Simon Riley e Alice Walker, amigos de infância, se reencontram como sargentos no exército britânico, lutando juntos nos campos de batalha do Afeganistão. Porém, após seis anos de casamento, o relacionamento é abalado quando Alice desaparece durante...
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Os incessantes bipes ecoavam como sinos distantes dentro da minha mente, enquanto uma dor aguda, quase insuportável, irradiava por cada centímetro do meu corpo. Meus dedos formigavam, e meu peito ardia a cada respiração, como se o ar que invadia meus pulmões fosse feito de brasas. Abri os olhos com esforço, mas logo os fechei outra vez — a luz do sol era um golpe implacável contra minha visão frágil.
— Host... — tentei dizer, mas minhas palavras se perderam num sussurro rouco. Minha mandíbula parecia selada, rígida como pedra.
A respiração se descompassou, e a dor no peito cresceu junto com o som acelerado dos monitores. Em poucos instantes, a quietude da sala foi rompida por um tropel de passos. Enfermeiras surgiram ao meu redor, movendo-se com urgência, suas vozes abafadas por minha confusão. Ainda assim, a luz do dia atravessava as janelas como lâminas, impedindo-me de abrir os olhos por completo.
— Ela acordou! Alice pode abrir os olhos?
— Fechem as janelas. Ela não vai conseguir abrir os olhos desse jeito. — A voz grave de meu pai preencheu o quarto como uma âncora na tempestade.
Ouvi o som das cortinas sendo puxadas, e uma penumbra acolhedora se instaurou. Só então, com cuidado, consegui entreabrir os olhos. Meu pai estava ao meu lado, e os olhos dele — tão firmes, sempre — agora estavam marejados. Sob eles, profundas olheiras denunciavam noites em claro.
— Princesa... que bom que você acordou. — Uma lágrima grossa escorreu silenciosa por seu rosto. — Eu achei que fosse te perder... — Sua mão calejada pousou sobre meu rosto, e eu fechei os olhos, permitindo-me, por um momento, afundar naquele gesto de ternura.
— host... — sussurrei de novo, ou pelo menos tentei. Algo prendia minha boca, impossibilitando que a palavra ganhasse forma.
— Ainda não tiraram isso da sua boca? — Seu tom agora carregava indignação. — Vou chamar o médico.
E então ele se foi, deixando-me outra vez sozinha com meus pensamentos — e com eles, a torrente cruel de lembranças. As cenas recentes invadiam minha mente com violência, como se meu corpo ainda estivesse sob os golpes. A voz dele — aquela voz repugnante — ecoava com nitidez cortante.
Fechei os olhos com força, tentando expulsar as imagens, como se as lágrimas pudessem lavá-las da minha memória. Mas era inútil. Tudo doía. E mais do que o corpo, doía a ausência. Ghost... ele tinha me deixado?
Ouvi passos firmes no corredor. A porta se abriu com pressa e, num piscar, lá estava ele — ainda com o uniforme, os olhos flamejando angústia e alívio. Ghost correu até minha cama, e sem hesitar, me envolveu num abraço apertado. A dor se acentuou com o impacto, arrancando de mim um gemido abafado.
— Meu amor... — sussurrou, os dedos deslizando suavemente pelo meu rosto, como se precisasse tocar minha pele para crer que eu era real, que estava ali.