Capítulo 32

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— Senhora Goo... Me faz esquecer, por favor.

Ela estava sentada na beira da escada, os joelhos perto do rosto e as mãos cobrindo os ouvidos.

— Me desculpe Hyolin, eu não posso.

Sentei ao seu lado, tocando sua mão e fazendo a mulher a minha frente olhar para mim.

— Estou pedida de usar meus poderes, temporariamente. — Mostrei a ela o que havia em meu pulso. — Eu agi por impulso, movida por sentimentos antigos, não era minha intenção brincar desta maneira com você. Eu estou aqui para salvar vidas, não as destruir.

— Eu simplesmente não consigo esquecer, eu realmente só queria poder morrer agora e esquecer.

— Você não vai esquecer só por que morreu, vai é se sentir pior. Acredite em mim... Terá que aprender a conviver com isso, as memórias, lembranças dolorosas, a dor, culpa... Não é impossível, só um pouco difícil.

— No fim, você conseguiu sua vingança.

Me olhava com raiva.

— Eu nunca quis vingança... Eu cometi um erro.

— Eu também e olha o preço que estou pagando.

Toquei o cabelo dela, engolindo a saliva, que mas parecia pedra.

— Eu vou te ajudar a externar isso sem se prejudicar. Eu vou te ajudar a ver o quão bela a vida pode ser e os vários motivos que você tem para continuar.

Levantei e ofereci minha mão para que a segurasse.

— Eu quero te mostrar algumas coisas...

— Eu não quero sair de casa.

— Mas, vai.

Basicamente tive que ordenar. Como ela não se moveu, eu mesma peguei em seu pulso e a tirei de casa contra a vontade dela.

— Você continua brincando comigo...

— Agora eu estou fazendo meu trabalho de maneira correta.

A levei para um park familiar um pouco afastado de Seul, local esse que famílias costumam fazer passeios, piqueniques e brincar com seus cachorros. E estava extremamente movimentado, de pessoas e de animais que corriam de um lado para outro brincando entre si ou com seus donos.

— Eu não conhecia esse local.

— Eu imaginei que não. Apenas fique em silêncio e observe.

Sentamos em um banco bem centralizado. Mesmo parecendo destruída, com a mente longe, ela observava tudo. Principalmente os cachorros.

Após algum tempo, ela fechou os olhos e respirou fundo.

— Naquela época, Hyolin. Você tinha vontade de fazer algo? Algum sonho, desejo que não realizou?

Ela pensou um momento, então me olhou.

—Ser livre. Ser corajosa, capaz de tudo, assim como você.

Envergonhada de ter que admitir isso, voltou a olhar o movimento do Park.

—E o que te impediu naquela época?

— Justamente a época. Medo de não aguentar e acabar que nem você... — Me olhou. — Morta.

— E agora, olhando bem para todas as vidas que você teve, embora no momento possa parecer uma maldição, mas você está tendo o poder de ver tudo por completo e mudar os erros, o que você tanto desejou que não conseguiu?

Ela cruzou os braços, olhar vagou e parecia estar em uma análise interna bem profunda. Eu tinha todo tempo do mundo, então apenas esperei e não invadi o espaço dela.

Motivos para o Amanhã ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora