capítulo 04

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* ALERTA DE GATILHO*
*CENAS DE ABUSO E PSICOLÓGICO*
*CASO SEJA GATILHO OU SEJA SENSÍVEL, NÃO LER*

      Em nossa forma invisível o gerente Lim e eu ficamos na sala de estar do apartamento da senhora Bo-Kyung. Eu disse a ela que se precisasse de ajuda era só gritar e eu viria salva-la, quando na verdade nem mesmo saímos de lá.

— Acha que ela vai conseguir?

— Sim. Ela é mais forte do que pensa...

A senhora Bo-Kyung batia freneticamente o pé no chão, más apesar do alto nível de ansiedade seus níveis de energia negativa permaneciam estáveis há um bom tempo já.

— Veja só, ela está ansiosa, mas decidida. A vontade de se matar está passando mesmo diante dessa situação.  — Mostrei o celular a ele.

— Eu não gosto desses tipos de caso, em certas partes lembra a minha mãe.

— Eu sei.

— De todas as formas possíveis ela foi violentada ainda em vida e aquelas palavras horríveis que eu disse a ela a fizeram se matar.

Ele baixou o olhar triste.

— Você precisa se perdoar, por que ela já te perdoou e você sabe disso.

— Passar a eternidade a protegendo será minha forma de pedir desculpas. Nunca mais deixarei nada de mal acontecer a ela e agora a minha irmã.

    A porta da sala se abriu. O cara entrou alcoolizado. Não estava bêbado, andava normalmente, mas estava cheirando a álcool e com outro perfume por cima do seu.

— Ah, você está aí ... — Começou. Só ouvir a sua voz já me dava nojo. — Me deixa olhar para você....

     A senhora Bo-Kyung virou o rosto e Levantou-se em silêncio indo em direção a cozinha.

— O que é isso? Você esqueceu o que é e o que eu sou?

      Ela apenas o olhou por completo e bem seria, o que o fez rir de raiva e de nervoso.

— Acho que eu preciso te lembrar quem eu sou.

      Retirou o cinto da calça.

— O que? Vai me bater novamente? Como faz todo dia?

— Acho que você gosta, já que me provoca e me leva a fazer isso. Se você apanha ou escuta a verdade isso é culpa sua, eu só faço o meu papel de marido e sempre sou retribuído desta maneira. Com ingratidão.

— Que papel de marido? Eu tinha um marido no começo do nosso casamento, hoje em dia você não passa de um monstro. Um covarde que vive me traindo e me batendo e ainda acha que a culpa é minha por você ser um merda que não sabe lhe dar com suas frustrações e a própria mente fodida.

— Sua vagabunda. — Começou a quebrar alguns copos próximos, estava visivelmente irritado e transtornado. — Você é que não serve para nada, nem mesmo para ser minha esposa, por isso procuro outras na rua. Elas são boas para mim, sabem cuidar bem de um homem como eu. Muitas gostariam de estar no seu lugar, mas não estão. E você não dá valor. Eu fiz de tudo por você e é assim que você me agradece?

— O que você fez por mim? Eu tinha um vida saudável antes de você, eu tinha amigos, família um bom trabalho. Eu era feliz, hoje eu só queria poder voltar ao tempo e dizer para eu mesma não ser burra e não aceitar seu pedido naquela noite.

     Foi se aproximando aos poucos dela, pisando forte no chão e um olhar fixo e intenso nela, quase animalesco.

— Você é só uma vagabunda que não tem e nunca teve nada. Você não tem ninguém nessa vida, eu e só eu sempre fui o único ao seu lado, eu me doei para você, te dei todo meu amor e fui covardemente atacado pelas costas. Você tentou me jogar contra meus pais, minha familia. Tudo isso por pura inveja já que não tem seus pais, quis tirar os meus de mim. Eu sendo seus pais estaria envergonhado de ter falhado na criação de uma filha minha e preferiria estar morto mesmo. Talvez tenha sido por isso que não resistiram ao acidente, por vergonha da falha enorme deles.

Motivos para o Amanhã ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora