Capítulo 34

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— Como assim, pai?

Dei um passo para trás, pois havia me levantado para o cumprimentar, e quase caí no lago, mas ele me segurou.

Extremamente confuso, soltei meu braço da mão dele de maneira brusca.

— O que a imperatriz acha que está fazendo?

Eu queria sair dali, mas não conseguia me mover, falar ou até mesmo gritar. Sentia-me sufocando como se estivesse me afogando.

— É culpa minha também...

Com muita dificuldade consegui me afastar da beira do lago, dando alguns passos para o lado, até ficar no centro da passarela de madeira.

— O que você quer aqui? Depois de tantos séculos?

E o medo e a confusão foram se transformando em ódio. Um ódio acumulado que .e fazia sentir como se fosse ser possuído e transformado em algo que de fato, não sou. Alguém ruim.

— Eu estou aqui há todos esses séculos e desde que cheguei e paguei pelos meus erros, pedi a senhora que me permitisse ficar aqui mais um pouco até poder finalmente ter essa conversa.

— Que conversa? Não temos nada o que conversar, em vida eu nunca soube quem você era, nunca o vi e depois que minha mãe morreu, vivi sozinho e por conta própria.

— Eu sei que eu fui um babaca e que não tem mais como voltar atrás e consertar meus erros, mas também não passarei a eternidade me condensando como se eu fosse o último pecador do mundo. Ou o primeiro...

Eu ri, mas foi de ódio mesmo.

— Então só vejo aqui pedir desculpas e acha que vai estar tudo bem? Você tem ideia do quanto é ruim e sufocante o sentimento de abandono? De olhar em volta e se ver totalmente sozinho?

— Foi uma época difícil, eu não soube lidar com o passado da tua mãe e acreditava que você nem mesmo era meu filho.

— Então continue achando que não sou... Aliás, o que te faz crer agora que eu sou? Fez algum teste de DNA sobrenatural?

— Lim, meu filho...

— NÃO ME CHAMA ASSIM! VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO, NUNCA TEVE. — O grito saiu rasgando a minha garganta.

Quando deu alguns passos na minha direção, tentei me teletransportar, mas não consegui. Estava sem meus poderes? Tentei novamente e nada...

— Imperatriz... Eu te odeio. — Pensei.

— Me escute por favor, eu sei que nada do que disser agora vai aplacar a sua dor ou curar seu coração, mas eu me arrependo muito das minhas escolhas e de ter abandonado meu único filho.

— Tarde de mais.

— Eu sei...

— Eu não quero te escutar. Sua voz em irrita. — Me ajoelhei no chão, cobrindo os ouvidos com as mãos. — Ver você, te ouvir, saber agora quem você é está sendo pior do que quando vivia no escuro. — O olhei ainda com as mãos no ouvido. — Eu não consigo nem descrever o que estou sentindo, só que dói. E dói muito.

As palavras saiam carregadas de raiva e mágoa há muito contida.

Ajoelhou na minha frente, sentando sobre os joelhos. As mãos nas coxas.

— Liberte-se disso que eu te causei, devolvendo tudo. Eu aguento...

— Você acha que duas ou três palavras vai mudar tudo?

— Eu não quero que mude, eu quero é te ajudar. Tenho essa dívida com você.

— Eu não preciso da sua ajuda, quando realmente eu precisei de você, você não estava por perto. Eu sempre quis ter um pai, sentir o que é ter a proteção e o amor de um, mas meu único Porto seguro era minha mãe... Por que você estava por aí sentindo vergonha do passado de alguém, como se não tivesse um também. O vazio que você deixou em mim, nada absolutamente nada, preenche porque quando eu mais precisei eu continuava só.

Motivos para o Amanhã ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora