Escape

668 39 6
                                        


Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Assim que Ghost saiu do quarto no meio da madrugada, tentei dormir. O corpo implorava por repouso, mas havia algo mais forte que o cansaço. Um desconforto inquieto se instalava em mim, e não era apenas a ausência dele ao meu lado na cama fria.

Levantei em silêncio, calcei os sapatos e saí do quarto com passos leves. O ar noturno era denso, carregado de uma quietude opressora. Precisava andar, respirar algo que não fosse a tensão acumulada em meus ombros. Talvez, com sorte, o sono me alcançasse depois de alguns minutos vagando.

Meus pés, quase por instinto, me levaram até as proximidades do alojamento onde a Shadow Company estava instalada. Não era minha intenção escutar nada — eu sabia o que se escondia atrás de certas portas. Mas o que ouvi quando me aproximei partiu algo dentro de mim. E ao mesmo tempo, algo nasceu.

— Graves disse que podemos começar depois que eles estiverem um pouco longe. Ele mandou dar um jeito naquela tenentezinha que se acha. O que a gente faz? Tranca ela com os outros?

Naquele instante, o tempo congelou.

Meu corpo se recusava a mover um músculo. Sabia que se fizesse o menor ruído, se deixasse escapar um sopro, eles me encontrariam — e eu não sairia inteira. Deslizei pelas sombras da parede como um espectro, voltando pelo mesmo caminho, cada passo uma luta entre o medo e a necessidade de sobreviver.

Quando já estava longe o suficiente, comecei a correr. Os galpões e corredores pareciam me engolir, e tudo que eu sentia era o sangue martelando nos ouvidos. Cheguei à sala de Alejandro — minha única esperança — torcendo para que a reunião ainda estivesse em andamento. Mas a sala estava vazia. O silêncio ali era pesado, como um presságio.

Entrei sem pensar duas vezes, trancando a porta por dentro. Nenhum soldado fazia ronda naquela ala — nem da Shadow Company, nem mesmo dos Los Vaqueros. O que aquilo dizia, eu preferia não nomear.

Aproxei-me da mesa de Alejandro. Havia um laptop sobre ela. Tentei a sorte: abri a tela — e para meu espanto, não havia senha. O visor acendeu com uma luz fria, quase sobrenatural naquele breu. Meus dedos hesitaram sobre o touchpad por um segundo; eu mal lembrava como se usava aquilo. Mas a lembrança veio: mover a seta, encontrar um programa, clicar. Simples. E vital.

Procurei algum aplicativo de comunicação e, com um alívio trêmulo, vi um contato fixado: Price.

Cliquei. Sentei. O tempo parecia suspenso, o silêncio ao meu redor era o de um campo minado prestes a explodir. Cada segundo esperando a chamada ser atendida era um martírio.

E então, ele apareceu.

O rosto de Price surgiu na tela, e a cor desapareceu de sua face como se tivesse visto um fantasma.

— Price, preciso da sua ajuda — falei sem respirar. — A Shadow Company é inimiga.

— Alice... como? — ele começou, mas eu o cortei. Não havia espaço para explicações doces.

The Ghost's NightOnde histórias criam vida. Descubra agora