(Este capítulo possui uso de substâncias ilícitas, se você não é a favor ou isso possa te gerar gatilhos peço que não leia)
Mariana
Já se passaram algumas semanas desde a conversa com a mamãe e tudo o que eu soube. Tenho tentado ao máximo não deixar com que isso me afete, com que o Gabriel não saiba.
Eu sei que o antigo relacionamento dele terminou por conta de traição de ambos os lados. Não me interessa muito quem traiu primeiro, mas a gente sempre fica com aquela sensação de e se.
E se eu tiver me entregando muito.
E se estivermos indo muito rápido.
E se...
Pra quem é inseguro como eu sou, isso é uma espécie de tortura. Mas aqui estou eu, no elevador com ele me esperando lá em baixo pra fazermos alguma coisa que ele não soube me explicar direito.
- Sua carruagem chegou princesa – Ele está escorado no carro, a roupa oversized e o chinelo me diz que ficaremos de boa em algum canto e graças a deus por isso. Meu vestido midi azul céu e minha sandália de dedo não me permitiriam ir muito além.
- Só resta saber onde vamos – Me aproximo e ele não faz nenhum esforço pra se abaixar e sorri comigo na ponta dos pés até nossos lábios se encontrarem.
- Lá em casa, a psicóloga disse que seria bom eu mostrar um pouco mais de quem eu sou pra quem eu estou conhecendo e acho hoje a ocasião perfeita – Ele abre a porta do passageiro.
- Gabriel, a gente está indo fazer o que eu to pensando que estamos indo fazer? – Semicerro os olhos e ele se joga no banco do motorista. Ao invés de me responder ele sorri e abre o teto solar.
Sinto uma coisa estranha, um geladinho no meu estomago quando ele acelera a Porsche. Eu deveria odiar isso, não sou tão fã de viver aventuras no trânsito mas caramba! A forma que ele aperta o volante, que acelera pela via e o vento bate no meu rosto faz com que eu me sinta a personificação perfeita de Only Girl In The World.
Eu quase vou de Santos quando ele passa a centímetros de um carro e to prestes a surtar com tamanha irresponsabilidade.
- She said "Do you love me?" I tell her, "Only partly" I Only love Mahbed and my momma, I'm sorry (ela disse "você me ama?" eu disse "parcialmente", eu só amo a minha cama e minha mãe, sinto muito) – A forma com que cantamos em perfeita sincronia e gesticulamos me faz sorrir.
Ele estaciona.
- Olha – ele começa a dizer enquanto abre a porta do carro e estende a mão pra me ajudar – Quero que se sinta a vontade.
- Gabriel não é um encontro com seus pais ou um casamento surpresa como aquele que a Maira Cardi fez né?
- Ainda não. Ai dentro ta o meu pessoal de sempre, o de sempre mesmo – Gosto de como ele enfatiza o sempre com o sotaque paulista e de como usa isso pra dizer que são "os de verdade" dele – e queria que você estivesse aqui hoje.
- E vamos fazer o que exatamente? Porque nossa, que medo de abrir a porta e a gente dar de cara com o pastor – Paro no meio da porta de entrada e semicerro os olhos.
- Vamos só, ser a gente. Comer, beber e agora que você já está aqui e não tem como fugir – Ele fecha a porta de entrada atrás de mim – A gente usa algumas coisinhas.
Ele ta apreensivo com medo de eu rejeitar, como se eu fosse aquelas mães caretas que descobrem o filho fumando narguilé escondido com os amigos. Mas não é narguile e ele não é meu filho e ele age como se eu e o RJ todo não soubéssemos o que rola as vezes nesses roles. Aquele uruguaio do time mesmo diz que tem um sasicha tem cara de quem fuma com farinha.
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Cartas para a minha garota | Gabriel Barbosa (EM PAUSA)
FanfictionE QUANDO tudo parece desmoronar, a quem você recorre? Gabriel se vê perdido em meio a uma fase que parece nunca ter fim, seu time passa por um ano ainda mais turbulento acarretando ainda mais tudo o que já está ruim. As críticas constantes e as cobr...