— Edson —Naquela noite, eu me joguei na cama com um sorriso estampado no rosto, como todas as outras noites, como era possível eu sentir por ela muito mais do que eu jamais senti por qualquer pessoa antes. Era surreal, mas ao mesmo tempo cativante, não queria de maneira alguma perder esse sentimento.
Na manhã seguinte, fiz a mesma rota para casa de Emmye, estava ansioso para vê-la, mas quando bati na porta, não foi ela quem me atendeu e sim o pai dela. O que me deu um grande susto, que tive que fingir que não senti nada.
— Bom dia, senhor, está se sentindo melhor?
— Bom dia, estou sim, entre, entre, meu rapaz, Emmye vai chegar daqui a pouco.
Eu entrei devagar e ele foi indo em direção à mesa. Eu o segui.
— Emmye saiu?
— Sim, eu pedi para ela ir ao mercado.
— Entendi.
Eu comecei a sentir o nervosismo com toda força.
— Fiz questão de ela sair quando você estivesse chegando, pois queria falar com você sem ela estar aqui.
Eu engoli em seco, comecei a sentir meu coração batendo com mais força no peito, ele queria ter uma conversa a sós comigo, eu não via como isso poderia ser coisa boa, não via mesmo.
— Eu ouvi a conversa de vocês. Antes de mais nada, melhor eu admitir isso, minha filha ficou bem brava quando eu disse isso para ela ontem à noite.
— O que você ouviu?... Se me permite perguntar — adicionei rapidamente.
— Ouvi o que você disse, sobre as universidades, no outro dia também, mas ouvi sobre a viagem, a viagem já paga, vou te ajudar a fazê-la ir, pois eu acredito que ela mereça mais que todos essa viagem, mas isso é claro, se você me prometer que vai respeitar o espaço dela.
— Eu prometo, não havia dúvidas de que eu faria isso.
— Bom... então está permitido, aqui — ele tirou um papel do bolso e me entregou — é uma carta assinada por mim e verificada, graças às estrelas, que hoje podemos fazer tudo de casa, assim ela pode viajar com você tranquilamente, afinal ela ainda é menor de idade.
— Oh, obrigado.
— Agora temos que dar um jeito de fazê-la viajar com você. Mas fique tranquilo, eu já tenho um plano e você parte amanhã, não é?
— Sim, aí a viagem será nas férias do meio do ano, mas ela não vai ficar brava com a gente.
— Vai, mas fique tranquilo, assumirei toda a culpa — ele deu uma risadinha, e eu estava com um mau pressentimento, mas ok, faria o que ele mandasse, era o meu sogro mesmo. Quem seria eu para desobedecê-lo?
— Emmye —
Eu tinha acordado cedo e feito tudo como sempre faço, levei o café da manhã para o meu pai e depois fiquei organizando a cozinha, esperando pelo horário que Ed iria chegar, ainda era um pouco cedo, mas deixei tudo organizado, afinal, visita é visita, ainda que fosse o meu namorado. Era tão estranho usar essa palavra, namorado, para essa situação. Não era mentira que namorávamos, mas parecia só um conto, um livro, uma história inventada e lúdica contando um romance que parecia simplesmente impossível de acontecer. Era nessa situação que eu me encontrava.
Quem sabe, às vezes eu realmente me encontrava em um livro, e alguém estivesse lendo e vendo todos os meus terríveis pensamentos, mas era muito egoísmo meu pensar que seria a protagonista de uma história, de um livro. Eu ainda nem sabia se esse romance acabaria como um belo livro de romance ou se seria um novo estilo de romance trágico. Eu esperava que fosse o primeiro. Acho que todos sempre esperam.
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Mil Estrelas de Distância
Romance"- Eu viajarei mil estrelas de distância por você e eu viajarei mais mil estrelas de distância só para não te perder." A distância não é o empecilho, as pessoas são. Emmye, uma estudante do ensino médio que trabalha em uma lanchonete, vive no vibran...