Capítulo 26

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— Por que você estava fujindo de mim, quando eu fui clara sobre a minha ordem?

Finalmente a imperatriz soltou a minha orelha que já estava ardendo e doendo do tanto que ela puxou.

— Aí... — Massageei a orelha.

— Senhor Lim, sente-se por favor

Obedeci. A imperatriz ficou parada na minha frente, me observando.

— Senhor Lim, eu estava cuidando daquela criança, mas estava te observando... — Agora me olhava pensativa, com a mão no queixo. — Está na sua hora...

— Hora de que?

Ela sentou-se ao meu lado.

— Lim, por que esse caso mexeu tanto com você?

— Não mexeu comigo eu só me compadeci por ser apenas uma criança. Era para está brincando, crescendo feliz e saudável. Não pensando em suicídio.

A imperatriz levantou uma das sobrancelhas, deixando bem claro que ela não acreditava em mim.

— Tem certeza? Se você não for sincero consigo e comigo, será bem pior para você mais tarde.

— Mas, como assim? A senhora vai me punir por conta de um caso?

— Logico que não, você está achando que eu sou o que? O rei do inferno? Eu estou aqui para cuidar de vocês.

Eu realmente estava com medo, algo dentro de mim me dizia que eu teria dias sombrios, embora nada na imperatriz transparecesse isso, o que me deixou extremamente confuso.

— Aí, aí... Criança. Você ainda tem algo dentro de você que não está resolvido.

Colocou sua mão sob o local onde fica meu coração e senti algo estranho tomando conta de mim, um mix de sentimentos que eu não conseguia descrever.

— O que a senhora quer de mim?

— A verdade.

— Sobre o que? Eu nunca menti em nada para a senhora...

— Não é para mim que você está mentindo, é para você.

— Desculpe...

Sem que eu esperasse a imperatriz me abraçou.

— Apenas fique aqui... Senhor Lim. Me abrace e relaxe. Incluindo a sua mente.

— Mas...

— E calado, senhor Lim. Apenas sinta você mesmo...

Sentir o que, Meu Deus? Eu não tinha muita saída, então apenas fechei os olhos e deixei o ar dos meus pulmões, sair.

— Isso, criança... — Dava tapinhas nas minhas costas. — Por que você clamou meu nome naquela floresta, enquanto o garotinho orava? Pense bem, nisso.

Eu estava me esforçando muito para não lembrar desse caso, nem para sentir o que senti, mas a imperatriz não ajuda.

Fechei novamente meus olhos após abri-los no momento em que ela fez a pergunta e tudo o que vinha em minha mente era imagens da minha vida vivendo  e crescendo sozinho por que a minha mãe me abandonou quando cometeu suicídio. Eu já a havia perdoado, afinal eu contribui para a morte dela ao dizer aquelas palavras horríveis,  o que eu não tinha era me perdoado e esquecido a sensação de abandono.

— Não resista, senhor Lim.

Minha respiração se alterou e comecei a ficar ofegante. Os olhos arderem e a garganta travar, parecia ter algo bem no meio dela.

Motivos para o Amanhã ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora