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Mariana Rodrigues
📍Maracanã | Casa do Gabriel

Eu passei o jogo todo olhando o celular. O camarote dele estava vazio o que me deu total liberdade pra comer, beber sentar e fazer o que eu bem entendesse.

Vocês vieram?

É uma mensagem dele. Talvez minha mãe tivesse razão quanto a ele querer se sentir apoiado.

Sim, só eu na verdade

Bem, se quiser passar da um oi
e uma carona pra casa
Estou nos túneis a caminho do
vestiário.

Vou tentar chegar até aí

Eu ando, ando e ando. Ando mais um pouco até ver um aglomerado de pessoas e luzes vindas do gramado.

Ele tá parado conversando com várias crianças que estão por aqui, todas abraçadas com ele inclusive meninos com camisetas de times rivais.

A forma com que ele sorri e ouve suas histórias sobre amiguinhos na escola faz meu coração ficar quentinho.

Será que ele não se deu conta do tanto que influencia toda essa gente aqui? Ou ele sentiu o peso de tudo isso? Tá aí o motivo da minha mãe não querer ter vindo. Terapeutas não podem ter qualquer contato ou ligação com os pacientes fora do consultório.

Só as filhas das terapeutas podem.

Fico paradinha num canto por mais alguns minutos observando ele dar atenção a uma criança por vez, a atender os pais com toda educação e enfim notar a minha presença.

Andamos na direção um do outro e meu coração agora parece bater na boca. O corpo suado e as tatuagens reluzentes chamam ainda mais atenção, a tirar por um 9 desenhado ao final da barriga tampado por parte do shorts.

— Pensei que não viria — O olhar dele encontra com o meu me fazendo corar.

— Bom, aqui estou. Me desculpa mas eu não entendo nada do que aconteceu lá em cima — Prendo os lábios e ele sorri genuinamente.

— Poxa uma pena, foi um jogo lindo.

— Bom, você é meio suspeito pra falar — Sorrio — Mas venceram?

— Com certeza, talvez você tenha me dado sorte — Ele da mais um passinho e fica tão perto que sinto sua respiração soprar com a minha.

— É. Hum. Talvez — Agora é como se eu tivesse desaprendido a falar.

— E a carona? Hum? — Seus dedos tocam os meus de leve e meu corpo se arrepia. Porra o que esse homem tem em?

— Acho, é, acho melhor eu ir de Uber.

— Faço questão, Mariana — O sotaque paulista me faz imaginar coisas inimagináveis com esse homem — É perigoso você pegar Uber em dia de jogo. Você sabe, não sabe? — O polegar toca a minha bochecha de uma forma reconfortante.

— Tá insistindo muito — Reviro os olhos.

— Vou entender isso como um sim, volto em vinte minutos — Ele deixa um beijo no canto da minha boca e sai.

Cartas para a minha garota | Gabriel Barbosa (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora