trinta e um

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— E como vai na escola? Não sei mais o que acontece lá. — Na verdade, eu queria saber da Analu. Porque ela sabe que eu não estou mais lá.

— Hum, vai tudo bem. Quer saber algo específico? — Ele brinca com algumas coisas na minha cama enquanto pergunta. Pensei bem, será que pergunto? Mas decidi não perguntar diretamente.

— Já começou? A apresentação das líderes de torcida...Campeonatos?

— Ah, não. Só mostraram como vai ser a apresentação pra gente que vai jogar. — Ele disse e me olhou.

— Fizeram bonito? — Sorri com total falsidade, na verdade, eu estava me mordendo de ciúmes.

— Não sei, não liguei muito...Na época você e eu tínhamos nos afastado. Então já sabe, não tinha cabeça pra nada. — Suspirou.

— Ah sim...

— E você? Na sua escola? — Ele rodopiou uma pulseira minha no seu dedo indicador.

— Chato. Nada pra fazer além de estudar...

— Sério...? Hum... — Eu sabia que tinha algo entalado na garganta dele. Ele só precisava cuspir aquilo. — E o..Guilherme? — Pronunciou o último nome com um tom diferente, se eu conheço ele, descaso.

— O que tem ele?

— Virou seu amigo?

— Ele me irrita, mas só conheço ele lá.

— E?

— Tive que dar corda...Só pra eu não ficar sozinha no começo.

— Ele até ia te acompanhar até sua casa, né? — Sabe quando você olha o rosto de alguém e parece que a pessoa está prestes a surtar? Então, esse é o caso de Vitor.

— Na verdade, eu nem percebi que estávamos andando juntos...Ele insistiu tanto.

O silêncio tomou conta do meu quarto. Ele apenas concordou com a cabeça e continuou brincando com minha pulseira. Para testar se está tudo bem, sento-me ao lado dele e tento beijá-lo, se ele recusar, já sabemos o que está acontecendo.

Faço isso e obtenho um resultado abaixo do que eu esperava. Ele apenas vira o rosto dando máxima atenção para a pulseira. Reviro os olhos sorrindo, bem, foi ele que tocou no assunto e agora está assim? Ele parece a garota da relação, que surtar de ciúmes sempre. Eu sinto que se deixar, ele pode correr pela casa toda gritando de raiva. Não sei porque, mas sinto isso.

Tento beijá-lo de novo e nada, ele se mexe como se estivesse se ajeitando na cama.

— Ei, o que foi? — Decido perguntar antes que alguma tragédia aconteça.

— O que? — Se fez de sonso.

— Você...Não quer que eu fique perto de você. — Bufei cruzando os braços.

— Ah, tá.

— Bela resposta. Diz o que aconteceu! Podemos resolver isso.

Ele continuou quieto.

— Posso ir no banheiro? — Concordo com a cabeça e observo ele ir até lá. Me sento na cama esperando-o sair de lá. Quando o mesmo volta, olho para suas mãos e vejo elas um pouco mais avermelhadas do que o normal.

— Você fez merda! Que foi? Diz logo, Vitor. — Seguro nas mãos dele, mas ele solta.

— Nada, Leonor. — O meu nome não soou nada bem no tom de voz dele.

— Então tá, quer ir embora? Tá parecendo isso...

Ele revirou os olhos, se rendendo.

— Não, né.

Com amor, Vitor Guttiz.Onde histórias criam vida. Descubra agora