CAPÍTULO 11

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Andava pelo corredor do hospital a passos largos, acompanhado de Martim que, assim como eu, está abalado com tudo que aconteceu

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Andava pelo corredor do hospital a passos largos, acompanhado de Martim que, assim como eu, está abalado com tudo que aconteceu. Senti uma dor aguda no peito muito grande quando ouvi a maldita notícia. Minha irmã e minha mãe se envolveram num acidente de carro, em plena via movimentada. Exatamente no cruzamento da praça de Dom Pedro.

De fato, ali é um local bem movimentado e o risco de acidente é muito grande. Principalmente pelos cruzamentos que nele há, mas sinto que tem alguma coisa errada no que aconteceu com elas. De acordo com os seguranças que acompanhavam de longe o carro onde minha mãe e Pietra estavam, já que esta decidiu dirigir, um outro veículo veio desgovernado e bateu no lado onde minha irmã estava dirigindo. O homem morreu na hora.

Não me foi revelado o estado de minha mãe nem o de Pietra e por isso o desespero só aumenta, a cada passo que dou. Elas foram trazidas para o hospital da organização e agora estou aqui, juntamente com meu amigo, pedindo a Deus para que estejam bem e fora de qualquer perigo.

- Pai! - Ao fim do corredor, meu pai e Inácia pareciam desesperados e não era para menos. Ele veio ao meu encontro e me abraçou fortemente, e senti seu corpo todo tremer. - Como elas estão, pai?

- Sua irmã ainda segue desacordada e sua mãe teve que ir para cirurgia. Giovanna terá de vir ao mundo antes do tempo devido ao choque que sua mãe sofreu na colisão. - Falou e sua voz logo embargou.

Minha mãe está apenas com sete meses e algumas semanas de gravidez e hoje iria para mais uma de suas consultas, onde Pietra, que pouco pôde acompanhar a gestação e por isso estava muito animada para levar a minha mãe, poderia ver a primeira ultrassom. Minha irmã estava toda animada para, pela primeira vez, ouviram o coraçãozinho de nossa caçula. Uma dor irreparável.

-Vai ficar tudo bem com elas, não vai? - Perguntei, sentindo meus olhos encharcarem. - Fala pai! Elas vão ficar bem? A mamãe?

- Ninguém ainda veio dizer nada, pois estão no centro cirúrgico. Os médicos que socorreram disseram que Pietra quebrou um braço e teve um ferimento na coluna. Ela estava desacordada. Embora estivesse respirando, não conseguiram reanimá-la.

- Puta que pariu! - Martim esbravejou. - Desculpe-me, tio Pietro. É só que... a Pietra não... - Meu amigo mal conseguiu terminar a frase, já que suas lágrimas vieram antes.

- Elas vão ficar bem, Martim. Temos que ter fé. Precisamos esperar os médicos virem para dar o diagnóstico delas. Vai ficar tudo bem. - Tentei animá-lo, a fim de acreditar no que eu mesmo dizia, mas senti meu coração doer demais. Pior ainda quando olhei para meu pai e vi apertando os lábios. Ele também parecia estar forçando a mente a aceitar o otimismo.

Uma sensação que custaria a passar, ou só passaria quando visse minhas meninas bem e sorrindo como de costume, tomou meu coração me levando a respirar profundamente em busca de equilíbrio. Sentia que estava difícil demais para respirar. Talvez minhas vias aéreas estivessem todas fechadas, ao ponto de me fazer sufocar. Eu precisava manter a mesma calma que de costume, pois minha família precisava disso. Embora fosse deveras complicado, aprendi que na vida há necessidade de se manter a calma para poder ver com clareza tudo que acontece em nosso redor. E nesse momento não seria diferente.

OS MARINOS III - DUALIDADE Onde histórias criam vida. Descubra agora