Hospital

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   Os incessantes bips ecoavam em minha mente, enquanto uma dor terrível irradiava por todo o meu corpo. Meus dedos das mãos formigavam, e meu peito queimava a cada respiração que enchia meus pulmões. Abri os olhos lentamente, mas os fechei novamente, pois a luz do sol incomodava minha visão.

—Ghost— Tentei falar, mas senti como se minha mandíbula estivesse travada.

   Minha respiração se acelerou, acompanhada pela intensificação da dor no peito; os bips tornaram-se mais altos e rápidos. Em questão de segundos, a sala inicialmente vazia se encheu com enfermeiras que me examinavam atentamente. Eu ainda não conseguia abrir os olhos devido à intensidade do sol que invadia pela janela.

—Ela acordou. Alice pode abrir os olhos?

—Fechem as janelas, ela não vai abrir os olhos enquanto estiver claro desse jeito— A voz grossa do meu pai ecoa pelo quarto.

   O som das cortinas se fechando ecoa, e logo percebo que a luminosidade desapareceu, permitindo-me abrir os olhos. Vejo meu pai ao meu lado na cama; seus olhos estão cheios de lágrimas, e noto profundas olheiras nele.

—Princesa que bom que acordou—Uma lagrima grossa escorreu de seus olhos— Eu pensei que iria perder você— A mão grossa dele tocou o meu rosto e fechei meus olhos sentindo o carinho.

—Host— Tentei chamar Ghost, mas foi em vão com as amarras na boca.

—Ainda não tiraram isso da sua boca? Vou chamar o médico.

   Ele saiu do quarto, deixando-me novamente sozinha. Minha mente foi inundada por lembranças do que acabara de acontecer; ainda sentia como se estivesse sendo espancada. Sua voz asquerosa ressoava em minha mente.

   Meus olhos se encheram de lágrimas, na tentativa de apagar aquelas imagens da minha mente, mas era em vão. Eu tentava focar em Ghost, mas a ideia de que ele me deixou dói mais do que as dores das pancadas.

   Escuto passos pesados pelo corredor e, logo em seguida, a porta do meu quarto se abre apressadamente. Lá estava ele, ainda vestindo o uniforme. Ghost correu até minha cama e me abraçou com força, fazendo com que as dores pelo meu corpo se intensificassem. Soltei um gemido sôfrego quando ele me apertou ainda mais.

—Meu amor— Os dedos dele deslizaram pelo meu rosto como se tentasse ter certeza do que estava acontecendo

—Ghost pensei que só chegaria amanhã— A voz do meu pai voltou

—Terminei o serviço mais cedo senhor.

   Um médico surge ao meu lado tocando no meu rosto e como tentativa falha puxei meu rosto para longe o que fez uma dor estridente surgir no meu peito.

—Não vou fazer mal em você Alice, desculpe não avisar que iria te tocar, posso ver seus dentes? —Ele fala com uma voz calma e afirmo com a cabeça— Ótimo, já podemos tirar as amarras, seu último Raio-x foi ótimo, a fratura na sua mandíbula lá está bem colada então não precisa mais disso, e há outra coisa que eu queria falar com você.

   Ele caminha até os pés da cama e pega alguns papeis os folheando.

—Acho que a notícia vai ser melhor se for contada na presença dos seus familiares— Sinto Ghost enrijecer ao meu lado e os olhos do meu pai se arregalarem.

—É algo grave doutor? —Meu pai caminha rápido até o outro lado da minha cama.

—Eu não sei se sabiam e, também não quis dizer antes de ela acordar— O médico olha novamente para os papeis e depois para mim— Sabia que estava gravida? —Meu pai começa a tossir e Ghost continua paralisado, aceno com a cabeça— Sinto lhe informar que não há mais bebê, eu vou deixar vocês sozinhos por um momento e já volto para retirar as amarras.

The Ghost's NightOnde histórias criam vida. Descubra agora