♤ A revelação ♤ pt.1

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♤Pov: Mal♤

Eu ainda não havia decidido se aceitaria o convite de Ben. É claro que eu confirmei que iria, mas eu até mesmo engoliria uma faca se Ben me pedisse com aqueles olhos enquanto acariciava minha pele. Não confiava em meus próprios pensamentos quando Benjamin estava por perto.

 Eu precisava ser realista, aquele não era apenas mais um de nossos encontros que ocorriam em meio as nossas rotinas  corriqueiras, porque não aguentávamos ficar muito tempo longe um do outro. Era um adeus definitivo. Mas Ben não sabia disso. 

 Por mais egoísta que fosse, optei por ir. Eu precisava me despedir. 

A noite estava repleta de estrelas, e de repente, me vi de volta a noite do nosso primeiro encontro. Havia-se passado tanto tempo. Mas dessa vez não foi deslumbramento que eu senti ao observá-las. Aos poucos eu ia sendo preenchida pela mais profunda melancolia. Não havia previsto  o quanto afastar-me de Ben seria dolorido. A sensação era de que uma faca rasgava meu peito.

Como de hábito, forcei-me a lembrar de que aquilo não passava de uma fantasia. Benjamin era a melhor coisa que havia me acontecido em anos, mas não me pertencia. Nada daquilo era real, e quando tudo acabasse ele provavelmente me odiaria pelo resto da vida por te-lo enganado por tanto tempo. Por isso, naquela noite eu estava decidida a quebrar o efeito da poção do amor. Não conseguia imaginar qual seria a reação imediata dele, mas se tudo ocorresse como habitual talvez eu não estivesse ali para presenciar, quando ele acordasse.

Um dos meios alternativos de se quebrar um feitiço de amor, seria através do impacto causado pela verdade, proferida por aquele que lançasse o feitiço. Eu teria que reunir toda a coragem que possuía.

Como Ben havia me instruído por mensagem, me dirigi ao jardim nos fundos do palácio. Diferentemente do jardim frontal, cuja a maioria das plantas eram arbustos e árvores frondosas, do meu ponto de vista o jardim dos fundos assemelhava-se a um oásis. No centro havia um pequeno lago,  que refletia o brilho prateado da lua, e alguns cisnes nadavam. Ao redor dele distribuiam-se salgueiros delicados,  algumas estátuas de mármore branco e bancos de ferro. Vagalumes sepenteavam em uma dança graciosa por entre os canteiros de lírios e atríbuiam um toque místico à atmosfera do lugar. Parecia que as mesmas estrelas que agora há pouco eu admirava haviam descido para a terra, em um brilho suave e intermitente. O ar cheirava  a jasmins.

Não percebi que estava prendendo o fôlego enquanto admirava a paisagem até que as mãos firmes de Benjamin se enrroscassem  na cintura de meu vestido, me fazendo suspirar. A peça era de um tom lilás e possuía um tecido fluído, que se movia conforme eu caminhava. No corpete havia um decote que ressaltava delicadamente os meus ombros. As mangas eram longas e trabalhadas em uma renda transparente, e a saia esvoaçante de várias camadas descia em uma cascata até os pés, roçando suavemente o chão. No tronco havia um delicado cordão dourado que harmonizava com meu colar e o enfeite que trazia nos cabelos.

 Evie nunca decepcionava.

Ben segurou uma de minhas mãos e me girou em um rodopio suave. Seus olhos passearam de meu rosto pelo vestido e depois do vestido para o meu rosto. Seus lábios estavam entreabertos em um sorriso e seus olhos não desgrudaram de mim nem sequer por um segundo. Ele estava absorto em encantamento. Senti minhas bochechas arderem  com a demora de seu olhar sob mim. Não era um olhar predatório, mas de absoluta adoração. 

Beijei seus lábios doces e ele pareceu voltar a realidade.

