quinze

94 5 30
                                    

— Olá Leonor! — Henry disse se sentando na cadeira a minha frente sem mais ou menos.

— Oi Henry... Tudo bem? — Perguntei, ele nunca foi de simplesmente vir até minha pessoa sem nenhuma timidez. E também, a turma dele não está no tempo vago.

— Melhor agora. — Ele ajeitou seus fios de cabelo loiros. Parece que todos os garotos gostam de fazer isso.

— Você não está em tempo vago...  — Falei em um tom de dúvida, ele logo se apressou em me explicar.

— Dei uma escapada...Pra te ver. — Me olhou com as mãos juntas, parecia apreensivo. Para me ver? Isso não me traz coisa boa na cabeça.

— Ah... Sério? — Tentei deixar um som agradável sair, mas ficou um tom muito desconectado com o que eu queria passar. Mas eu não estava sentindo nada de legal.

— Eu preciso conversar com você. — Ele levantou a cabeça e me analisou, deixando uma expressão estranha no rosto dele. Mas não era do tipo ruim, que talvez me fizesse ter medo.

— Tudo bem, mas não vai dar problema essa...Escapada?

— Depois eu resolvo. Vamos no corredor, está mais vazio. — Assenti e fui seguindo ele. Tenho medo do que ele vá falar, mas vou tentar acreditar que não é nada bombástico.

Ele se encostou na parede e parecia um pouco tenso para dizer algumas palavras direcionadas a minha pessoa. O que me deixou também aflita e ansiosa.

— Eu te conheço há um tempo...Tipo, um ano, quando eu entrei aqui. E desde lá eu desenvolvi sentimentos por você... — Eu estava prestes a falar, não é possível! — Calma. Senti admiração, e no fim disso se tornou...Paixão. — Quando ele disse a última palavra senti um arrepio imenso! A vontade de correr, gritar, só me chamavam para praticar tais atos.

— Paixão? Sério, Henry? — E o que eu iria falar? Tipo, somente soltar um "não sinto o mesmo." e ir embora batendo os pés!? Não! Eu não poderia dizer isso. Ele tem sido legal comigo.

— É sério. E...Antes que você pudesse dizer qualquer coisa, eu queria sentir como seria ser seu namorado. Eu sei que talvez você não sinta o mesmo, mas será que um beijo te faria mal? — Ele veio se aproximando e por algum motivo minhas pernas não me obedeciam, será que é por causa do choque? Eu ainda estou chocada. E então, da mesma forma, eu não queria beijá-lo. Sinto que não devo ficar distribuindo beijos por aí sem sentimentos alguns. E olha só, de repente eu já estava empressada contra a parede branca e pálida dessa escola. O que faço? Eu quero empurrá-lo mas sinto que estaria sendo grossa.

— Henry... — Tentei falar mas meus sentindos estavam falhando. E o pior, não era por paixão e sim nervosismo. 

— Eu posso? Sinto muito a vontade de colar seus lábios nos meus...Por favor. — Ele me analisou de pertinho, os olhos azuis estavam me deixando nervosa. Nervosa no pior sentido. Mas ao mesmo tempo pronta.

Pronta para falar "não"! E dane-se se sair como grossa. Eu não quero, e caso ele não me respeite, o futuro dele estará em perigo.

— Henry, não! — Empurrei-o devagar. Eu nem sei porque me senti tão mal, parecia que eu estava indefesa, mas depois eu senti que não poderia pensar tanto no coração dos outros e sim na minha vontade. Além de pensar em outro alguém. — Eu não quero, por favor sai. — Ele ainda estava próximo, não como antes, mas ainda assim pedi para se afastar mais.

Olhei para os lados vendo se alguém viu algo, e realmente viram. Logo a pessoa que eu nunca pensei que eu fosse gostar tanto. Eu senti meu estômago revirar, em um sentido ruim. Vitor estava no corredor e parecia que ele tinha perdido os sentidos. Eu não quis passar isso Vitor, não quis mesmo...O tempo todo ali eu estava pensando nele. O pior que nem era mentira. Imagine como ele está agora? Se ele ainda gosta de mim, eu nem quero saber como ele se sente.

Com amor, Vitor Guttiz.Onde histórias criam vida. Descubra agora