Sebak 20 de dezembro de 2004
Nossa alegria foi efêmera, pois quando estávamos nos aproximando cada vez mais, ouvimos a voz de meu pai do lado de fora, conversando com o capitão Jones. Nos entreolhamos assustados, colocamos rapidamente nossas máscaras de volta e nos sentamos na cama como se nada estivesse acontecendo. Conhecendo meu pai como o conheço, sabia que ele exigiria uma boa explicação se me visse sem minha máscara, já que ele estava fazendo de tudo para manter minha identidade em segredo. Ser filha de um general e se alistar é pedir para que os outros pensem que você teve vantagens, o que obviamente não ocorreu. Tudo o que conquistei foi resultado dos meus próprios esforços.
Ter ingressado no exército aos dezesseis anos e sido designada para o Afeganistão logo após os ataques às Torres Gêmeas foi inicialmente desafiador. No início, a experiência era desesperadora, pois, como cadetes, todos nós aspirávamos a nos destacar entre os demais. Ser uma das poucas mulheres na unidade tornava tudo ainda mais exaustivo. As poucas colegas que compartilhavam essa jornada frequentemente tentavam se impor sobre as demais, e éramos alvo de assédio por parte de alguns "colegas".
A vida de uma mulher nas forças armadas está longe de ser fácil. Enfrentamos julgamentos ao avançar nas patentes, apesar de nos esforçarmos mais do que os homens para alcançar as posições merecidas de sargento, tenente ou mesmo capitã. Infelizmente, sempre há alguém disposto a menosprezar nossas conquistas, insinuando que obtivemos promoções através de favores pessoais com generais.
— Night, Ghost — meu pai entra em nossa tenda nos olhando de cima a baixo — Venham a sala do Jones tenho uma conversa com vocês antes de lhe dar suas férias.
Nos entreolhamos e seguimos meu pai até a sala de Jones.
— Vocês terão três meses de férias e depois voltaram a ativa aqui em Sebak com o capitão Jones no comando, eu até poderia deixar vocês na base em Manchester por um tempo, mas preciso de vocês aqui como uma dupla ou quem sabe quando voltarem tenha mais gente para uma equipe maior e não tenham que se juntar a equipe épsilon.
Eu ainda não sei nem mesmo onde ficar em Manchester, pois minha antiga casa foi vendida por meu pai, e não retorno lá há oito anos. Todo o dinheiro que recebo pelo serviço militar está em uma conta sob controle do meu pai, então nem mesmo tenho conhecimento do montante que possuo. Já se passaram três anos desde que iniciei no serviço militar, mas ainda não tive acesso aos meus próprios recursos financeiros.
Ele tira um molho de chaves do bolso e me entrega.
-Aqui a chave da sua casa Sargento- olho desconfiada
-Casa? -Pergunto levantando uma sobrancelha
-Sim sua casa esqueceu? Você deixou as chaves comigo pois não confiava em deixar no armário da base em Manchester- Lembro da minha antiga casa lá
-A claro senhor- Pego as chaves e vejo que há um pingente cilíndrico que parecia ter uma abertura.
-Simon creio que esteja com saudades da família faz alguns anos que não os vê.
-Sim senhor- Ele confirma com a cabeça baixa
-Então estão liberados, o avião está à espera de vocês para os levar para Manchester
Levanto-me do lugar onde estava sentada e dirijo-me à saída da sala de Jones. Observo mais de perto o aglomerado de chaves e giro a abertura do pingente até revelar um bilhete enrolado.
Fiquei parada, segurando o bilhete, incrédula com o conteúdo. Meu pai sentia orgulho de mim? Por que ele nunca havia expressado isso antes? Minha mente estava a mil por hora, cheia de pensamentos. Senti Ghost passar por mim, dirigindo-se à nossa tenda, provavelmente para pegar suas coisas. Ajustei meus óculos no rosto e dei mais uma olhada no bilhete antes de guardá-lo no bolso, junto com as chaves. Em seguida, segui em direção à tenda para pegar minha mala.
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The Ghost's Night
FanfictionSimon Riley e Alice Walker, amigos de infância, se reencontram como sargentos no exército britânico, lutando juntos nos campos de batalha do Afeganistão. Porém, após seis anos de casamento, o relacionamento é abalado quando Alice desaparece durante...