— E por que vai mudar?

— Minha mãe quer que eu mude de escola.

— Que droga Leonor...A Morgan não para de chorar, ela também faltou hoje. — Peter diz parecendo suspender todas suas emoções. Olhei para Lorran e ele deixou uma lágrima cair.

— Não chora, Lorran. — Abracei ele.

— Não tô chorando...Só...Um cisco. — Limpou os olhos.

— Ele nunca demonstra nada, mas no último momento sempre explode de dor, amor, tristeza, raiva, seja o que for! — Peter diz dando batidinhas nas costas dele.

— Chega disso. Eu não quero chorar. — Lorran diz se recuperando.

— Beleza...Vamos para a sala de aula, é melhor.

[...]

Eu estava escrevendo meu livro, isso fazia meu tempo passar e eu me sentia livre. Mas eu estava com bloqueio criativo, isso desde mais cedo. Ouço uma batida na porta frequente, eu sei que ninguém vai atender porque sempre esperam que eu vá, então fui logo, pois não quero discussão. Isabela só atende quando ela quer ver alguém em específico.

Antes de ir, olhei o céu pela janela, agora, está com cara de que vai chover e muito feio, o céu está todo cinza. Deixo isso de lado e desço para ver quem bate tanto na porta.

Com muita surpresa, eu abro a porta e por segundos vejo Peter, Vitor e Lorran. Peter e Lorran logo atrás de Vitor, pareciam preocupados, mas desistem de fazer qualquer tipo de ação quando eu abro a porta e Vitor pega no meu rosto e me beija. Ele parece necessitar disso. E eu também. Eu deixo isso fluir, mesmo que tenha todo o perigo de minha mãe ver e Isabela também. Ele faz o de sempre, mão na minha nuca. Sem esperar, acaba com o beijo e me coloca contra o seu corpo, novamente me beija e diz;

— Eu te amo, por favor não me deixe. — Ele diz e a chuva cai. Peter e Lorran olham surpresos, eles não sabiam de nada, mas sabiam somente que Vitor gostava muito da minha amizade.

— Vitor...Não faz isso comigo. Eu não tenho escolha. Não tenho liberdade de escolher. — Olhei ele e só lembrei em como tudo poderia ser diferente se meu pai estivesse aqui. Vitor não me olha, ele apenas escuta algo e olha para cima. Rapidamente ele fecha a porta me levando para fora de casa. Ele me deixa encostar naquela porta e me beija de novo.

— Rapaz... — Ouço Peter dizer.

— Não sabia disso. — Lorran acompanha ele. Eu só consigo ouvir essas coisas, mas depois eu apenas aproveito tudo que está acontecendo.

Vitor ainda me deixa pressionada sobre a porta, alguém batia nela tentando abrir, já estávamos todos molhados por causa da chuva. Ele não sabia o que fazer e muito menos eu.

— Eu só queria você. — Entre os pingos de água da chuva, eu vejo nítidas lágrimas em seus olhos negros.

— Vitor, é melhor a gente ir... — Peter tenta se aproximar.

— Peter, eu não posso. Eu não aguento mais, sempre acontece algo.

— Talvez não seja o momento.

Mas por que não? Eu também começo a chorar depois de pensar nisso.

— Quer saber? Vamos para a minha casa. — Lorran diz e Peter arregala os olhos.

— O que?

— Não aguento ver casal separado, chega disso! — Lorran diz e vai andando. Vitor sorri e me puxa, certamente eu posso estar maluca, mas vou junto. Eu só queria passar mais tempo com ele e meus amigos. E eu acabo lembrando de Morgan também.

Nós fomos na chuva, sem nos importar. Vitor tentava me proteger dos pingos d'água, e eu achava isso tão fofo, tão lindo. Isso é algo surreal para mim.

Com amor, Vitor Guttiz.Onde histórias criam vida. Descubra agora