(Escrevi esse capítulo ouvindo Anchor-Novo Amor, então já sabem, no repeat)
Hoje faz exatamente um mês desde que tudo aconteceu.
1 mês.
Eu já perdi uns 5kg tranquilo. Tenho feito tudo no automático, ficado sozinha, completamente isolada no meu apartamento e só saio daqui pra ir pegar um sol na orla da praia.
Tem uns três testes de gravidez na bancada da minha pia que eu comprei a alguns dias.
E não estou ficando maluca. Eu só sonhei outro dia com crianças e me lembrei que meu ciclo menstrual tá atrasado e talvez uma gravidez explique meus hormônios a flor da pele.
Acho que cheguei no meu fundo do poço porque me assusta. Como isso me assusta. Me deixa tonta e faz perder o ar.
Como eu vou criar uma criança? Minha mãe já me odeia por eu amar quem ela não aprova imagina se sonha com um filho dele? Eu tô perdida, completamente sem rumo.
Essa semana quando eu fui no jogo e desci pra ver ele, eu queria ter contado do que desconfiava, queria ter dito a ele que acho que estou grávida e ter tido uma conversa.
Mas tenho medo disso, da minha mãe...
- Mari? - é a voz dela e eu travo - O porteiro me ligou disse que quase não tem te visto, tá aí?
Ela sempre teve a chave da minha casa e eu passei por um mês todo esperando o momento dela entrar por aquela porta, que agora que chegou eu não consigo me mexer.
- Tô. Eu tô aqui - encaro meu reflexo no espelho. Eu tô acabada, meu cabelo preso cheio de no, cheia de olheira.
- Tá tudo bem? Minha - Ela congela na porta assim que me vê e vê os testes em cima da pia - Mariana, vem cá minha filha.
Ela me abraça apertado. Me ajuda com um banho, me entrega uma roupa quentinha e senta na cama comigo assim como fazíamos quando eu era criança.
- Desculpa por ter sido uma imbecil com você - Ela começa - Só que, a ideia de te ver indo me assustou, assustou muito, você sempre foi a minha menina e eu só queria te proteger filha.
- Eu tô arrasada mãe. Tô com medo de tudo, tudo saiu do meu controle, não sei. Não sei mais quem eu sou ou o que vou fazer - Respiro fundo.
- Você sabe o que fazer, só é difícil porque a gente deixou chegar a a esse ponto.
- E se o Gabriel não me quiser mais? Se eu falar pra ele que acho que tô grávida e ele já estiver com outra? Todo mundo sempre me abandonou porque agora seria diferente?
- Porque agora você encontrou quem te ama filha, quem te ama de verdade. Ele pediu que eu te entregasse uma coisa.
- Vocês se viram?
- A alguns dias. Eu vou te deixar à vontade pra ler o que tem aí, qualquer coisa estou na cozinha.
Ela pega de dentro da bolsa e me entrega um caderninho e eu me lembro de já ter visto ele. É o caderno que o Gabriel escrevia na terapia.
Meu coração tá a ponto de sair pela boca quando ela sai do quarto. Nas primeiras páginas só tem alguns rabiscos, alguns desenhos desconexos, círculos... lembro dessa fase, foi assim que ele começou a ir e achava um saco ter que ficar sentado lá com a minha mãe, olhando pra ela.
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Cartas para a minha garota | Gabriel Barbosa (EM PAUSA)
Fiksi PenggemarE QUANDO tudo parece desmoronar, a quem você recorre? Gabriel se vê perdido em meio a uma fase que parece nunca ter fim, seu time passa por um ano ainda mais turbulento acarretando ainda mais tudo o que já está ruim. As críticas constantes e as cobr...