Simon Riley e Alice Walker, amigos de infância, se reencontram como sargentos no exército britânico, lutando juntos nos campos de batalha do Afeganistão. Porém, após seis anos de casamento, o relacionamento é abalado quando Alice desaparece durante...
ESSE CAPITULO CONTÉM CENAS DE TORTURA ENTÃO SE É SENSIVEL A ESTE CONTEUDO NÃO LEIA!!
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Assim que removeram minha máscara, notaram o ponto preso ao meu ouvido. O rádio ainda estava ligado na frequência que eu costumava usar para falar com meu pai. Não tinha certeza se havia configurado corretamente... Ele não respondeu. Talvez nunca tenha recebido meu sinal.
— Vai falar ou não? Com quem estava se comunicando? — a voz vinha abafada, distorcida pela respiração pesada de quem estava muito próximo, mas não era familiar. Não era Jones. Não era Taylor. E isso só piorava as coisas.
Eles haviam colocado um saco preto sobre minha cabeça, o tecido grosso colando no meu rosto com o calor e o sangue. Eu não sabia quem estava à minha frente, mas pelas vozes que escutei durante o trajeto até ali, identifiquei pelo menos cinco homens. Todos falavam com o mesmo sotaque carregado, iraniano.
— این عوضی دهن باز نمیکنه — murmurou um deles, com desdém.
Sorri por trás do saco, o gosto metálico do sangue nos lábios.
— من دوست دارم با شما صحبت کنم، اما زمان من کوتاه است — respondi, em persa fluente, com a calma de quem já não tem nada a perder: "Eu adoraria conversar com vocês, mas meu tempo é curto."
O silêncio que seguiu foi quase cômico. Senti as mãos de alguém se moverem atrás de mim e, num gesto brusco, arrancarem o pano que cobria meu rosto.
A luz forte do lugar me cegou por um instante, e pisquei várias vezes até que o cenário começasse a se formar diante de mim. Estávamos em um galpão amplo, com teto alto de metal e paredes nuas. Havia uma única van estacionada a alguns metros de distância, e os seis homens que me escoltaram estavam ali, de pé, me observando. Todos usavam roupas tradicionais — dishdasha claras, alguns com ntarbush vermelho, outros com turbantes simples. Bastou um olhar para reconhecer o que aquilo era.
Al-Qatala.
Mesmo depois de tudo... depois de meu pai os ter erradicado, eles continuavam vivos. Como vermes se arrastando por debaixo da terra, esperando a hora de ressurgir. O símbolo gravado na lateral da van confirmava: a serpente envolta na lâmina — o antigo emblema.
Eles sabiam que eu os compreendia, mas insistiam em conversar em persa, como se meu entendimento não passasse de uma provocação, um jogo que eles acreditavam controlar.
Então ele apareceu.
O homem que entrou destoava de tudo ao redor — como um executivo perdido no meio do deserto. Calças jeans gastas, uma camisa social preta com as mangas dobradas até os cotovelos e sapatos marrons cobertos de poeira. Os cabelos grisalhos estavam penteados para trás, e um par de óculos aviador ocultava seus olhos até o momento em que ele se deteve diante de mim e os retirou com calma quase teatral.