Capítulo 23 "Ligação"

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— Edson —

Foi estranho, eu recebi uma ligação da minha namorada durante o horário que eu imaginava que ela estivesse estudando. Não fazia sentido, então atendi rápido, pensando que alguma coisa pudesse ter acontecido. Mas quando eu atendo, tenho uma surpresa ainda maior, eu vi que o comunicador não estava perto de Emmye.

Lógico, eu falei primeiramente com a minha namorada e não aquelas pessoas em volta dela, inclusive reparei no menino que queria pedir para sair com Emmye. Eu confiava plenamente em Emmye, mas não confiava que tivesse assustado o suficiente aquele menino.

Logo entendi tudo que aconteceu, elas duvidaram que eu e Emmye namorávamos, como se não fosse óbvio. Estava cheio de fotos de casal no comunicador, mas ok, ouvi o que aquelas meninas horríveis tinham a dizer e consegui fazer devolverem o comunicador para Emmye. Mas agora tudo fazia sentido, porque Emmye nunca me ligaria assim, nesses horários sem motivos, era óbvio que não tinha sido ela. Mas ainda bem que eu atendi, deixei bem claro que era o namorado dela, para aquelas meninas e como bônus para o garoto que parecia ter interesse em Emmye.

Fiquei um tanto satisfeito com a ligação, mas foi depois de alguns segundos, começando a me sentir feliz, que percebi... Emmye sofria bullying na escola e provavelmente por causa da situação financeira dela. Fiquei irritado, queria estar lá para protegê-la de tudo e todos, mas eu não estava, senti ódio de mim por não poder fazer nada, mas no fim o que eu senti mesmo foi impotência, que eu percebi ser muito pior. Sentir que não pode fazer nada para ajudar quem você ama é um sentimento horrível.

Eu me joguei na minha cama, meu quarto estava mal iluminado já que eu estava na cama antes de Emmye me ligar e eu acabei levantando, correndo e pelo menos arrumando o cabelo. Então me aconcheguei na minha cama e ouvi a porta abrir.

— Ed — era voz do meu irmão mais novo Carlos.

— Oi.

— Com quem você estava falando?

— Você não tinha que estar na escola?

— Não estou me sentindo bem, então a mãe me deixou ficar em casa. Agora responda à minha pergunta.

— Eu estava falando com a Emmye.

Ele realmente parecia meio mal.

— Como ela está? Faz tempo que não a vejo.

— Está bem, estudando bastante.

— Espero que ela venha morar para cá um dia. Quando falar com ela de novo, fala que eu mandei um oi e que quero vê-la de novo!

— Falarei, agora vai descansar, você realmente não parece bem.

— Eu vou.

Ele estava falando arrastado, com certeza tinha pegado uma gripe.

***

Depois daquele dia, os dias passaram e eu senti que foi bem devagar, mas acho que foi o estresse da faculdade, mas mesmo que um segundo parecesse um minuto, o tempo passou. E as provas de Emmye, no caso, as entrevistas iriam começar, então eu só falava com ela um pouco, às vezes ligava, mas era bem pouco, não queria atrapalhá-la.

Mas se ela passasse com bolsa, estaríamos na mesma universidade e na mesma cidade, o que para quem mora no planeta do outro lado era muita diferença. Sem falar que eu iria poder finalmente apresentar a minha namorada aos meus pais, que estavam falando que queriam a conhecer desde a minha viagem abrupta para lá para não perdê-la, quando o pai dela ficou mal.

E eu estava um tanto ansioso para fazer todos se conhecerem, iria ser uma dádiva, mas nada melhor do que quando ela se mudasse para cá.

— Emmye —

Mil Estrelas de DistânciaOnde histórias criam vida. Descubra agora