Capítulo 36

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— Se acha que irá se sentir melhor me atacando, por favor continue senhor Lim.

A Imperatriz me olhava séria.

— Eu não aguento mais... — Sussurrei, antes de cair de joelhos no chão, cobrindo o rosto com as mãos. — Está doendo de maneiras que não sei como explicar.

— Você nem tanta, gerente Lim. Tem tanto medo de encarar isso, que vive dizendo que não consegue explicar. Apenas tente, ou vai querer que eu traga seu pai aqui novamente para te ajudar?

Estava com o corpo tão encurvado que minha cabeça e mãos encostavam quase no joelho.

Após algum tempo reunindo o máximo de força que consegui, eu me levantei, sob o olhar intenso da Imperatriz.

— A senhora mexeu com uma ferida que estava muito aberta ainda, doendo muito. Eu não estava preparado para conhecê-lo, eu não queria conhecer ou ver a cara de quem me abandonou e abandonou a minha mãe... De saber que um dos meus maiores pesadelos tinham um rosto e agora eu sei qual é.

Meus olhos ardiam, minha garganta parecia cheia de Pedras e uma dor forte em meu peito me sufocava.

— Ouvir as desculpas dele, sentir ele me tocar, foi pior do que viver no escuro todos esses séculos. Isso me destruiu por dentro.

A todo momento ela apenas me olhava calada e com semblante inexpressivo.

— Eu queria viver no escuro, para não doer mais do que doía. Agora sempre irei lembrar do rosto dele, da voz e de que ele sabia de tudo, mas nunca fez nada. Agora eu me sinto ainda mais sozinho e abandonado novamente... Você traiu a minha confiança... E eu te odeio por isso...

Ela me olhou com a expressão de quem dizia: " Eu conheço esse jogo e não caio nisso"

— Não tem problema que me odeie, eu aguento o seu ódio.

Peguei sua mão e me ajoelhei novamente com a cabeça baixa, chorando como nunca pensei conseguir chorar em minha vida.

— Me desculpe. Eu estou muito magoado e ferido, tudo que eu queria era o amor o cuidado e a proteção dele e nunca tive, e o vazio se mostrou muito maior do que eu pensava ser... E absolutamente ninguém consegue preencher esse vazio, mesmo eu te vendo como uma mãe aqui, continua faltando algo... Quando o conheci, uma parte de mim desejou e teve esperança de ter esse algo, só que eu não quero sofrer mais.

Ainda segurando na minha mão, a Imperatriz ajoelhou-se ao meu lado com a mão em torno da minha cintura me abraçando.

— Talvez eu não estivesse conseguindo salvar aquela criança, porque no fundo eu entendia a dor tão profunda que ela sentia e que eu estou sentindo nesse momento, que se eu pudesse eu faria o mesmo.

As palavras saíram rasgando a minha garganta, porém tirando um peso enorme de dentro de mim ou uma parte dele.

Deitei minha cabeça no ombro da Imperatriz que respirou aliviada.

— Me desculpa se estou parecendo egoísta, eu só não sei o que fazer, nunca soube com relação a isso.

— Está tudo bem, agora. Eu não estou aqui para te julgar e sim te ajudar.

— Nada preenche ou substitui o vazio que um pai deixa ao abandonar seu filho. E vendo toda aquelas pessoas e crianças querendo tirar a própria vida por não saber lidar com uma dor tão intensa, me fez perceber que no fundou, eu queria fazer o mesmo só nunca tive coragem. Principalmente Depois que minha mãe morreu... Eu queria ajudar aquelas pessoas, mas eu não estava conseguindo sem a sua ajuda, porque eu mesmo não consegui me ajudar todos esses anos... Desculpa.

Motivos para o Amanhã ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora