♤ O peso de uma escolha ♤ pt.1

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♤Pov: Mal♤

Evie deixou um bilhete sobre a minha mesinha de cabeceira.

''Fui no dormitório dos meninos, quando chegar vem encontrar a gente. XOXO''

Os dormitórios masculinos ficavam ao lado do anfitetatro, o que significavam uns 5 minutos de caminhada até lá. Parece que alguém em Auradon estava realmente empenhado em evitar escapadas noturnas, embora eu achasse que nada seria um obstáculo para jovens adolescentes apaixonados.

Dei quatro batidas na porta, espaçadas em duplas. Era uma espécie de código nosso que significava: '' O que quer que estejam fazendo, podem continuar, sou apenas eu.''

Foi Jay quem abriu a porta:

- Finalmente, a princesinha das trevas deu as caras.-  Sempre gostei desse apelido quando éramos crianças e a lembrança quase me fez sorrir. -  Achei que íriamos ter que te esperar a noite toda. 

Revirei os olhos e me lancei sobre uma das poltronas acolchoadas e ridicularmente macias do quarto deles, ela tinha até mesmo um controle e diversas funções reclináveis. Por Zeus, ela até fazia massagem! Perto daquilo, o quarto que eu dividia com Evie parecia um antro da idade média. Muito injusto que o quarto dos garotos fosse mil vezes  mais divertido.

Evie e Carlos estavam sentados no tapete. Evie pesquisava algo no computador e Carlos brincava com Dude, o mascote do time que agora estava sob responsabilidade dele.

- Desde quando você tenta controlar o que eu faço da minha vida? - Indaguei, com ironia.

- Desde que dependemos de você para efetivação do plano. - O tom de voz dele revelava certa urgência. Como se ele estivesse desesperado por acabar com logo com isso. Desesperado para fugir de um sonho ou ruim ou de um sonho tão bom que o pertubaria pelo resto da vida se ele de repente acordasse e se deparasse com a realidade medíocre das coisas. 

- Jay. - O encarei. -  Relaxa, tá legal? Nós vamos conseguir. Vamos orgulhar nossos pais.

A resposta não pareceu tranquilizá-lo.

- Venham. - Eu disse chamando os três para a mesa próximo a janela. 

Tirei um canudo de minha mochila, e de dentro dele uma planta holográfica do Castelo de Auradon.

- Onde conseguiu isso? - Evie questionou.

-  Biblioteca Reeaaaal. - Respondi cantarolando. Evie retribuiu com um sorriso maravilhado. A biblioteca real era um pouco menor que o Museu de Auradon, mas igualmente rica e recheada de exemplares raríssimos. - E tem mais. - Cliquei na ala do salão de festas, onde ocorreria a coroação,  e o mapa ampliou, mostrando a estrutura específica daquela aréa, em 360°.

- Uau. - Os três disseram em uníssono.

Então expliquei  detalhadamente a função, metódos e momento de ação de cada um. 

- ...e é isso. - Concluí. - Todos de acordo?

 Nos entreolhamos em silêncio. Uma discussão de palavras não ditas. Pairava no ar algo além da sensação do medo em falhar.

- Eu não estou. - Carlos se pronunciou e todos os olhares se voltaram pra ele. O silêcio ambiente tornou-se ensurdecedor e a tensão era palpável.

Carlos era o caçula do grupo, jamais confrontava nossas idéias ou sequer dava a própria opinião. E ali estava ele, se impondo. Não pude deixar de sentir uma pontinha de orgulho.

- Mas Carlos... - Evie tentou. - Nossos pais... quer dizer... não é como se tivéssemos escolha.

- Nossos pais não podem alcançar a gente aqui. E tenho certeza que não sentiriam a menor falta.- Ele continuava sério. - Ok, nós éramos maus, os melhores no que fazíamos, mas na real, podemos chamar aquilo de felicidade? Ou era apenas um distrator da vida ordinária que levávamos? Eu gosto de estar aqui, gosto de levar uma vida normal e gosto de ter um bichinho de estimação.

Mais silêncio.

- Qual é galera? - Havia súplica no olhar dele. - Jay, vai dizer que pizza da vitória  com o time não te faz feliz? - Jay parecia pensativo. - Ou Evie, ser a mais bonita do campeonato de matemática porque todos os outros competidores são homens não te faz feliz? - Ela sorriu de canto. Por fim ele se virou pra mim, como se esperasse a decisão final. Ele segurou as minhas mãos e me encarou. - Mal, eu não faço idéia do que você encontrou de bom em Auradon, mas alguma coisa você encontrou e eu gostaria muito que você se apegasse nisso para continuarmos aqui. 

E então se voltou para todos novamente.

- Nós não somos nossos pais. Então por que temos que fazer tantos sacrifícios por um plano que no fim só beneficia à eles mesmos? - Carlos parecia perceber que estava nos convencendo. - Quem tá comigo nessa? - Ele disse, estendendo o punho, como fazíamos quando  éramos crianças. E por um instante pensei que sua voz havia falhado.

Segundos se arrastaram vagarosamente.

- Eu tô. - Jay também estendeu a mão, firmemente.

- Eu também. - Evie  lhes retribuiu um sorriso cúmplice. Ela me olhou com expectativa. - Mal?

- Pisar na bola com nossos pais? - Eles pareceram vacilar por um momento. - Isso sim seria cruel. - Sorri entre lágrimas. - Tô dentro. - Estendi a mão.

Erguemos nossos punhos em um grito de celebração. E demos um abraço coletivo.

- Que coisa mais brega. - Evie disse sorrindo.

- Adoro ser brega com vocês. - Foi a vez de Jay.

Caímos na gargalhada. Mas o momento  de alegria generalizada não durou muito.

- Carlos! Cuidado! - Jay gritou, jogando seu corpo sobre o dele no exato instante que uma pedra atravessou a janela.

-  Acho que eu preferia ter sido acertado pela pedra. - Carlos disse se levantando com dificuldade. - Desde quando as pedras daqui voam?

-  Desde que são lançadas por alguém. - Evie disse se agachando para apanhar a pedra. Havia um pedaço de papel amarrado nela.

- O que diz aí?  - Questionei.

Ela abriu o papel.

- "Que lindo momento de evolução, mas receio não ter gravado essa parte, se importam de repetir?" - Evie leu, sem emoção na voz.

-  Gravado? - Disse Jay. - Estão nos espionando?

- Rápido. - Ordenei. - Procurem por câmeras, microfones ou qualquer coisa do gênero.

Reviramos travesseiros, livros e tiramos cada pequena coisa do lugar. Nada.

- Passamos o dia fora, mas o quarto estava todo todo trancado, até mesmo as janelas. Como entraram aqui? - Jay questionou.

- Talvez... talvez não tenham entrado... - Carlos se aproximou de Dude analisando seu pescoço, ou melhor, sua coleira. - Eu sabia que não era um carrapato. - Ele disse, levantando na ponta dos dedos algo semelhante à uma escuta, cuja luz vermelha brilhava na extremidade.


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NOTAS DA AUTORA:

E é aqui que a fanfic começa a desviar do curso original do filme. O que estão achando??




Coração Enfeitiçado ♤ { Fanfiction Descendentes // Mal e Ben // Malen }Onde histórias criam vida. Descubra agora