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Para melhor experiência ouçam
Safe And Sound - Taylor Swift

Meu telefone toca me fazendo tirar a atenção que dou pro filme clichê que passa na TV. No visor o nome do Fabio e isso me acende um milhão de alertas.

Não tenho contato com eles a alguns dias por escolha própria, acho que eu precisava passar um tempo sozinha e sei lá, tentar me acostumar com a ausência do Gabriel mesmo isso parecendo impossível.

- Você ta em casa? – É a primeira coisa que me pergunta quando atendo.

- É, sim. Tá tudo bem? – Dou um pulo do sofá.

- Não – O Gabriel, meu coração aperta e eu já saio procurando qualquer roupa pra eu me enfiar dentro.

- Onde você ta? – Pergunto.

- No apartamento dele aqui na Barra.

- Me manda a localização? Chego num instante ai.

O próximo passo é fazer tudo no automático. Vestir qualquer roupa, pegar qualquer sapato, pegar a chaves e sair.

E eu sinto o que ta acontecendo com ele daqui. É como se fosse comigo, como se fosse com o meu coração que ele estivesse nas mãos e apertasse um pouquinho toda vez que sofre.

Enquanto o elevador desce eu só consigo pensar no fato de que eu poderia ter evitado isso tudo. Que merda Mariana.

Estaciono pra fora do prédio e aparentemente minha entrada já foi liberada porque nem preciso me identificar.

O mundo todo ao meu redor está em silencio absoluto. As pessoas que estão comigo no elevador conversam mas não ouço nada, meu coração bate na garganta e quando chego no andar respiro fundo antes de sair.
A campainha soa dentro do apartamento e não demora muito pro Fabio abrir.

- Eu fiz o que pude Mari, nada surtiu efeito. Ele não bebeu tá? Só... desabou.

Eu não consigo prestar atenção no Fabio, só entro apartamento a dentro e o encontro no final do corredor. Ao contrário da ultima vez, não tem nada quebrado. Só ele.

Ele ta sentado no chão frio, desesperado, com os punhos cerrados e com um choro que parece que jamais vai cessar.

Chamo seu nome por algumas vezes mas não surte efeito. O mundo agora ta em silêncio pra ele.

Desfaço seus punhos e me sento na sua frente.

- Bi? Sou eu, eu tô aqui – Volto a tentar desviar sua atenção pra mim.

Ele não me olha, aperta tanto os meus dedos que acho que minhas mãos devem estar sem circulação e a única maneira que eu consigo pensar agora pra acalmar ele é o envolvendo num abraço.

Meus braços são pequenos, eu fico de joelhos e o envolvo e aperto o máximo que eu posso.

- Tá tudo bem Bi, eu tô aqui, vai passar. Só, tenta respirar ok? – E ele finalmente me abraça de volta.

Dói, dói tudo aqui dentro. Dói na minha alma estar aqui nesses momentos. Dói não poder saber os motivos e curar onde dói nele. Dói.

Ficamos aqui não sei exatamente por quanto tempo.

- Vem, vamos tomar um banho, tirar essa roupa – Eu me levanto na sua frente e ele assim como eu antes de sair de casa faz tudo no automático.

Segura minha mão, anda comigo até o banheiro.
Eu o ajudo a se livrar da roupa de viagem que ele veste. Ligo a hidro que tem aqui e quando ele se acomoda e eu ameaço por um segundo sair daqui só pra pegar a toalha ele segura meu braço.

O olhar dele me passa tanta tristeza, tanto cansaço. Ele ta destruído e meu Deus, como eu queria amenizar isso pra que ele não se sentisse mais assim.

- Não vai não – Diz baixinho. Eu só entendo por conseguir ler seus lábios - fica.

Eu fecho a porta, tiro minha roupa e entro junto dele.

E é engraçado como eu tento o acomodar no meio das minhas pernas num abraço, meus braços são curtos mas parece reconfortante pra ele quando me abraça pela cintura.

A água morna nos envolve e ele aparenta estar mais calmo.

- O que houve? Quer me falar – Ele respira fundo e aperta minha cintura mais um pouco – Bi? Sou eu tá bem?

- Eu só. Meu pai.

Agora quem respira fundo sou eu, com medo de tudo isso ter um motivo: nossa relação.

- Depois do jogo a gente acabou se desentendendo – Sua voz sai baixinha, mais baixa do que o normal – Por ele me cobrar, fazer questão de me apontar as coisas que eu já sei, por me dizer exatamente o que eu tô cansado de ouvir.

Meu coração se despedaça no momento que eu caio na real disso que ta acontecendo aqui.

- Eu só queria que a gente conseguisse ter uma relação pai e filho de novo, sem tanta cobrança, sem eu sentir que eu jamais vou poder fazer alguma coisa direito e poder ser quem eu sou outra vez sabe?

- Eu sei, e você sabe que eu tô aqui pra você poder ser você comigo, não sabe?

- De que adianta Mari se você se afastou e eu nem sei ainda o motivo disso – Silêncio, absoluto silencio porque o motivo do meu distanciamento é o mesmo que deu o gatilho da crise dele e sei que entrar nesse assunto agora é uma má ideia.

- Eu tô aqui agora Bi, não tô?

- Tá, e acho que nunca vou me perdoar por deixar você me ver nessa situação outra vez.

- Olha pra mim Bi – Ele levanta o rosto o suficiente até que nossos olhares se encontrem – Não é nenhum pecado você estar assim. Seu pai, bem, parece que precisam de uma conversa até que ele entenda o seu lado e você não é uma pessoa ruim, digo isso de todo o meu coração.

Os olhos dele estão marejados e ele tenta segurar as lagrimas o máximo que pode.

- Você é a pessoa mais doce e genuína que eu tive o prazer de conhecer Bi. Acho que demoraria um milhão de vidas até que eu pudesse encontrar alguém assim outra vez.

E eu queria gritar aqui pra ele agora que eu o amo, amo muito, muito mais do que ele imagina, que acho que não posso viver mais um dia se quer sem que eu o tenha comigo, que esses dias longe dele foram a maior tortura que eu já vivi na vida. Mas não posso fazer isso agora, não com ele nesse estado, pra ele não pensar que tudo isso ta sendo dito no calor do momento.

- Você Gabi, é tudo, é o centro, é digno de amor, de cuidado, de carinho, de respeito. Por mais impossível que isso pareça agora, você merece o melhor do mundo. Seu pai sabe disso, ele só precisa entender que as vezes ser rude não compensa e isso só com muita conversa.

- E eu não posso fazer isso, não quero que ele me veja fraco.

- Por isso você veio pra cá?

- Eu ia pra sua casa mas – Ele desvia o olhar do meu – Não sabia se podia, você sumiu – Um tiro doeria menos.

- Eu quero ser sempre seu porto seguro Gabriel, sempre – Acaricio seu rosto e limpo algumas lágrimas da sua bochecha – Pode ser meia noite ou meio dia, minha casa e eu sempre estaremos disponíveis pra te receber.

E eu mudo de assunto, foco em outra coisa pra não falar o que eu sinto.

Ele me abraça outra vez, forte, apertado.

- Você tem razão – Diz baixinho.

- Sobre o que? – Meus dedos afagam seu cabelo.

- Sobre ser porto seguro. Você é o meu. E quando eu estiver bem, quero ser o seu também porque – Ele para e parece pensar no que dizer – Eu amo você como nunca amei ninguém.

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Gabriel falando até eu te amo? Temos

Mas quando a gente da dois passos pra frente volta cinco pra trás 👀

Beijos!
Bom final de semana

Cartas para a minha garota | Gabriel Barbosa (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora