-Você nunca me levou na sua casa – Ele começa a falar dentro do carro enquanto estamos a caminho do CT.
-Você nunca pediu, pensei que não seria tão importante assim, o cinto Gabriel – Paro o carro no sinal.
-No meu carro não precisamos disso – Ele revira os olhos.
-No meu sim, onde foi que te venderam sua habilitação?
-Tá me tirando? Amanhã vamos vir no meu carro – Ele cruza os braços, faz bico e me encara de canto exatamente como aquela criança do meme sentada no sofá.
-Isso é um convite pra dormir com você de novo? – Arqueio as sobrancelhas.
-Bem, se você diz, seria uma ótima ideia – Ele levanta as mãos em sinal de rendição – Poderíamos fazer isso na sua casa hoje.
-Acho uma ótima ideia, você paga a janta.
-Sim senhora – Entro no estacionamento do CT – Mamãe.
- Olha ela agora tem uma vaga com o nome dela.
-Sim e o carro dela ta parado lá – Digo procurando meu celular dentro do carro, ela deve ter me ligado um milhão de vezes.
-Tá preocupada com o que? – Sua mão e pousa na minha perna e a onda de calmaria toma conta de todo o meu ser – Calma, ta parecendo uma doida.
-Hum, verdade – Eu respiro fundo mas sei que assim que eu cruzar com ela vou ouvir que sou de irresponsável pra baixo.
E isso mexe comigo, ele não sabe e não faz mínima do porque de eu me preocupar tanto assim, ou de eu estar assim. Mas isso é assunto pra outra hora.
Meu celular não tem nem sinal de bateria então no mínimo ela deve ter achado que eu me mandei do país ou tô perdida em algum canto sofrendo e chorando.
Estaciono na vaga livre mais longe possível da porta de entrada e ele sorri enquanto eu reluto pra alinhar o carro, quase pede pra fazer isso no meu lugar mas já sabe que não vou dar o braço a torcer.
Ele desce, da a volta no carro E SEGURA A MINHA MÃO. Meus divertidamente agora estão em êxtase na sala de controle. Eu quero olhar pra isso, quero guardar cada momentinho dessa sensação porque eu nunca fui essa garota.
Chegamos na porta e ele sorri ao soltar minha mão, decidi que vou acompanha-lo até a porta de sabe Deus onde ele vai, quando viramos o corredor e dou de cara com a minha mãe.
- Menina onde foi que você se meteu ontem? Caramba Mariana eu tava quase procurando a polícia – E veio ai.
-Eu to bem mãe, bom dia pra você também.
-Pelo amor de Deus quanta irresponsabilidade, custa mandar uma mensagem? Não sei pra que tem celular, já te disse que ainda vou quebrar isso porque não me avisa onde vai...
E eu bloqueio minha audição automaticamente, ela ta aqui falando e falando e eu diminuindo cada vez mais, como se eu tivesse 15 anos de idade e fosse uma completa idiota.
Como se, sei lá. Eu silencio tudo ao meu redor, tenho pavor de tudo o que ela me diz porque quando ela não pode me controlar ela dá esse show.
De verdade, não queria que o Gabriel presenciasse isso.
Eu caio na real quando seu dedo mindinho toca o meu, ela já não tá mais aqui e eu solto a respiração que eu prendia.
-Ta tudo bem? – Eu não respondo – Vem, ainda tenho um tempo antes do treino começar, quero te mostrar uma coisa.
Ele segura a minha mão e sendo bem sincera, ser vista por aqui com ele e se minha mãe souber disso ou não pouco me importa agora. Descemos pros gramados e ele fala com alguém que pilota aqueles carrinhos de golf estranhos. Vamos mais ao fundo do CT nos campos das categorias de base.
-Uma vez por semana eles treinam aqui, são de uma escola aqui perto então sempre que alguma coisa lá em cima não funciona muito bem eu desço aqui.
São crianças, criancinhas, piticas. Devem ter entre 4 e 5 anos. Estão todas enfileiradas esperando o comando do professor pra poderem começar a corrida.
