♤ O cavalo ♤

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♤POV: CARLOS♤

Percorremos o caminho de volta, calmamente, e apenas a respiração exausta de Jay cortava o silêncio absoluto entre ele, a égua e eu.

- Sua respiração tá meio entrecortada. Tem certeza que não quer que eu dê uma olhada no seu machucado? - Questionei.

- E tirar minha camisa fácil assim pra você? Sem nem me pagar uma bebida antes?

Ri do comentário, mas conhecia as táticas de Jay. Ele só estava tentando me distrair da minha preocupação com o ferimento dele, que poderia ser facilmente uma costela quebrada dada as condições do ''acidente''.

- Já que começou a conversa, podemos parar de ignorar o que aconteceu no celeiro e falar sobre quão bizzarra foi aquela situação? - Ele encarava o céu, como se buscasse por respostas nas estrelas.

Suspirei, incomodado. Jay entendeu com um ''sim''.

- Okay, então. - Ele continuou. - Sobre o que aquele homem estava falando? Você sabe. Sobre seu ''passado desconhecido''.

Permaneci calado, arrependido de ter dado a entender que continuaria com aquele diálogo, mas na verdade eu já havia silenciado por tanto tempo que talvez compartilhar aquele segredo com alguém pudesse aliviar parte do aperto que eu sentia no peito.

- Pouco antes de saírmos da ilha... - Comecei, após uma longa pausa , e Jay virou sua atenção para mim, surpreso por eu não ter desistido de respondê-lo. - ...eu resolvi raptar um objeto de minha mãe. - Ele ouvia em silêncio absoluto e eu comecei a sentir a estranha necessidade de me justificar. - É que todos vocês estavam ganhando alguma lembrança de seus pais por causa do ''intercâmbio'' em Auradon. Mal ganhou o livro de feitiços, Evie o espelho, Jafar te deu aquele broche de extremo mal gosto e eu só... não sei, não queria ficar de fora eu acho. - Céus, como falar sobre aquilo era difícil. - Então eu remexi as coisas de minha mãe, mas não encontrei nada de atrativo. Com  a exceção de um baú velho, que estava trancado. Usei a chave-mestra de Mal para abri-lo.

- E? - Jay instigou.

- Encontrei uma porção de quinquilharias inúteis, mas o que realmente me chamou atenção foi isto.

Retirei o objeto de meu bolso, a única coisa que me restara das bagagens que perderámos na fuga dos guardas de Auradon.  O cordão fino emitia um brilho dourado na noite escura. Entreguei o relicário à Jay, que o observava com cautela. Ele abriu o artefato e se deparou com a foto de bebê em uma das faces, a outra: vazia. Só ao fechá-lo Jay notou os dizeres no verso. Com amor, mamãe e papai.

- O que isso significa? - Jay perguntou e eu podia quase palpar as suspeitas que se formavam em seus pensamentos. As mesmas suspeitas que surgiram em minha cabeça quando me deparei com o colar pela primeira vez. - Quero dizer, Cruella pode ter tomado isso de alguém, não é?

- Estava junto de uma manta de pelúcia, com meu nome bordado nela. Pelúcia - Dei ênfase. - Pelo sintético.

- Uou. Isso é uma evidência forte. Cruella detesta pelo sintético - Jay riu. - Ela não desejaria nem para o próprio... - Ele parou quando percebeu o que estava prestes a dizer, o humor deixando sua face. -  Então você desconfia que...

- Que Cruella é minha mãe adotiva. - Acenei com a cabeça em confirmação, amargura transbordando em minha voz. A égua que eu guiava relinchou baixinho como se dissesse ''sinto muito''. - E que meus pais biológicos me detestavam a tal ponto de se livrar de mim me entregando para uma baronesa narcisista com traços de psicopatia.

Nem todos os vilões estavam presos na ilha, afinal. Mal sempre dizia isso.

- Ou talvez ela tenha raptado você. Não seria algo absurdo em nosso mundo. - Jay sugeriu. Não tentei revidar, mas não acreditava muito na hipótese. - Você pensou em procurá-los? Em Auradon? Seria bom se pudesse ouvir a versão deles.

Coração Enfeitiçado ♤ { Fanfiction Descendentes // Mal e Ben // Malen }Onde histórias criam vida. Descubra agora