Mil Estrelas de Distância

Capítulo 15 "Janela"

— Emmye —

Era de manhã cedo, o dia da viagem, meu pai tinha acabado de sair para trabalhar e nos despedimos nesse meio tempo. Ed disse que iria passar aqui para me buscar, então eu deveria esperar por ele. Agora eu estava com uma mala de correr, que eu desisti de descê-la, só deixei no corredor, fiquei com medo de cair da escada com ela. E não pediria para o meu pai fazer esse tipo de esforço.

Eu iria pedir a Edson descer a mala para mim, ele nem teria que entrar no meu quarto, pois a mala já estava no corredor. Me sentei na cozinha e peguei o suco de laranja que eu tinha feito de manhã para o meu pai, e fiquei tomando enquanto esperava, parecia uma eternidade, mas não tinha passado nem um minuto ainda. Olhei o horário no meu comunicador, ele disse que viria me buscar pelas 8 e quinze, já que o trem saía às 9 horas. Mas eram 8 horas em ponto, eu teria que esperar um bom tempo ainda, já que minutos estavam parecendo horas. Fiquei tomando meu suco de laranja enquanto beliscava um pão, quando eu vi, eu tinha acabado. Então subi, escovei os dentes e usei o banheiro. Eu nunca tinha viajado nos trens interplanetários antes, então eu não tinha ideia se teria banheiro.

A campainha tocou quando eu estava no meio da escada no meu retorno para me sentar na mesa da cozinha e esperar. Eu abri e não era Ed.

— Oi, desculpa bater tão cedo aqui, mas a sua amiga do trabalho me disse que você se demitiu — era o meu amigo da escola.

— Oi, não tem problema, já que eu estava acordada, mas o que devo o prazer da sua presença?

— Desculpa aparecer assim do nada, mas eu...

— Sim? — Ele estava enrolando para falar.

— Eu perguntei para várias pessoas e todas disseram que eu deveria tentar.

— Tentar o quê?

— Eu queria saber se...

— Se? — ele demorava tanto tempo em cada palavra que eu não tinha paciência de esperá-lo, ainda mais sabendo que daqui a pouco Ed estaria chegando.

— Se você gostaria...

— Hum? — tentei instigá-lo a continuar.

— De... saber...

— Emmye, você já está na porta, nem precisei tocar a campainha — disse Ed, interrompendo o pobre rapaz. — E quem é esse?

— Eu quem devo perguntar, quem é você? Nunca te vi antes — disse o meu amigo antes que eu tivesse a chance de falar algo.

Mas, ao invés de responder, ele foi até mim e perguntou:

— Está pronta?

— Estou, mas detesto ter que te pedir isso, tem como você descer a minha mala da escada?

— Que dúvida, é só isso?

— Sim.

Ele entrou sem nem olhar para o meu amigo.

— Você vai viajar? — meu amigo perguntou enquanto Ed buscava a mala.

— Sim.

— Não tinha ideia disso.

— É que eu não falei para ninguém — eu dei uma risadinha, quando Ed apareceu com a mala.

— Falta mais alguma coisa? — Ed perguntou. Parei um pouco para pensar e arregalei os olhos, quase esqueci minha bolsa e o documento do meu pai no meu quarto.

— Sim, já volto! — entrei correndo sem nem olhar para eles.

— Edson —