Continuação da história "Menina Veneno", disponível no perfil. Boa leitura <3
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Giovanna
31 de janeiro de 2034 (10 anos depois)
Olhar o horizonte pela janela do avião tem se tornado uma das minhas coisas favoritas do mundo, me faz viajar para tempos mais fáceis. Para uma época onde eu poderia ser mais fácil, sem tantas cobranças, sem tantas responsabilidades.
Em especial, voltaria há 7 anos, o momento exato em que a minha vida se tornou o que ela é hoje. Culpa de atitudes de uma jovem Giovanna que só queria se dar bem na vida, construir uma carreira consolidada.
Não me arrependo das escolhas que fiz, principalmente porque me trouxeram frutos que eu jamais poderia cogitar me arrepender de ter colhido. Mas não podia negar que eram tempos mais fáceis.
Me mudei para Madrid assim que me formei na UERJ, com a proposta dos sonhos na mão, com o brilho nos olhos de quem tinha chegado lá. Porém, tive que deixar uma vida de sonhos pra trás, uma vida que eu amava viver.
Uma pessoa que eu amava amar.
Ele foi a primeira pessoa a me apoiar quando recebi a proposta, me incentivou até o último segundo, mesmo que a distância fosse machucar. Ele sempre foi uma peça rara, e eu nunca entendi muito bem como o destino conseguiu ser tão injusto com a gente.
Nós tentamos por mais de um ano manter esse relacionamento, mas estamos falando de 8.140 km que nos separavam dia após dia. Na sua última visita, tivemos uma conversa mais séria do que deveríamos ter naquelas condições.
Foi o nosso ponto final.
Nós sempre fomos intensos demais para manter um relacionamento onde nos víamos apenas três vezes ao ano por alguns poucos dias, era mais doloroso do que qualquer coisa. Foi a decisão mais inteligente, mas também a que mais doeu.
Sofri, chorei, esperneei. Pensava em mandar mensagens todos os dias, queria ele comigo por todas as horas. Mas sabia que ele não podia abrir mão de tudo por um sonho que era meu, e ele tinha os dele também. O mundo não nos fez egoístas a esse ponto.
Aos poucos as coisas foram se encaixando e eu acabei me envolvendo em um problema maior do que poderia lidar, resultando em um casamento no qual eu não amava o meu marido. Mais uma vez o destino tinha me dado uma punhalada nas costas e me deixado viver algo que eu não esperava viver.
Porém, nem tudo desse casamento foi ruim, mas darei mais atenção a isso em outro momento.
30 anos, um casamento fracassado, 7 anos longe da minha família, algumas boas amizades encontradas no caminho e 6 anos e alguns meses longe do único homem que eu amei nessa vida.
— Cuida dele pra mim, em cinco dias eu estou voltando.
Me recordei da minha conversa com quem tinha se tornado a melhor amiga que eu poderia ter encontrado durante esse processo doloroso, Tainá. O mais chocante é que ela tinha topado voltar para o Brasil junto comigo sem pestanejar, bem aquelas amigas pau para toda obra.
