Capítulo 21

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— Imperatriz...

A reverenciei.

— Senhor Park... Estou surpresa de te ver por aqui.

Ela parou de regar as plantas e virou na minha direção, me olhando bem no fundo dos olhos.

— Por favor, sente-se.

— Não quero, vim apenas te fazer uma pergunta.

— Então faça...

Ela sentou-se cruzou as pernas e em sua pose majestosa me olhava e analisava.

— Senhora, me perdoe se estiver sendo incoveniente. Mas, como a senhora diz que já foi humana antes de tornar-se a deusa suprema e que entende os desesperos e dores humanos, mas de todos os pecados o maior castigo é para quem comete suicídio? Acho que após tanto tempo odiando suicidas sem saber o real motivo, pois não lembrava da minha esposa, eu entendo que quem se joga de um abismo, não faz isso sozinho. Por que só eles pagam um preço tão alto? Se foi humana, por que faz isso?

A imperatriz deu um meio sorriso enigmático. Não consegui a decifrar ou analisar.

— Park Joong-gil, o caminho até a divindade não é fácil, ser humano não é fácil também, mas ser um humano que foi escolhido para ser o que sou hoje, também não é. Mas, todos os humanos tem livre arbítrio e somente eles individualmente pode decidir os caminhos que sua vida terá. Como você mesmo já disse uma vez, cabe ao ser humano aguentar as dores e situações difíceis. Ora, agora suicídio também deixou de ser uma forma de assassinato na sua opinião, só por que lembrou-se da Ryon-Ah?

Eu não soube o que responder, apenas respirei fundo e engoli a saliva que se formou em minha boca.

— Agora parece injusto por que aconteceu com você? Por que você realmente não fez nada para ajudar a "sua esposa"? Por que você teve opções na época, que não fosse a série de assassinatos que você cometeu, querendo e matando quem falava mal dela ou inventavam fofocas...

Abaixei a cabeça, sentindo pedras em minha garganta.

— Me responda, Park Joong-gil, por que você não tomou atitudes que não fizessem a Ryeon se sentir ainda mais culpada, visto que você era o único porto dela?

— Está dizendo então que realmente foi culpa minha?

— É o que você acha? Eu te fiz uma pergunta, por que não me responde diretamente ao invés de ficar fazendo mais perguntas e jogando a responsabilidade para mim?

Coloquei as mãos no bolso e fui até a janela, observando o jardim principal da Imperatriz.

Encostei meu corpo e cabeça na parede, sentido-a me observar o tempo todo, calmamente.

— Olhando para a sua história, da Ryeon e de todos os casos de suicido que ela trabalhou nos últimos anos, de quem você acha que realmente é a culpa quando alguém se mata?

Pensei por um momento na resposta. Refletindo de verdade em tudo.

— De todos. — Falei após algum tempo. — De quem estava perto e não ajudou, de quem empurrou a pessoa para a beira do precipício e da pessoa que pulou sem pensar, sem reagir, se deixando ser guiada pelas ações de outros.

Admitir não foi muito fácil. Assim como os hipócritas daquela cidade e daquela época, eu também contribui para a morte da Hyon-Ah.

— Você acha que eu ainda fui injusta com ela e que todos ao redor dela também não pagou por terem contribuído?

Eu não respondi.

A imperatriz começou a se aproximar de mim.

— De todas as pessoas ao decorrer desses milênios, que se suicidaram, a Hyon-Ah foi a única que foi tirada do inferno para ter uma segunda chance onde ela poderia salvar vidas e a si mesma e ainda sim, está ao seu lado. Como você pode dizer que fui injusta ou que sou injusta com relação a cobrança pelos atos ainda em vida, dos humanos?

Motivos para o Amanhã ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora