vinte e um

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Acordei e percebi que eu havia sonhado com Vitor. Ontem a noite, eu tive um encontro inesperado com ele, eu sei posso estar errada, mas acho que nem eu irei aguentar. Isso só veio acontecer quando eu me entreguei, ou melhor, entreguei meu coração a ele.

Na sala, vi somente Isabela. Minha mãe já deve ter ido em algum lugar... Eu queria falar com ela. O fato de ela parecer gostar mais de Isabela, não me fez estranhar sua atitude. Ela nunca foi de me tratar mal como em muitas histórias, mas sua preferência em várias vezes foi nítida. Ela sabe que Isabela é assim, no dia do jantar com Vitor e Isa, ela tentou repreender Isabela, eu por dentro fiquei até impressionada. Ela nunca fez isso, mas eu deixei quieto, pois queria viver aquele momento da melhor possível. Mas mesmo assim, eu amo minha mãe.

— Bom dia, Leonor. — Hoje ela me deseja um bom dia? Eu só me lembro da vez que tive crise de pânico. Não foi diferente ontem à noite quando Vitor se foi. Hoje terei que vê-lo na escola e eu nunca tive tanto desejo de não ir à escola. Vai ser difícil evitá-lo.

Eu ignorei Isabela. Pela primeira vez ignorei e pela primeira vez a raiva tomou conta de mim. Peguei minha mochila e fechei a porta com força.

Lá de fora, ouvi ela dizer:

— Está com raiva? — E riu. Dei passos largos até chegar na escola, apesar de nunca querer chegar lá. Eu queria enrolar.

Mas eu cheguei bem rápido, infelizmente. Entrei pela porta com forças do além e fui até a rodinha que meus amigos estavam. Eles haviam chegado cedo; e Vitor também. Me aproximei com um leve sorriso e olhei primeiramente para Morgan.

— Oi gente. — Olhei em volta e passei meus olhos por Vitor, que me olhava tão diferente. Mas eu não senti uma coisa ruim, como dor naqueles olhos ou algo do tipo, ele parecia querer muito algo.

— Oi amiga! — Morgan disse sorrindo. — Senta aqui. — Ela apontou para o seu lado, parece ter reservado esse lugar para mim.

— Obrigada. — Fui até lá e me sentei.

— Estamos conversando sobre os trabalhos, conseguiu fazer?

— Sim, eu já entreguei. O professor pediu antes.

— É mesmo, Vitor me disse...Esqueci. — Ela riu inocente.  Tentei não olhar para Vitor e por isso sem querer encarei Lorran, que me olhou estranho. Quase morreu.

— Perdão! — Soltei uma risada verdadeira e sem mentiras. Pra mim, foi engraçado, mesmo que não tenha graça alguma.

— Tá me sugando, caramba? — Lorran diz com um tom de brincadeira.

— Sei lá, achei um ponto fixo e sem querer te encarei...Nem vi, desculpa..— Falei e Morgan me tocou.

— Pensando aqui...Lorran e você combinam, é difícil escolher o shipp, você combina com todo mundo! — Morgan disse rindo. Num instante ouvimos alguém tossir descontroladamente e era Vitor. Peter deu um tapa fortíssimo nas costas dele, logo pegou sua garrafa e enfiou na boca de Vitor, que quase faleceu de vez.

— Ei! Vai machucar ele! — Falei preocupada, mas só recebi a típica "trilha sonora": "Hummmmm..." — Eu só estou preocupada. — Eles só aumentaram o som dessa coisa irritante. Todos do quinto ano.

Olhei para Vitor e ele estava vermelho, tímido e me olhava com um sorriso pequeno e totalmente envergonhado. Desviei meu olhar sem responder com qualquer tipo de reação. Olhei para Peter e revirei os olhos.

— Não me esqueci, você queria me contar algo ontem. — Morgan diz baixinho, enquanto os garotos conversam.

— Eu sei, eu ainda vou contar.

Com amor, Vitor Guttiz.Onde histórias criam vida. Descubra agora