Simon Riley e Alice Walker, amigos de infância, se reencontram como sargentos no exército britânico, lutando juntos nos campos de batalha do Afeganistão. Porém, após seis anos de casamento, o relacionamento é abalado quando Alice desaparece durante...
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15 de outubro de 2006 – em algum ponto esquecido do Iraque
— Simon... Alguém pode ouvir... — sussurro, tentando afastá-lo, mas seus lábios insistem em meu pescoço, famintos, como se fôssemos amantes reencontrados após anos de ausência.
— Só fique quietinha, meu amor... — Sua voz rouca me envolve como um feitiço, e meu corpo responde com arrepios, esquecendo por um momento a tensão que nos cerca. Estamos em posição de tocaia há duas semanas, aguardando que um dos traficantes de armas abandone o esconderijo para então segui-lo. Mas ele permanece imóvel, como uma sombra imóvel no deserto.
Simon está jogando com o perigo. Mesmo com dois sargentos cobrindo a retaguarda, qualquer descuido pode ser fatal. Mas há algo mais forte do que o medo aqui: a abstinência de nós dois. Faz quase três semanas que não temos qualquer contato físico, e isso o está corroendo. Antes, dávamos um jeito. Sempre. Porém, esta missão se tornou uma barreira entre nossos corpos e nossos impulsos.
Seus dedos deslizam pela minha cintura até encontrarem o cinto. Com uma habilidade que só ele tem, desfaz o fecho e invade minha intimidade com a mesma urgência com que me olha.
— Tão molhada, minha linda... Isso tudo é pra mim? — Seus dedos traçam círculos lentos, quase hipnóticos, e minha respiração falha. Minhas mãos encontram sua cabeça, ainda coberta pela máscara de caveira. Ironia: ele é um fantasma em plena carne.
— Sy... por favor... — minha voz sai trêmula, e me perco no toque, na tensão, no prazer que explode silenciosamente entre nós.
— Tão minha... — Ele retira os dedos, levando-os à boca descoberta. — Tão doce. Queria provar direto da fonte, mas não temos tempo.
— Então deixa eu cuidar de você... — Me ajoelho, fitando seus olhos por trás da máscara enquanto brinco com a ponta de seu piercing na língua.
— Um dia, você ainda vai ser a minha perdição...
— Achei que já fosse — sorrio, abrindo sua calça. Seu membro salta para fora, imponente, todo meu. Minha língua o acolhe devagar, com reverência, como se cada gesto fosse um rito entre guerra e desejo.
— Todo seu, meu amor... — A mão dele se enrosca firme nos meus cabelos, guiando o ritmo com a urgência de quem não quer só prazer, mas domínio e entrega. — Eu... eu queria fazer isso de outro jeito, em outro lugar... mas ver você aqui, me chupando, como se fosse o fim do mundo... — a voz dele falha, mais rouca, mais carregada de algo além do desejo. — Caralho, mulher... casa comigo.
A última frase explode no ar junto com os jatos quentes que ele derrama em minha garganta. Meus olhos se arregalam, não tanto pelo gosto salgado e familiar, mas pelo que ele acabou de dizer.
Casamento.
No meio do deserto, de joelhos, com meu rosto ainda entre suas coxas. Nunca imaginei que o momento mais inesperado da minha vida seria também o mais memorável.
Engulo o riso e o prazer da surpresa num suspiro leve. Enxugo os lábios com as costas da mão e, com um sorriso escancarado, sussurro:
— Caso. Caso com você, Simon Riley.
O nome verdadeiro escapa como um segredo sagrado.
Ele ajeita a calça às pressas, sem tirar os olhos de mim, e se ajoelha ao meu lado. O abraço é bruto, quase desesperado, como se tentar me fundir ao corpo dele fosse a única forma de acreditar que esse instante é real. Seus beijos se espalham pelo meu rosto, confusos entre o riso e a euforia, entre o homem e o soldado.
— Você é louco... — digo, ainda sem acreditar, enquanto minhas mãos agarram o tecido do uniforme dele com força.
— Sou. Mas agora sou um louco noivo. E você... é minha.
No fundo, o rádio crepita baixinho, lembrando que o mundo lá fora ainda existe. Mas ali, naquela fresta de tempo roubada da guerra, éramos só nós dois: dois corpos marcados pela dor, duas almas que se encontraram no caos — e que, agora, prometeram se pertencer para sempre.