Capítulo 29

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— Ryon-Ah...

Ela me olhou séria.

— Achei que você já tivesse superado isso, o que aconteceu?

Com as mãos no bolso passou um bom tempo me analisando e parecia estar com o pensamento longe.

— Hyon-Ah...

Ela suspirou, tirou as mãos do bolso e me abraçou.

— Você poderia ter se prejudicado bastante, se tivesse continuado com essa linha de "trabalho" por mais que pareça difícil e que realmente seja, não cabe a nós julgar e torturar humanos... Só em casos muito específicos. O máximo que nos foi dado foi a punição em casos como estupro e suicídio.

— Eu sei, Park Joong-gil.

— E ele está certo.

A Imperatriz apareceu no surpreendendo.

— Goo Ryeon, você tem consciência da linha que você quase ultrapassou? Você poderia tê-la matado e você sabe o que acontece quando um ceifador tirar a vida de um humano.

— Desculpe, não vai mais acontecer.

— Só que simplesmente isso não pode ficar assim. Você descumpriu uma regra muito importante e colocou a vida de um humano em risco, o julgamento que você fez não cabe a você. Por mais que ambas tenham tido um passado.

— Eu salvei a vida dela. Fiz o meu trabalho.

— Você brincou com a vida dela.

Ryon-Ah ficou de frente para a imperatriz e se curvou.

— Aceito a sua punição. Estou acostumada com punições e castigos.

A Imperatriz balançou a cabeça em desaprovação e um pouco de desânimo.

— Ryon-Ah, eu vou pensar no que eu vou fazer com você, mas por hora eu tenho uma criança que eu preciso pegar.

Assim que terminou de falar isso o senhor lim passou correndo entre a gente gritando desesperado.

— Senhora imperatriz, eu faço o que quiser, mas me deixa voltar para a senhora Goo...

— Por não está fazendo o que deve ser feito é que você não vai voltar.

E A IMPERATRIZ DE JADE, simplesmente saiu correndo atrás do gerente Lim, pareciam duas crianças e chegou a ser cômico. Até a Ryon sorriu.

— Minha querida, vamos sair um pouco. Você parece está precisando de uma bebida.

— Estou.

A levei até Seul e sentamos em uma dessas tendas, pedi algumas garrafas de Soju que ela começou a virar como se fosse água.

— Vai com calma, Ryeon. Eu estou aqui, converse comigo... — Tomei a garrafa. — Lembra do que conversamos e prometemos um ao outro? A falha de comunicação no passado resultou em tragédia para nós dois.

Seus olhos marejaram. Era algo muito raro ver a Ryeon chorar, era mais fácil ela extravasar a raiva dela batendo em alguém e esse alguém poderia facilmente ser eu, atualmente, do que chorando.

— Eu realmente tinha a esquecido até a ver. De todos, ela foi a que começou tudo e simplesmente não pagou... Ou eu achei que não tivesse pago, mas parando para pensar agora, o castigo dela veio em vida. Várias reencarnações sozinha, terminando só em seu leito de morte é algo horrível, sem ninguém ao menos para velar. Eu me deixei levar pela raiva e quase perdi o controle...

— Realmente... Quase você comete o mesmo erro de deixar alguém brincar com tuas emoções.

— Desculpa.

Eu que estava sentado de frente para ela, me sentei ao lado dela e a abracei.

— Por que ficou tão a beira de um descontrole total?

— Eu não sei por que, Joong-gil, mas o sentimento ruim de injustiça que eu sentia séculos atrás, voltou.  — Ela me olhou séria. — Eu realmente superei isso, o que eu não estou entendendo é como um sentimento que não existe mais, simplesmente volta assim?

— Você parecia outra pessoa... Não era a Ryeon que eu conheço que estava ali.

— Quem você viu foi alguém moldada pelo inferno, pela culpa e ódio... Alguém que eu tinha deixado de ser quando a imperatriz me tirou dea e me deu uma segunda chance. Quando eu comecei meu processo de cura, não era mais assim.

Limpei seu rosto.

— Eu não gostei de sentir isso de novo, foi muito ruim. Me senti péssima depois e ainda estou me sentindo.

Ryon-Ah deitou a cabeça entre meu ombro e meu peito, encostando o rosto no meu pescoço. Pude sentir sua respiração pesada...

Fiquei em silêncio por um tempo, até que... Minha camisa começou a ficar molhada em algumas partes.

— Do que é que você está com medo, Ryon?

— De voltar a estaca zero. Voltar onde tudo começou e desandou... Eu juro que não queria brincar assim com a vida dela Park Joong-gil... Eu não sou assim, mesmo que a pessoa me magoe a ponto de eu me machucar para mão machucar outros.

— Eu sei...

Isso também me assustou bastante, ouvi-la falar assim me lembrou a época do incidente.

— Qualquer coisa de ruim que você esteja sentindo ou querendo fazer, por favor me fala. Eu não vou te julgar, agora entendo você e sua dor. Me permita saber Hyon-Ah...

Ela respirou profundamente...

— Está certo.

Passamos mais um bom tempo em silêncio total, apenas abraçados sentindo as vibrações um do outro.

— Eu preciso consertar isso que eu fiz.

— Melhor deixar como está Ryeon, a imperatriz já está muito chateada com você... Talvez só piore a situação. Ela parece está tendo muito trabalho com o senhor Lim, que por sinal, estou bem curioso com relação a essa transferência repentina dele.

— Então somos dois. E ele ter dito "vocês também" quando viu o cordão verde entre você eu, está me deixando ainda mais curiosa. Tem outra pessoa ligada por um cordão da mesma cor? Agora quem?

— Tem relação com esse caso que trabalharam juntos, mas nada que a imperatriz coloca as mãos pessoalmente fica visível, então os arquivos estão trancados, eu já olhei. Ou tentei... E o Lim nuca consegue ficar perto da gente, está sempre fugindo dela... Pelo menos as filhas estão divertidas de se ver.

Ryeon riu. Voltando a sentar corretamente, segurou minhas mãos.

— Eu preciso ir, hoje é uma daquelas noites que eu preciso voltar ao inferno.

Pensar nela sendo torturada me deu raiva e medo ao mesmo tempo.

— Você não vai... Vai ficar na minha casa e nem mesmo ele pode te tirar de lá...

— Joong-gil, não se meta em problemas por minha causa.

— Não estou. Você não pode ser mais torturada... Seu castigo acabou quando esse fio nos uniu. Nova vida, esqueceu....?

As peças pareceram se juntar na cabeça dela e um leve sorriso se formou em seus lábios.

— Obrigada... Hoje eu só quero ser cuidada por você, meu marido.

Senti um arrepio em meu corpo ao ouvi-la me chamando assim.

A beijei movido pelo desejo e a felicidade do que ouvi sair da sua boca.

— Vamos para casa, Ryeon. Vou te preparar um banho quente e isso vai te ajudar a relaxar... Depois vamos deitar e ficar debaixo das cobertas fazendo algo que há séculos não fazemos.

Ela me olhou pensativa por um tempo, até que lembrou e riu.

— Ah, eu quero sim. Preciso muito...

Motivos para o Amanhã ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora