Capítulo 5 "Namorados?"

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— Emmye —

Vi ele se aproximando, não tinha como não ver, mas eu queria chegar mais perto dele, eu gostava dele, muito mais do que queria admitir, lembrei-me do fato de que ele iria embora em breve quando as férias acabassem, eu podia ser só mais um troféu. Mas ele podia ser meu troféu também, mesmo que eu não quisesse, eu podia me arrepender de ter ou não ter feito.

Entretanto, eu também queria, mesmo que ele fosse me mostrar como troféu, eu queria, e pela primeira vez sentia que ia me arrepender se não fizesse. Então, não virei o rosto, mesmo ele indo bem devagar. Ao invés disso, ele levou sua mão no meu queixo e me olhou nos olhos como se pedisse permissão. Foi só quando eu assenti e fechei os olhos que a distância entre nós se acabou, e ele me beijou. Aquilo foi como se os fogos de artifício tivessem estourado, não foi qualquer coisa, a sensação era maravilhosa, como se eu estivesse provando a fruta mais doce. Foi maravilhoso, mesmo que não tenhamos ido mais longe do que um leve beijo, foi como se os anjos resolvessem cantar ali só para nós.

Eu só esperava que não fosse só eu que tivesse sentido tudo isso.

***

Acordei na manhã seguinte meio incrédula com tudo que aconteceu, mas eu gostei, eu estava feliz pelo que aconteceu, mesmo que ainda estivesse em dúvida se deveria estar. Quando cheguei na noite anterior, não era tarde ainda, meu pai estava na sala de estar sentado, eu sabia que ele estava me esperando.

— E então, como foi lá?

A pergunta era óbvia, até porque eu demorei muito para voltar, no caso, saí cedo, mas ainda assim foi mais tempo fora do que o normal, mesmo que eu tenha avisado. Senti meu rosto esquentar um pouco, ainda bem que ele não estava me vendo, fui para a cozinha e respondi de lá, ainda que eu tenha demorado um pouco:

— Nada demais e você, como está se sentindo?

— Estou bem, ainda tossindo, mas estou bem. Se divertiu ontem?

— Claro, me diverti bastante — mantive minhas frases com menos informações possível.

— Conte-me mais, estou curioso — meu pai sabia que tinha algo de diferente, mais que o normal. Afinal, eu falei que iria sair com alguém, só não disse que era com um garoto. Resolvi que era melhor contar mais.

— Andei de pedalinho, foi muito divertido — tentei não pensar no que aconteceu durante o passeio para não me entregar, mas estava difícil. Era melhor eu subir e fingir cansaço, quando eu ainda não conseguia nem ao menos acalmar meu coração.

Foi o que eu fiz na noite anterior, e agora eu precisava seguir em frente, ou seja, ir para a lanchonete e encarar Louane, o que me deixava completamente desanimada.

***

Quando cheguei na lanchonete, Felip e Louane estavam discutindo de-novo, eu até fiquei aliviada. Isso me daria mais tempo de pensar no que fazer quando ela me perguntasse sobre o dia anterior. Mas minha paz durou pouco, assim que ela me viu terminar de guardar minha bolsa e colocar o avental, ela foi correndo até mim.

Eu queria me esconder, mas parecia que todos os buracos que eu pensava já estavam ocupados, pois não tinha aonde ir, eu teria que encará-la. Contudo, parece que desviar o olhar quando ela chegou perto me entregou, porque ela disse:

— Hum, estou vendo que aconteceu algo entre vocês ontem, estou certa? — Ela tinha um sorriso malicioso no canto dos lábios, como se quisesse dizer 'eu sabia'.

O problema é que o sorriso dela me fez pensar em lábios, o que me levou a pensar em Edson, pois os nossos lábios tocaram um no outro. Comecei a sentir meu rosto esquentar, resolvi me desviar dela, não queria encará-la. Minha reação mais uma vez não me ajudou, pois agora ela tinha certeza de que algo tinha acontecido. Para minha sorte, ouça a ironia, ouço alguém entrar na lanchonete, tendo acabado de começar meu turno. Nós duas olhamos, já que cliente é cliente, sinto meu rosto voltar ao normal. Até que vi quem era, eu só esperava que o rubor não voltasse com tudo, porque era ele, Edson, e estava ali para eu atendê-lo e todos nós sabíamos disso.

Mil Estrelas de DistânciaOnde histórias criam vida. Descubra agora