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-Não vou te deixar sair daqui assim, não desse jeito e não a essa hora.

-Gabriel! Sério, só me deixa aqui. Eu já tô acostumada com tudo isso então é só me deixar, já já passa, seus amigos estão todos ai e sua namorada também.

-Pronto, então eu vou pra sua casa com você.
-Me deixa em paz, será que você pode! – Me ouço gritar e tenho certeza que os vizinhos também. Todo o choro se transforma em raiva, em ódio.

-Não posso, não assim. Pode gritar comigo, eu tô bem aqui e não vou pra lugar nenhum – Ele se apoia no carro e cruza os braços na frente do corpo de forma leve, despreocupada – Me diz, me conta o porque de você está assim.

-Jura Gabriel? – A vontade que eu tenho agora é de entrar nesse carro e passar por cima dele.

-Juro, preciso que me diga pra que possamos e resolver.

-Sério que você vai agir como um mimado? Vai fingir que não me viu lá em cima quando beijou e se aproximou ainda mais daquela garota? Quando não teve nem a decência de me mandar uma mensagem ou de me dizer pelo menos um boa noite. sério que vamos agir assim?

Minha respiração falha, meu peito sobe e desce rápido demais e sinto que estou pronta pra explodir.

-Eu sou assim Mariana. Eu não sei ser diferente, eu não sei agir legal com as pessoas que me rodeiam e me fazem bem, eu sempre acabo fazendo merda, eu desaponto todo mundo sempre.

-E ai você pensou que seria uma ótima ideia fazer aquilo e depois descer atrás de mim só porque seu amigo te disse? Poxa, me desculpa se você tem vinte e poucos anos e não consegue agir com o mínimo de decência com quem gosta de você.

Eu volto a chorar, todo esse lugar escuro em que eu entro me fazem acessar memórias e coisas que eu nem me lembrava que sentia. Me lembram do meu primeiro namorado, me lembram da minha adolescência, dos grupos de escola que eu era deixada de lado, de quando eu me isolei na faculdade por não ter o mesmo nível das garotas.

Tudo isso me faz pensar no quanto sempre fui substituída fácil.

E dói, dói porque eu queria que ele fosse meu apoio agora, fosse meu arco íris no meio da chuva e ele não é. Não pode ser agora porque assim como eu, ele também está quebrado, ele também está podre e se eu pudesse faria todo o possível por ele agora, pra que ele entendesse, pra que não vesse e sentisse tudo isso.

Eu volto a chorar, já não vejo mais nada por conta das lágrimas e ele me puxa pra perto e me prende dentro de um abraço, apertado, forte, como quem quisesse me dizer que estava tentando, que vai tentar.

-Vem, entra comigo. Tá frio aqui fora.

E eu nem tenho forças pra dizer que não. Ele pega a chave do carro e minha bolsa.

Caminhamos até um quarto nos fundos da casa, ele deixa minhas coisas lá, pesca dois roupões e anda comigo até a hidro.

Cuidadosamente ele desabotoa as minhas sandálias, tira meu vestido, desce sua roupa e me ajuda a entrar.

Eu choro mais, muito mais do que lá fora e me culpo por estar fazendo ele se sentir culpado, por eu estar assim.

-Me desculpa por isso – Digo tão baixo que mal posso me ouvir.

-Sinto muito por fazer você se sentir assim Mari – Ele me aperta um pouco mais dentro do abraço e respira fundo – Não sei se eu posso ser tudo o que você merece, não quero te machucar, quero ser alguém bom pra você.

Conforme ele fala, ouço seu coração acelerar como quem faz isso e fala de sentimentos pela primeira vez. É novo pra mim, é novo pra ele...

-E eu tenho medo de fracassar aqui também, de pedir pra você esperar eu ficar bem e chegar outra pessoa, eu sei desse risco, sei que não me esperaria pra sempre. Você vê meu lado ruim, você vê tudo em mim e nunca fugiu, não quero que se sinta substituída comigo, você sempre vai ser única aqui.

Não tenho coragem de olhar pra ele, mas sei que ele esta chorando agora. Dói se sentir assim, encheríamos facilmente essa hidro com todas essas lágrimas. Eu só fico quietinha dentro do abraço dele, em silêncio por um longo tempo.

-Olha pra mim – Eu me sento de frente pra ele e encaro seus olhos vermelhos – Você é única na minha vida e única pra mim, ok? Não sei falar do que sinto mais sei que você me entende se você sentir que é demais pra você, que você vai sofrer eu te deixo ir.

- Eu – Respiro fundo – eu não quero ir sem você, gosto da gente Gabriel muito mais do que eu queria e – Acaricio seu rosto com o meu polegar – Te deixo livre caso algum dia não queira estar comigo, eu sempre vou te entender.

E ele só me abraça, abraça pra dizer que não quer que eu vá, que não quer que isso acabe, que quer que eu o desculpe por hoje e o jeito com que eu o abraço de volto e deixo beijinhos no seu ombro diz que está tudo bem, que vamos ficar bem.

-Preciso ir — Ameaço me afastar mas ele me puxa de volta.

-Fica. Dorme comigo — Nossos lábios quase encostam quando alguém abre a porta da hidro.

-E aí cara nós tamo te procurando já tem um... o Gabi desculpa aí, não sabia que tava acompanhado.

Gabriel só olha de canto de olho, o cara se toca e sai de fininho e eu me seguro pra não dar risada. A gente tá pelado, eu vim sem sutiã, não uso calcinha e o Gabriel tirou toda a roupa dele também.

-Quer entrar? — Me pergunta, sua mão fria passeia pela minha cintura e me causa arrepios.

-A gente pode ficar?

Sento no seu colo, nossas testas estão coladas. Fica difícil respirar, meu peito sobe e desce rápido demais, parece que estou prestes a perder minha virgindade.

Ele não se move abre os braços na borda da hidro e não desvia o olhar do meu. Eu prendo um gemido na garganta quando me mexo e sinto sua intimidade contra a minha.

Arfo quando ele entra perfeitamente em mim e eu sento devagar. Minhas unhas cravam no seu pescoço, ele não se move, não deixa de analisar cada detalhe meu enquanto eu sento com maestria.

Minhas pernas tremem, a sensação de orgasmo toma conta de mim e é quando ele me puxa pra perto pelo pescoço.

-Olha pra mim, não fecha os olhos tá bem? Quero que veja tudo o que é capaz de fazer — Diz no meu ouvido e eu me controlo ao máximo quando gozo, tudo em mim treme e ele não me deixa parar.

Suas mãos agora estão uma em cada lado da minha bunda controlando o ritmo e caralho, essa coisa de contato visual é poderosa, me diz mais que um milhão de palavras.

Quando ele sai de mim e goza sem desviar o olhar, quando eu deito no seu ombro e ele beija cada pedacinho que pode e alcança do meu corpo me dizem coisas demais.

Entendo porque ele não gosta de falar.

______
Alô? É da terapia?
isso ainda vai ser tema de muitas conversas!!

Spoiler: Gabriel voltando pra terapia e começando a escrever tudo o que ele gostaria de dizer pra todo mundo... vou tentar em cada capítulo deixar um trechinho no final do que eu imaginei... 

Beijos, até qualquer hora.

Cartas para a minha garota | Gabriel Barbosa (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora