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(Tem um recadinho pra vocês no final! Leiam e não deixem de comentar, os comentários de vocês nos capítulos mantém a história viva)

Mariana Rodrigues
📍Ninho do Urubu
(Para melhor experiência ouçam
LOVE - Kendrick Lamar)

Alguns dias já se passaram desde o episódio da lancha, do mar e dos beijinhos - muitos beijinhos por sinal - e ele simplesmente desapareceu.

Não tem frequentando as sessões de terapia, não responde minha mãe quando manda mensagem ou liga e eu é que não vou atrás dele.

Ele já é bem grandinho, sabe que precisa responder e atender todas as suas obrigações.

E não vou negar também que fiquei chateada por ele me beijar num dia e desaparecer no seguinte. Claro, isso já me aconteceu outras milhões de vezes e eu nunca me importei mas poxa, ele me pareceu ser tão, diferente.

Se eu tivesse alguém com certeza bateria na minha cara agora e me diria pra acordar, que eu sou um mulherão da porra e não preciso disso.

— Ma. Preciso que me leve até o negócio lá do Flamengo — Minha mãe olha, quase implorando.

— Que negócio mãe? Na Gávea? É um pulinho daqui até lá, vai de Uber.

— Não filha, no outro lugar que tem os campos de futebol — Pronto, era só o que tava faltando — É meio longe daqui e minhas varizes estão me matando essa semana — Ela faz um bico do tamanho do RJ.

— Vamos mãe — Eu preciso fazer a egípcia já que ela não pode desconfiar, não pode saber, não pode nem cogitar a ideia de eu ter qualquer contato com o paciente queridinho dela.

Sermão de um milhão de anos por ela ter que dispensar ele, sermão por ser antiético, sermao por isso poder atrapalhar o desempenho dele na terapia, sermão por ela achar que beijo já é sexo... sermões eternos sobre todos os assuntos e possibilidades possíveis.

Vou evitar.

— Só me diz uma coisa aqui, tá indo fazer o que lá? — Destravo as portas.

— Noda Mariana, pra que você carrega tudo aqui dentro desse carro? Meu Deus menina — Ela reclama jogando a bolsa, toalha, biquíni, chinelos, sacolas e todo o resto pro banco de trás — Foi a praia quando?

— Isso tá aí já tem meses mãe — Fui semana passada com seu paciente.

— Tem que tirar daqui, esse carro é tão lindo pra tá poluído desse jeito. Tenho medo de sentar aqui e sair uma cobra.

— É meu bebê com tudo dentro mãe, se soubesse tínhamos ido na sua banheira — Nos começamos a rir.

Apelidei a BMW dela de banheira, fala sério essas X1 são o puro suco da cafonice, enormes como uma banheira que cabem 6 pessoas. Feia, muito feia.

— Banheira é esse seu carro aqui — Ela retruca ainda rindo.

Eu gosto do meu Corolla Cross, espaçoso, tem teto solar, cabe tudo dentro, não me deixa molhar... tudo que eu sempre quis. Básico. Eu gostava na verdade muito mais do meu antigo.

A gente demora uns quarenta minutos no trânsito até que chegamos no CT. O caminho é bonito, cheio de árvores e de paz.

Na portaria somos identificadas com um crachá de visitante e a nossa entrada é liberada.

— Não me respondeu o que veio fazer aqui mãe — Volto ao assunto.

— A convite do novo técnico, querem me oferecer um cargo no quadro de funcionários e vim pra uma reunião — Meu queixo vai no chão.

Cartas para a minha garota | Gabriel Barbosa (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora