LAS ALMAS

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Las Almas- México


— Alejandro, — chamou Soap assim que os pneus do avião tocaram o solo quente e empoeirado

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Alejandro, — chamou Soap assim que os pneus do avião tocaram o solo quente e empoeirado.

Sargento MacTavish

Prefiro Soap.

Tenente, a Laswell chama você de Ghost, — completou Alejandro ao se aproximar com o olhar atento.

Na real, o nome que ele prefere é... — começou Soap, com aquele sorriso que escondia mais nervos do que bravata.

Juro que, se ele tivesse terminado a frase, eu teria quebrado seu pescoço ali mesmo, sem piscar.

Ghost tá bom, — cortei, seco.

Essa é a cidade das Almas, — disse Alejandro, gesticulando para o horizonte rachado de calor e concreto.

Nunca estive no México.

Aqui não é o México, — ele respondeu com a voz baixa, quase como uma advertência. — Aqui é Las Almas.

As palavras ficaram suspensas no ar como poeira sob o sol.

O Shepherd mandou reforços. Tão trazendo material. Vão precisar de espaço.

Minha base é sua base, respondeu Alejandro com um gesto generoso, mas o olhar dizia o contrário: tudo ali era vigiado, pesado, desconfiado.

Não sei por que, mas algo nesta missão me pesa diferente. Como se os ossos do passado ainda estivessem enterrados sob nossos pés, pulsando em silêncio. Sei que Hassan é o filho daquele maldito cujo nome minha boca se recusa a pronunciar — o mesmo que tirou Alice de mim, pedaço por pedaço.

Cacei o desgraçado por cada beco, cada fronteira, até encontrá-lo encolhido na casa de civis. Eles o haviam escondido — ou foram forçados a fazê-lo. Não importa. Pagaram o preço. Não por ódio... mas por consequência.

A raiva me tomou naquele dia com uma intensidade que quase me cegou. Quando pus as mãos nele, não havia regras, não havia código, não havia limite. Quis que ele sentisse tudo o que ela sentiu. Quis que ele implorasse, que chorasse, que se desfizesse até que não restasse mais humanidade em seus olhos.

E consegui.

Ele ficou irreconhecível. O rosto desfigurado, os ossos da face estilhaçados pelos meus punhos. Nem mesmo a morte o reconheceria. Talvez nem o inferno.

Mas mesmo depois daquilo, mesmo depois do sangue, da vingança, e do silêncio que seguiu, Alice não voltou.

   Ver o rosto de Hassan acende uma fagulha amarga na minha memória. Não consigo olhar para ele sem que o rosto de outro surja em minha mente — o rosto do carrasco. E, com ele, como uma corrente inevitável, vem Alice.

The Ghost's NightOnde histórias criam vida. Descubra agora