Nunca me esqueço, no fundo, ainda brilha a mesma noite no alto de um prédio, vendo a cidade por cima
Super - JãoLá estava eu, outra vez. Que fofinho...
— Maldito aeroporto. — Murmurei, esfregando as mãos uma na outra.
Eu não sei porque estava tão mal-humorada. Afinal, estava nevando. A primeira neve do inverno. E claro que eu estava fotografando de novo, dessa vez focando nas janelas.
— Oi. — Anna disse, surgindo atrás de mim.
— E aí, De Luca? — Murmurei, observando-a. Ela usava uma calça legging, uma camiseta de banda bem larga, batendo no meio das coxas, e um moletom de zíper aberto do mesmo tamanho da camisa. Nos pés, All Star brancos surrados. Seu cabelo estava solto. Parecia cansada. — Tudo bem?
— Sim. E você?
— Bem também.
Ficamos caladas, observando uma à outra. O peso de tudo que admiti para ela no Natal de repente pesou nos meus ombros.
Não tinha parado para pensar em como lidaria com aquilo. Ninguém sabia sobre aquela parte de minha vida, além de Thomas, e eu não hesitei nem por um segundo em contar para Anna. E ela me ajudou.
— Eii... — Ela estalou os dedos na frente do meu rosto, me trazendo de volta à realidade. — Tem certeza que tá tudo bem?
Pisquei algumas vezes, balançando a cabeça devagar.
— Tenho, sim. Só tô meio distraída, desculpa.
— Tudo bem. Vamos só pegar minha mala e depois vamos embora, tá?
— Beleza. — Enganchei o braço ao seu e, enquanto andávamos até a esteira de malas, completei: — Sei que você tá cansada.
— Tá tão óbvio assim? — Ela peguntou, rindo.
— Mais ou menos.
— Foi uma semana complicada.
— De boa. É... teria problema se você dormisse na minha casa? — Perguntei. Anna me observou, curiosa, enquanto eu mordia o lábio. — É porque... como vamos sair mais tarde, pensei que seria mais fácil se você dormisse lá. Mas você provavelmente vai querer dormir na sua própria cama depois de uma viagem longa e...
— Não tem problema. — Ela me interrompeu. — Realmemte fica mais fácil pra nós duas, e eu tenho tudo que posso precisar na mala.
— Tem certeza?
Ela assentiu quando uma mala marfim com desenhos de pequenos pêssegos surgiu no meu campo de visão. Cutuquei Anna com o cotovelo.
— É aquela ali, né?
— Sem zoar com a minha mala, poxa. — Ela disse, fazendo biquinho. Se esticou para pegar a mala, mas eu fui mais rápida, puxando-a sem esforço nenhum.
— Vamos? — Chamei, levando a mala, mas Anna me observava embasbacada.
— Como você consegue ser tão forte?
— Traumas da adolescência e academia seis vezes na semana. — Respondi, com uma piscadinha, já seguindo para o estacionamento.
— Eu tô falando sério. — Ela disse, quando já estávamos dentro do carro.
— Eu também. — Virei o rosto na sua direção, vendo seus olhos examinando meu rosto. Inclinei a cabeça, séria.
Ela engoliu em seco, virando o rosto para a janela, e eu saí do estacionamento em silêncio.
Na metade do caminho, percebi que a respiração de Anna ficou mais suave. Ela estava ressonando baixinho, na verdade. Desviei os olhos da estrada apenas para encontrar ela dormindo, abraçando o próprio corpo.
Falei que ela estava cansada.
Não demorei muito para chegar até o prédio. Quando estacionei o carro, me virei para Anna para acordá-la, e paralisei.
Um dos braços estava em cima da barriga, e uma das pernas dobrada em cima do banco. Seu cabelo caía sobre o ombro. A mão esquerda estava jogada no colo, revelando um pequeno desenho no dedo médio.
Com cuidado, peguei sua mão e analisei a tatuagem. Era um coração, vermelho bordô contornado com preto. Era muito detalhado para um desenho tão pequeno, mas estava muito perfeito.
— O que foi? — Anna perguntou, de repente acordada. Levei um susto, praticamente pulei enquanto apertava seus dedos sem querer.
— Ah, meu Deus! — Exclamei, sentindo meu coração acelerado. — Desculpa. Eu tava olhando sua tatuagem, mas não devia ter te tocado sem sua permissão, foi mal.
Ela não respondeu, só continuou me observando com o olhar indecifrável por trás daqueles óculos que só a deixavam mais linda.
— Não tem problema. — Ela murmurou, por fim. — É só uma tatuagem.
Sem nem perceber, desci o olhar para sua boca. Aqueles lábios perfeitos que pareciam ter sido esculpidos, tão rosados...
Tarde demais, percebi que ainda segurava seus dedos e encarava sua boca sem vergonha nenhuma. Sentindo minhas bochechas esquentarem, soltei sua mão e saí do carro, engolindo em seco. Corri para pegar sua mala e a encontrei ao lado do carro, quase caindo de sono.
— É melhor a gente subir antes que você desmaie de sono.
Ela riu baixinho, me seguindo até o elevador.
Subimos até o meu andar em silêncio, enquanto eu sentia meu rosto chegar à temperatura do sol.
Quando ela viu só uma porta no corredor, me olhou surpresa.
— O andar é todo seu? — Ela perguntou, embasbacada. — Não, espera, deixa eu reformular... a cobertura é toda sua?
— Uhum. — Abri a porta, puxando sua mala.
O choque total tomou conta do rosto de Anna quando ela viu o apartamento inteiro.
Deixei-a entrar, observando enquanto ela absorvia tudo.
— Você tem um piano. E uma Fender Stratocaster. — Anna estava inexpressiva, soltando frases aleatórias. — Essa é aquela guitarra que o Jimi Hendrix tocava, não é?
— É, sim. Mas eu já tinha te dito que tocava.
— Meu Deus. Não sabia que você era tão rica assim.
— Eu não sou rica. — Murmurei, já indo em direção às escadas. — Vem, vou te mostrar o quarto.
Subimos em silêncio. Mostrei a ela onde ficava o quarto e o banheiro, então fui para o meu quarto.
Lá dentro, tranquei a porta e tomei um banho bem frio.
E me preparei, porque o resto da noite seria complicado.
- - - - - • - - - - -
Oiiiiiii gente! Como vai a vida? Sei que demorei mais que tenho demorado atualmente pra postar esse capítulo, mas eu tava meio empacada numa parte, mas tá aí e é isso que importa. Esse capítulo ficou menor que os outros e, sim, eu demorei uma semana pra escrever esse capítulo chinfrim, mas é o que temos, e acho (ACHO) que o próximo capítulo não vai ser narrado pela Anna, e sim pela Sam outra vez. Enfim, não esquece de deixar a estrelinha se você gostou, adicionar à biblioteca para receber os próximos capítulos e compartilhar com seus amigos. Até o próximo capítulo, tchau tchau!!
– Yorkie 🥀
VOCÊ ESTÁ LENDO
more than expected - S&A
RomanceAnna De Luca, em um domingo a noite, vai em uma festa e conhece uma morena misteriosa, com uma personalidade incrível e um beijo melhor ainda. No entanto, dias depois, ela começa a dar aula em uma escola nova, e encontra a tal morena. Só não contava...