- Vem – Ele me ajuda a descer – Só segura a minha mão pra eu não te perder no meio deles – Eu sorrio e deixo um tapa no seu braço.
-Quer andar de mãos dadas é só pedir.
-Tio Gabi – Uma criança o vê e pula no colo dele.
-E ai cara, toca aqui – Os dois se cumprimentam e eu tô com um sorriso tão bobo no rosto que minhas bp0checvhas vao doer amanhã.
-Quem é ela? – O menino pergunta descendo no chão.
-Eu sou a Mariana – Estendo a mão e ele faz um toca aqui.
- Sua namorada tio Gabi? – Ate aqui?
-Ainda não Davi.
-Minha mãe me disse que ainda quer dizer que então ela ser algum dia, vocês dois vão namorar? – Essa criança tem quantos anos? Meu Deus.
- Quem sabe Davi – Gabriel cutuca minha costela.
- Que pena! – A criança responde.
- Pórque? – Pergunto no impulso.
- Porque minha irmã lá em casa vive dizendo que um dia vai casar com o tio Gabi, se vocês dois namorarem ele não vai mais poder ser meu cunhado – A criança faz um bico engraçado e eu caio na risada.
- Ta ficando estranho esse assunto – Ele diz entre dentes.
- Tem problema se eu ficar aqui no canto observando?
- Jamais, mas se quiser vir comigo – Ele estende a mão como convite e eu o sigo.
-Gente sabia que o tio Gabi vai namorar – A criança corre na nossa frente berrando pra todo mundo que ta aqui ouvir.
Todos correm na direção dele que por pouco não é derrubado.
-Quem é essa tio? – Outro menino pergunta.
- Eu sou a Mariana – Me apresento.
- O tio podia te dar uma camiseta dele ai vocês iriam andar com roupa de casal igual meu pai e minha mãe andam sabia?
- A gente é amigos.
-Eu e a Clarinha lá da minha escola também somos, a gente prometeu que quando a gente tiver idade vamos andar de mãozinhas dadas.
- O tia – Outro me cutuca com os dedinhos – Sabia que o tio Gabriel já me levou la na casa dele? Levou todo mundo aqui pra almoçar? – Eu concordo.
- Tia foi muito maneiro, ele tem um urso do meu tamanho de decoração na casa dele – Então...- Outro dia nós entramos no jogo também, foi tão legal.
E agora eu tô sentada em frente a um monte de menininhos me contando histórias sobre monstros, fadas do dente, coelhinho da pascoa, sobre como gostam de dormir e o que mais gostam de lanchar. Estou tão distraída que não percebo o Gabriel se levantar e ficar me observando de longe.
Um deles pede pra tocar no meu cabelo e logo todos querem fazer o mesmo e logo eu estou toda descabelada.
Me despeço de todos com a promessa de que vou voltar aqui na semana que vem.
-Ta melhor?
-É isso que você faz pra esquecer do mundo? Caramba. Acho que não me sinto assim a muito tempo.
-É bom né, lembra a gente de que nem tudo precisa ser preto no branco, que a vida é pura.
- Poxa a mini Mariana que mora dentro de mim ta louca de feliz, nunca tive amizades assim na infância. Obrigada por isso.
-É bom te ver bem – Ele entrelaça seu braço na minha cintura, me puxa pra perto e beija o topo da minha cabeça.
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Eu acabei de escrever isso aqui pra encaixar com o restante.O que estão achando?
A relação da Mariana com a mãe não é ruim e não a odeiem! Vocês vão entender tudo já já, prometo 🫶🏼
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Cartas para a minha garota | Gabriel Barbosa (EM PAUSA)
FanfictionE QUANDO tudo parece desmoronar, a quem você recorre? Gabriel se vê perdido em meio a uma fase que parece nunca ter fim, seu time passa por um ano ainda mais turbulento acarretando ainda mais tudo o que já está ruim. As críticas constantes e as cobr...