Capítulo 31 "Revelações"

11 9 0
                                    



— Emmye —

Apesar de tudo, acabamos finalizando o jantar e aconteceu algo chocante, a campainha tocou, era o médico da família de Ed.

— Ele chegou — disse Ed quando viu o tal do médico entrar.

— Querida, fique tranquila, independente do que acontecer aqui, você já é parte da família, então te protegeremos como tal — disse minha sogra. Ela era uma verdadeira mãe. Talvez porque eu nunca tive uma mãe de verdade, fiquei feliz em ter esse tipo de relação com a minha sogra.

— Muito obrigada, e peço desculpas por tudo isso.

— Você não tem que se desculpar por nada, você é apenas uma vítima.

O médico chegou e tirou sangue meu na frente da minha suposta mãe, e logo em seguida fez o mesmo processo com a minha mãe na minha frente. E logo teríamos o resultado enviado diretamente nos nossos comunicadores. Sinceramente, eu estava com medo, minha mente estava um turbilhão. Mas eu tinha mais medo pelo Ed, porque ele estava fazendo tudo isso por mim e, se meu pai, por um acaso, estivesse errado, tivesse se enganado por coincidência. Mas se manteria firme e forte pelo Ed.
Eu fiquei sentada no sofá, sentindo tudo que eu não queria sentir, sentindo tudo que me deixava pior do que antes, sentindo mais do que deveria, tendo sensações ruins. Medos que poderiam ser tomados como irrelevantes e ainda assim eu seguia a senti-los porque era simplesmente incontrolável.

Ed segurava minha mão, tentando passar algum conforto que era difícil de sentir. Mesmo sendo ele, ainda que aliviasse um pouco, eu imaginava que ele também estava um pouco nervoso. Mas eu me sentia um pouco mais tranquila com tudo, sabendo que ele estava do meu lado para me apoiar.

— Edson —

Existiam várias verdades, mas a verdade era que eu estava um pouco nervoso, mesmo sabendo o que aconteceria, mas eu culpava o meu pai, porque ele sempre me deixava nervoso. Eu sabia que Emmye estava nervosa, mas eu tinha que fazer o que fiz e não me arrependo de nada nem por um segundo. Mas a espera não era um fator de que ninguém gostava e eu não saia dessa impune.

O resultado, na verdade, saiu bem rápido, eu via as mãos de Emmye tremerem, e eu sabia que eram por mais de uma razão, uma porque podia ter dado negativo e eu sofreria as consequências, mas a culpa seria inteiramente minha. E segundo, porque se estivesse certo, ela tinha acabado de encontrar a mãe que a tinha abandonado quando tinha apenas 1 ano. Que mãe em sã consciência faria algo assim.
Então tocou nossos comunicadores, mas quem abriu foi somente o meu pai, foi ali que eu vi minha tia tremer como uma vara verde. Eu queria rir, mas não podia, com certeza o resultado seria positivo. Meu pai fez um sinal para abrirmos, eu abri para minha namorada, que não parecia estar em condições de fazer isso. E lá estava, ela era a mãe biológica de Emmye.

O mundo parecia ter caído para as duas mulheres ali.

— Emmye —

Eu não sabia dizer o que eu estava sentindo, mas eu sabia que eram várias coisas, eu nem sequer conseguia raciocinar direito.

— Bom, então está definido, a partir de hoje você não é mais bem-vinda aqui — ele disse olhando para minha mãe biológica.

Eu não tinha nada a falar, simplesmente minha mente não conseguia formular nenhuma palavra, ou frase completa ou que fizesse sentido.

— Como pode abandonar um filho? — minha sogra perguntou com um tom de desespero.

A minha mãe biológica se mexeu em desconforto, mas não verbalizou nem mesmo uma letra, sequer um resmungo foi ouvido dela. O que era um tanto chocante. Ao invés disso, ela olhou para o meu namorado como se estivesse decidindo o que fazer. Eu senti os braços fortes de Ed me envolverem, eu não queria nem olhar para ninguém, eu sentia vergonha até mesmo por ela.

Mil Estrelas de DistânciaOnde histórias criam vida. Descubra agora