♤ Mãos de fada ♤

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♤Pov: Mal♤

Depois de um banho demorado, e devidamente recomposta, tomei café com Ben e ele me mostrou como chegar até a cozinha através das passagens secretas. Afinal os guardas ficariam alarmados se vissem uma garota saindo tão cedo do quarto do príncipe, que eles sequer sabiam como havia entrado.

Benjamin foi convocado para uma reunião com o conselho, que segundo me contou já havia sido adiada ao máximo e agora os membros não suportavam mais esperar. Ele havia planejado um dia cheio de atividades em casal, mas isso acabou destruindo seus planos. Não chegou a comentar o tema da reunião e eu também não perguntei a respeito para não ser indiscreta.

Então segui a sugestão de Célia e desci para finalmente conhecê-la, da maneira apropriada, é claro. Não sei o que me levou à isso, mas percebi o quanto ela era querida por Ben e fui atraída por sua maneira gentil de se portar. Além do mais aquela mulher tinha mãos de fada.

Chegando à cozinha, que impressionava pelo tamanho, e eu não conseguia imaginar a quantidade de pessoas que deveriam trabalhar ali, me deparei com ela completamente vazia. Provavelmente estavam todos na copa, lavando a louça suja do café da manhã e polindo as do almoço. Me sentei em um balcão e fiquei admirando a quantidade de comida em quantidades desproporcionais nas estantes. O que eu imaginava ser a remessa para um único dia provavelmente resolveria a fome da Ilha por uma semana. Uma pontada de angústia e sentimento de justiça transpassou meu peito.

- Um biscoito por seus pensamentos, querida? - A voz suave de Célia dispersou meus pensamentos. - Eu estava certa. Ben é mesmo um garoto de sorte. Você é belíssima.

Não pude evitar ruborizar.

- Como você me reconheceu? - Questionei.

- Bem, você não está trajando um uniforme. - Ela apontou. - Além disso, ouvi dizer que  a nova namorada do Benjamin não é uma princesa. E uma princesa jamais viria até a cozinha. Por isso imaginei que fosse a garota a quem fiz o convite.

- Eu poderia estar perdida. - Argumentei.

- De fato, querida - Seu sorriso era radiante. - Mas vi essa mesma bolsa - Ela direcionou o olhar à minha cintura. -  em cima do baú de cabeceira de Ben. - Ela acrescentou.

- Uau, você realmente é uma especialista na arte da dedução. - Comentei, sorrindo com os olhos, me referindo também ao incidente de mais cedo quando  ela desconfiou que eu estivesse no armário.

Passar a manhã com Célia foi muito agradável. Eu não estava habituada a me divertir tanto conversando. Ela me contou histórias engraçadas da infância de Ben e me ensinou o segredo de algumas das receitas favoritas dele.

- Célia. - Chamei sua atenção para mim, que antes estava voltada à horta de temperos orgânicos, da qual a própria se encarregava. Havíamos resolvido passear pelo jardim.

- Pois sim, meu bem.

- Você sabe de quem eu sou filha, não é? - Questionei, temendo ouvir um "não" e em seguida afastar uma pessoa tão querida. Mas eu tinha que estar preparada. Logo, logo teria que fazer o mesmo com Ben.

- Mas é claro que sim. - Ela sorriu, e algumas rugas formaram-se ao redor de seus olhos. - Eu jamais confundiria esse par de olhos-esmeralda com nenhum outro.

Sua resposta me pegou de surpresa. Não entendi ao certo o que ela quis dizer.

- E você não se importa? - Tentei não soar tão incrédula, em vão. - Quer dizer, imagino que Ben seja para você tão precioso quanto você é para ele. Não tem medo que eu o machuque?

- Não seja boba, querida. - Célia tirou suas luvas sujas de terra, e segurou minhas mãos nas suas, gordas, macias e quentes.- Se você se deixar levar por aquilo que os outros falam ou esperam de você, estará permitindo que outra pessoa escreva a história que é sua. - Ela afirmou sabiamente. - Você não pode negar o que sente por Ben. - Ela piscou, amigavelmente. - Pelo menos não para mim, que consigo ver tão claramente em seus olhos. Se Ben enxerga algo de especial em você, então eu também me disponho a enxergar. Acredito nele, ainda que você não consiga ver isso também. Seria trivial me importar apenas com quem é a sua mãe, sabendo que você é responsável pelas suas próprias escolhas e que é livre para moldar o próprio caminho, independente das expectativas que impuseram sobre você. Não permita que elas definam quem você quer se tornar. - Ela reforçou. - Às vezes, enfrentar quem somos e quem queremos ser é a parte mais difícil.  Ben escolheu amar você independente de tudo. Sua história ainda não está escrita, Mal. Você e ele são livres para moldar o próprio caminho.

Ela provavelmente se referia às expectativas do povo de Auradon quanto a quem eu seria caso viesse à ser princesa. Mas por um breve momento, senti como se ela estivesse falando sobre as expectativas de minha mãe.

Após um breve momento de silêncio, Célia me envolveu em um abraço apertado, aconchegante e quase maternal. A sensação era tão acalentadora quanto ser ninado no colo em uma noite de tempestade. Ou pelo menos, era assim que imaginava. Senti vontade de chorar, mas as lágrimas não se pronunciaram. Algo dentro de mim se curou com aquele abraço. E provavelmente aquela conversa ficaria na minha cabeça por dias.


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NOTAS:
Tão traumatizada minha bixinha🥺
Estão gostando???🤩

Coração Enfeitiçado ♤ { Fanfiction Descendentes // Mal e Ben // Malen }Onde histórias criam vida. Descubra agora