- Não satisfeita em roubar o meu coração, você decidiu roubar minhas palavras. - Ele depositou um beijo delicado em minhas mãos, e eu senti meu coração acelerar. - Estou considerando agora mesmo se deveria construir um altar para você. - Dei uma risada tímida. - É como se você ficasse mais bonita a cada vez que eu te olho. Completamente etérea.- Ben me encarou. - Você não imagina a honra que é para mim ser seu namorado. Mas eu consigo ter noção da sorte grande que eu tirei. - Ele encostou nossas testas. - Queria poder ficar aqui, com você, para sempre.

Eu também. E como queria.

Ben estendeu o braço em um cavalheirismo exagerado, mas levemente atraente.

- Me acompanha, bela senhorita?

- Achei que iríamos jantar aqui mesmo no jardim. - Entrelacei nossos braços.

- Sim, mas não nesta parte do jardim. Você logo, logo vai ver. - Um sorriso sagaz despontou no canto de seus lábios.

Benjamin me guiou até a parte mais afastada do jardim, me conduzindo por uma estrada de velas vermelhas perfumadas, que davam para... Uma parede de pedras corbeta por musgos e folhagens? Ele riu notando a confusão estampada em meu rosto. Geralmente eu conseguia lê-lo com facilidade, mas naquele momento seus olhos estavam completamente indecifráveis. Ben se desvencilhou de mim e caminhou em direção à parede. Ele afastou as folhagens com as mãos e para a minha surpresa, revelou um arco que fucionava como entrada para um jardim serceto.

Eu achei que nada pudesse superar a beleza do jardim externo. Como eu estava enganada.

Haviam todos os tipos de flores do mundo naquele lugar, das clássicas às mais exóticas, todas desabrochando em profusão. De cor intensa, elas se  entrelaçavam e formavam a mais bonita das tapeçarias, que revestia todas as paredes do lugar, de cima até se espalhar por todo o  chão. A brisa suave, carregava diferentes aromas que misturados formavam o mais inebriante dos perfumes. No centro, uma fonte borbulhava e borboletas noturnas rodopiavam em um balé gracioso ensaiado pela própria mãe-natureza. O som da água jorrando, acrescentava tranquilidade ao ambiente paradisíaco. A luz da lua, adentrava pelo teto aberto e desenhava delicados padrões de sombra pelo chão. Um deleite de sensações.

Próximo a fonte, havia uma mesa posta. Estava coberta por uma toalha de linho branco e haviam candelabros sobre ela. Observei a louça de prata polida, finamente decorada com adornos feito à mão, e as taças de cristal. Os talheres estavam dispostos com precisão e os guardanapos de tecido adicionavam um toque romântico à cena, delicadamente amarrados com fitas de cetim. 

- Às suas ordens, senhorita. - Ben puxou a cadeira para mim, e eu me sentei. - Permita que eu te sirva.

- Você preparou tudo isso? - Não consegui disfarçar a incredulidade em minha voz.

Ele meneou a cabeça.

- Para você. 

- Mas por quê? - Eu me recusava a aceitar o que estava acontecendo. - Você não tem tipo milhares de empregados para fazer tudo por você?

Ben assentiu.

- Mas não seria a mesma coisa. Achei que seria mais especial se eu cuidasse de cada detalhe, queria que fosse perfeito. Além disso cozinhar é um dos meus hobbies favoritos, embora eu tenha perdido uma camisa para o fogão enquanto preparava esse jantar.

A imagem de Ben cozinhando com o tronco desnudo passou pela minha cabeça e eu culpei o vinho que sequer havia sido aberto ainda.

- Você é mesmo uma caixinha de surpresas. - Sorri.

- Além do mais... - Ele serviu  as taças e eu tomei um gole, saboreando a bebida. - Eu nunca trouxe mais ninguém aqui. Seria suspeito se eu pedisse um monte de comida sem dizer para quem eram ou onde servir, embora ninguém possa questionar as minhas ordens. - Ele piscou para mim.

E eu mal sabia o que estava por vir.

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Notas da autora:

O que acham desse estilo mais descritivo? As vezes sinto que peso a mão em muitas falas e o texto fica parecendo um roteiro.

Coração Enfeitiçado ♤ { Fanfiction Descendentes // Mal e Ben // Malen }Onde histórias criam vida. Descubra agora