Capítulo 14

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— Park Joong-gil...

Com um tom de voz muito maternal, a imperatriz sentou-se ao meu lado e colocou a mão em minhas costas. Eu achei que viria alguma punição ou bronca, mas pelo contrário, senti compaixão vindo da parte dela.

— Desculpe invadir seu jardim assim, eu realmente não vi como cheguei aqui.

— Não se preocupe criança, esse jardim é aberto para vocês mesmo. Esse local aqui transmite calma e é comum ver ceifadores aqui caminhando para se acalmarem ou esfriar a cabeça.

— Não puna a Ryeon, estávamos apenas conversando.

— Não estou impedindo ninguém de conversar, afinal vocês trabalham juntos. Nada impede de haver uma boa amizade entre vocês.

Eu a olhei meio cético. Onde ela queria chegar? Qual era o jogo agora?

— Você está com o coração magoado, está confuso é normal que se sinta assim, perdido. Não precisa manter sua pose diante de mim, Park Joong-gil. Deixe esse sentimento ruim sair de você... Eu sei que não irá querer cometer erros. Eu só vim conversar mesmo.

Respirei fundo.

— Eu soube que visitou a sua mãe hoje... Ela está prestes a reencarnar. Mas, não acha que foi rude e pegou pesado de mais com ela?

— Não. O que ela fez comigo foi bem pior. E ainda mais com a Ryon... Ela passou por um inferno na terra, não merecia aquilo, sentir-se desamparada dentro de casa, ser traída desta forma para deste lado sofrer ainda mais no inferno. Eu não consigo perdoa-la.

— Só que sua mãe já pagou por seus erros, não precisava de outra punição ainda em vida.

A olhei sério.

— Imperatriz, você realmente entende o quão horrível um ser humano pode ser? Ou o desespero que ele pode chegar ou fazer outro chegar?

— Sim.

— Em qual momento da sua vida, você sentiu na pela o que é ser humano?

Ela me olhou de maneira meiga e carinhosa, então com um sorriso emblemático me respondeu.

— Quando eu fui humana há muitos anos atrás... Milhares de anos... Eu não nasci deusa, eu me tornei uma. E minha tribulação e testes não foram nada fáceis. Se eu cheguei aonde cheguei agora, eu passei por muita coisa e adquirindo muita sabedoria durante a caminhada. Eu presencio o caos humano há séculos e isso me dói também, mas eu faço o que é preciso fazer. E com o tempo, eu aprendi que cada um tem um fardo a carregar e muito o que aprender, não importa quantas vidas tenha que viver... Em todas ela eles sempre irão errar, magoar e serem magoados. Com sua mãe não foi diferente.

— E daí? Não há desculpa para uma assassinato tão horrível como levar alguém a seu extremo e ela cometer suicídio... Se minha mãe tivesse matado a Ryon de maneira direta, hoje eu ainda estaria com a Ryon, mas a covardia foi tão grande que o nosso destino foi destruído.

— Você está querendo encontrar culpado para algo que no fim, foi uma decisão da própria Ryeon. Sua mãe teve a parcela de culpa dela? Teve, mas a decisão final era da Goo Ryeon. A vida era dela e só ela podia decidir como acabava e infelizmente ela não aguentou a dor e se entregou.

Eu senti um mix de sentimentos me invadirem com essa frase dela, sem saber o que sentia e como expressar, acabou saindo por meus olhos e forma de lágrimas. Cobri o rosto com a mão, tentando em vão me esconder.

— Ser humano é realmente conflitante, confuso, doloroso, e as vezes insuportável. Mas, sempre há um motivo para continuar, basta saber olhar além da cortina de dor. Não é fácil, mas não é impossível.

Motivos para o Amanhã ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora