Capítulo 30

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— Ah, Joong-gil... Eu estava com saudades disso.

Ela me abraçou, visivelmente mais relaxada. Tirei as cobertas de cima do dos nossos rostos, deixando-as abaixo do braço.

— Eu tinha esquecido como isso é bom, senhor Park.

Sorrindo, me beijou. Fechei o livro e coloquei na cômoda ao lado... A Ryeon sempre amou os livros e na nossa época era um das poucas que sabia ler , escrever e tinha bastante conhecimento sobre tudo. Ela amava, ficar horas comigo embaixo das cobertas, lendo encenando e comentando sobre o que líamos.

— Você está mas calma?

— Sim...

Nem percebemos quando amanheceu.  Olhei o relógio ao lado...

— Ainda de tempo dormir um pouco, antes de irmos trabalhar.

— Não estou com sono, mas quero ficar um pouco mais assim com você.

— Então fica.

Ryon-Ah deitou a cabeça no meu peito, pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos. Passamos um bom tempo em silêncio, ela perdida em seus pensamentos e eu a observando e mexendo em seu cabelo.

— Hyon-Ah...?

— Hum?

— Por que decidiu usar o cabelo dessa cor?

Ela me olhou.

— Por sua causa. Eu sempre guardei comigo boas lembranças nossas e uma delas era de você passando aquela sombra vermelha em mim e dizendo que combinava comigo.

— E combina... Tanto vermelho quanto o rosa, caem perfeitamente em você.

Seus olhos, ou melhor, suas pálpebras estavam lindas com a sombra vermelha em um tom claro, quase chegando ao rosa.

— Tenta dormir um pouco, querida. Não quero te ver exausta... Seu setor é o mais desgastante que tem.

— Não está totalmente errado. Eu lido com o lado mais fraco, obscuro e frágil do ser humano... É difícil para mim as vezes, mesmo os entendendo muito bem. Tem dias que se eu realmente pudesse, não faria esse trabalho, mesmo que eu goste de ajudar outros. De salvar vidas...

Eu a abracei mais forte, passando a mão na sua costa.

— Eu te amo, você é a pessoa mais forte que eu conheço, Hyon-Ah... E a mais empática também.

Ela respirou fundo, se ajeitou na cama, deixando seu rosto no meu pescoço. Ouvindo e sentindo sua respiração tão próximo e que aos poucos foi relaxando, eu dormi, após ver que ela havia dormido.

                           ******

— Senhora...

Joong-gil e eu cumprimentamos a imperatriz, que parou alguns segundos de assinar alguns papéis para nos olhar.

— Está mais calma, Ryeon? — Voltou a assinar os papéis.

— Sim. Me perdoe imperatriz, não era minha real intenção fazer algo tão fora da minha realidade e de quem eu realmente sou. Eu agi por impulso, movida por sentimentos que eu achei ter superado.

Me curvei. Ao olha-la, continuava na mesma posição, apenas suspirou.

— O que pretendia fazer se o senhor Park não tivesse chego a tempo?

— Por mais que fosse difícil, eu teria parado. A senhora sabe que eu não sou nenhuma assassina, não tiraria a vida de ninguém de maneira banal. Só se eu precisasse me defender e isso seria em último caso.

Motivos para o Amanhã ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora