— Edson —
Ela voltou a ver como o pai estava, mas eu queria tê-la ali de volta, sem falar no fato de tê-la visto depois de um mês sem quase nos falarmos. Era uma sensação que eu mesmo nunca compreendi perfeitamente, mas eu não sabia que tinha como sentir tantas saudades de uma pessoa como eu senti dela. Ela estava tão perfeita quanto da primeira vez que a vi na lanchonete, simplesmente maravilhosa.
Eu tinha esperanças de que tudo fosse ficar bem, mas me preocupava com o que quer que tivesse acontecido com o pai dela, queria ter estado para ela ali antes. Mas eu faria de tudo para ela entender nossa relação com algo além de uma ficada de verão. Eu a amava demais para deixar que ela me deixasse por uma coisa ridícula como um mal-entendido.
Fiquei esperando na sala de espera, mas com uma visão perfeita para o lugar a que ela tinha ido, não poderia perdê-la de novo. Eu não tinha esperanças de que seria rápido, então só esperei olhando para a janela, até minha mente vagar para longe.
Só voltei a mim quando a vi com o homem que tinha certeza de que era o seu pai.
— Emmye —
Eu estava ajudando meu pai a sair da cama, e então ele me olhou com olhos que eu podia descrevê-los como marotos, era o mesmo olhar que ele usava quando sabia que eu tinha aprontado alguma coisa. Aquilo me deixou um pouco preocupada, mas segui o ajudando até que ele mesmo quebrou o silêncio entre nós:
— Emmye, quem veio?
— Você não estava dormindo?
— Estava, mas quando eu acordei, o médico estava aqui e eu perguntei aonde você tinha ido e ele me falou que alguém tinha vindo ver você.
Ok, agora sim, eu estava com vergonha, não sabia onde enfiar minha cara, como eu iria dizer que o cara de quem eu gosto e que eu tinha ficado nas férias voltou para impedir que nos terminássemos um namoro que eu não tinha muita fé?
— Bom...
— Bom?
— Você já vai vê-lo, ele está lá embaixo nos esperando, então se troque, a não ser que você não esteja tão curioso assim.
Eu tinha conseguido controlar a pergunta por hora, mas eu sabia que não duraria muito.
— Ele — meu pai afirmou baixinho.
Pelo menos agora ele já sabia que era um rapaz. Eu não sabia se isso o deixaria feliz ou um tanto temeroso, mas se sua filha estivesse feliz, ele também estaria.
Desci junto com meu pai, com medo de qual seria sua reação quando visse Edson, mas tinha que continuar, e foi o que eu fiz. Como ele havia prometido, na hora em que a porta do elevador se abriu, ele estava lá, sentado, na sala de espera. Percebi meu pai me olhando, mas nada além disso.
— É ele? — ele perguntou, apontando para aquela pessoa que tinha vindo a mil estrelas de distância só para não terminarmos. Sem dúvidas, eu sentia que estava me apaixonando tudo de novo, senti aquele sentimento quente no meu peito, senti meu coração bater mais forte. O medo ainda estava lá.
— É — eu respondi. Percebi que tive medos, tive medo de que ele não fosse real, tive medo de que fosse um sonho ele estar ali, mas principalmente tive medo de ele estar me enganando. Mas no momento em que ele olhou em meus olhos, eu senti, ele sorriu para mim, eu sabia que o sentimento era verdadeiro, ele era verdadeiro, ele estava sendo sincero comigo, então meu cérebro fez o favor de me lembrar de nosso beijo que ainda estava vivo em minha memória. Fazia pouco tempo que aqueles lábios, que agora sorriam para mim, estavam tocando os meus. Era como um sonho.
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Mil Estrelas de Distância
Romance"- Eu viajarei mil estrelas de distância por você e eu viajarei mais mil estrelas de distância só para não te perder." A distância não é o empecilho, as pessoas são. Emmye, uma estudante do ensino médio que trabalha em uma lanchonete, vive no vibran...