Coração Enfeitiçado ♤ { Fanfiction Descendentes // Mal e Ben // Malen }

♤ E a flor desabrocha ♤

Notas da autora:

Um capítulo de 2000 palavras só para quem estava morrendo de saudade... aproveitem ;)

♤ POV: Mal ♤

Pisquei repetidas vezes, tentando enxergar alguma coisa em meio a pouca quantidade de luz. Eu me sentia fraca e desorientada, mas percebi que não estava mais sozinha. A luz suave da lua, que entrava pelo teto e projetava-se nas paredes, criava sombras ao meu redor, que me impediam de ver o rosto da figura misteriosa que estava ajoelhada ao meu lado medindo minha temperatura com as costas de suas mãos.

- Onde... onde nós estamos? - Consegui sussurrar, tentando reconhecer a pessoa que me tocava de maneira tão delicada.

A criatura tinha uma aparência etérea, com longos cabelos negros e lisos que escorriam como cascata por seus ombros.

- Ainda no jardim. - Ela respondeu com uma voz gentil.

Olhei ao redor para confirmar a informação, mas o lugar mais parecia uma caverna oca. Não havia mais vida ali. Todas as flores estavam murchas. Todo o verde havia sido transformado em um tom de amarelo doentio.

''Cada uma dessas flores possui um significado Mal, e são um lembrete de que assim como elas, o amor deve ser cultivado.'' A voz de Ben quando me apresentou o jardim pela primeira vez serpenteou pelos meus pensamentos. Vê-las assim, secas... o que isso significava?

Tentei me sentar, mas uma nova onda de dor me fez ofegar e recuar. A figura estendeu a mão, tocando levemente meu ombro.

- Poupe seus esforços, Mal. Você está prestes a dar luz. - Ela ordenou e, por um momento, senti me senti paralisada. Aquele tom autoritário era tão familiar. A figura moveu-se um pouco para o lado, e eu pude finalmente ver seu rosto, que me olhava de modo gentil, com seus brilhantes olhos verdes-esmeraldas. - Estou aqui para garantir que tudo ocorra bem.

- Mamãe?

Eu deveria ter batido a cabeça muito forte e estava sonhando.

Um sorriso gentil curvou seus lábios, de um modo que jamais havia visto minha mãe sorrir. Ela estava tão diferente, parecia tão... mais jovem. Naquele momento, percebi que eu nunca nem mesmo havia visto os cabelos dela. Ali, curvada em minha direção, ela parecia tão... humana.

- C-como chegou aqui? - A rouquidão em minha voz tornava as palavras quase inaudíveis e minhas sobrancelhas unidas provavelmente indicavam as milhares de perguntas que eu ainda tinha por fazer.

Ela suspirou.

- Teremos tempo para essa conversa depois. - Ela garantiu. - Mas agora, precisamos focar em trazer sua criança ao mundo. Estou tão feliz de ter te encontrado. Quero estar aqui para você e para o seu bebê, e só isso importa agora. Sei que cometi erros, muitos erros, mas isso não significa que eu ainda não possa consertar as coisas.

Suas palavras me atingiram como uma lâmina afiada, mas quem saberia dizer a profundidade do corte? Ela estava falando exatamente tudo que eu sempre quiser ouvir. A minha vida toda eu desejara que entre bem e mal ela escolhesse a filha, pelo menos uma vez. Poderia realmente haver uma chance de redenção para ela? Era possível que minha mãe, que sempre escolheu o poder e a escuridão, agora estivesse ao meu lado?

Ela acariciou meus cabelos, e apesar de sermos mãe e filha, aquela conduta era novidade para mim.

- Agora, vamos te deixar mais confortável.

Algo como uma luz azul começou a emanar das mãos dela e a envolver meu corpo. Em seguida, meu vestido de baile havia sido transformado em uma longa camisola branca de algodão.