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Já tem um tempo que estou acordada, completamente imóvel. Não sei quando, nem como e que horas subimos pro quarto do Gabriel.

O quarto ta uma verdadeira bagunça, toalha pra todo canto e minhas pernas doem, doem muito e com a dor vem a lembrança que transamos a madrugada toda, por toda a casa, em todos os cômodos possíveis.

Gosto disso aqui, da sensação que o Gabriel me causa, de como ele me olha, de como me deseja e faz com que eu me sinta confiante sempre que tem oportunidade.

Ele sabe das minhas inseguranças e eu nunca precisei dizer nada a ele, nada relacionado ao meu corpo, nunca nem cheguei a mencionar... ele só é incrível.

E quem me vê falando assim pensa que ontem eu nem tive vontade de matar ele.

-Tá pensando em que? – Ele pergunta com a voz rouca enquanto me puxa mais pra perto.

-Nada, não queria levantar e te acordar.

-Vamos na terapia comigo? – Eu abro um sorriso com a pergunta.

-Mas é obvio, só não podemos ser um casal lá.

-Sua mãe né... me esqueço sempre desse detalhe.

-Eu também, mas não deixa de ir por isso. Sempre que quiser ir e estiver sem coragem pode me ligar, eu vou com você.

-Uma vez alguém me disse que o fundo do poço é muito mais bonito quando alguém enfeita com a gente – Ele cutuca minha costela e um sorriso ilumina meu rosto.

Eu disse isso, e ele lembra.

Será que lembra das coisas que eu disse pra ele enquanto ele dormia? Que eu converso com ele sempre que ele adormece e conto pra ele sobre tudo? Espero que não.

Enquanto ele toma banho eu tenho a brilhante ideia de pegar minha bolsa SOS dentro do carro.

Sim amigos, uma bolsa SOS com roupas, um sapato, calcinha limpa, itens de higiene pessoal, perfume, maquiagem, tudo! Sempre ando com isso no carro pra dias como o de hoje que durmo fora de casa e preciso sair cedo.

-Eu vi ontem ele colocando aqui – Converso sozinha enquanto procuro as chaves no quarto dos fundos.

- Oi – Não deixo de gritar com o susto – Me desculpa – A moça sorri simpática.

-Tudo bem, sem crise – Forço um sorriso.

-Eu sou a Rose, trabalho aqui na casa do seu Gabriel.

-Sou a Mariana.

-Você é a namorada dele?

-Não, não. Nós dois somos bons amigos – Ai pelo amor de Deus porque eu só não fiquei quietinha lá dentro.

-Vem, vamos tomar um café.

-Não, eu já tô de saída só queria minhas chaves mesmo – Volto a procurar por todo canto e não encontro e fala sério, como eu vou sentar pra tomar café com uma toalha na cabeça e meu vestido amarrado no meio dos joelhos.

Deus é mais.

-Vem, estamos só eu e você eu te arrumo alguma coisa do seu Gabriel se tá com vergonha da roupa – Ela me tira fora do cômodo – Vem cá.

Andamos até a lavanderia e ela me entrega uma camiseta toda preta, na frente tem escrito Stake e eu nem faço ideia do que seja isso. Visto e como esperado ela fica igual a um vestido pra mim.

Ela anda comigo até a cozinha e faz questão de me acomodar em uma cadeira em frente ao balcão, acrescenta mais um prato.

-Toma café? Chá? Leite? – Oferece.

Cartas para a minha garota | Gabriel Barbosa (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora