dois

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Leonor.

Isabela está no quarto desde o dia passado. Talvez estivesse frustada com a forma de que o namorado a respondeu. Porém, eu não vou ser a boba de ir perguntar se ela está bem, capaz da mesma me mandar cair fora do seu quarto.

— Filha, se arruma logo. Daqui a pouco seu primo chega e...Você sabe. — Ela fez uma careta melancólica e triste, inclinando-a para o lado — Eu queria muito estar aqui para cuidar dele, mas se eu não trabalhar não terá comida na próxima semana. — Ela disse enquanto arrumava a sua bolsa.

— Tudo bem mãe... — O barulho causado pela correria me fez apenas observa-lá. — Eu cuido dele.

— Será que Isabela não pode te ajudar? — Ela falou indo até a escada e gritou de lá; — Isabela! Desce! Ajude sua irmã a tomar conta de Miguel! — Falou colocando a bolsa no seu ombro.

Isabela não responde, mas minha mãe não insiste, provavelmente está atrasada.

— Tchau meu bem. — Beijou meu rosto — Até mais tarde.

— Até mãe. — Sorri. Agora é só esperar a criança chegar. Miguel não dá muito trabalho, mas ele é uma criança. Minha tia trabalha e por isso às vezes eu tomo conta do Miguelzinho, mais conhecido como "Gueguel".

Isabela descia as escadas e eu pela primeira vez não quis trocar palavras com ela. Apenas a ignorei, como ela sempre faz comigo.

— Eu não vou poder tomar conta de Miguel junto com você, Vitor está vindo aqui e pela graça de Deus ele aceitou minhas desculpas. Iremos conversar, por favor, não deixe o Miguel atrapalhar. — Cruzou os braços.

— Olha, ele também é seu primo! — Exclamei. — Eu também vou ficar cansada e revezar não faria mal. — Avisei me sentando no sofá já bufando.

— Olha só Leonor, você nunca reclamou disso e agora quer dar uma de "dona de casa cansadíssima"? Se você não tem um namorado para ajuda-lá ou uma amiga, problema é seu! — Bufou — Realmente, ninguém vai olhar para você se continuar desse jeito, tá explicado porque os garotos sempre olharam para mim antes de tentar olha para você. — Ha, ha, ha. Isabela não sabe como me dói escutar isso, imagina escutar que você é simplesmente horrível (ela disse quase isso).

— Eu...Você não sabe de nada! — é a única coisa que eu consegui dizer. Foram tantos insultos que eu perdi as palavras que estavam na ponta da minha língua. Isabela apenas riu.

— Sei sim! Sempre tive garotos aos meus pés, já você não consegue manter contato recíproco com um. Bom, ser a irmã mais feia deve ser um papel difícil. — Ela debochou sem dó. Eu não entendo. Como ela pode não sentir nada ao dizer isso? Ela é minha irmã. Irmã de sangue. Se bem, dizem por aí que ser do mesmo sangue não significa nada. Definitivamente, não significa nada, ouvir ofensas da sua própria irmã é horrível. Sempre será meu maior ferimento; as palavras de Isabela.

— Eu não preciso de garotos aos meus pés e...Você não sabe de nada mesmo! Cuida da sua vida, Isabela. — Eu sei, meus argumentos são tão "quinto ano", mas eu me sinto muito mal ouvindo isso da própria boca dela. É tão estranho.

Ela apenas riu e subiu para seu quarto. Me sentei no sofá e tentei me acalmar. Eu estava com o coração muito acelerado e minha respiração ofegante. Eu estava com algo entalado na garganta, mas não saía de jeito algum. O lado sentimental falou mais alto novamente, o que não é novidade em relação a minha pessoa. A campainha toca e eu já espero quem seja.

Com amor, Vitor Guttiz.Onde histórias criam vida. Descubra agora